terça-feira, 3 de maio de 2016

Quando morre um cajueiro!!! Helio Martins



O cajueiro Lourival Rodrigues já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha adolescência/juventude: belo, imenso como todo bom cajueiro. Agora, vem uma notícia dizendo que ele caiu. 

Eu me lembro dos outros cajueiros; e morreram há muito mais tempo (Juciene, Valderez, Raimundo, Deusdete) e, com certeza, têm mais amigos/as de luta e caminhada que se juntaram no céu. 
Eu me lembro bem de vários encontros pastorais, seminários, formação, assembleias das diversas pastorais de juventude do nosso Brasil. 

Lembro-me o quão tão doce era estar ao lado desse cajueiro. A sua sobra nos serviu de orientação por toda a vida. Lembro-me das parcerias firmadas e do seu sorriso feito sol a brilhar no fim de tarde. Lembro-me também dos seus posicionamentos firmes e de sua bravura para lidar com interesses de nossa juventude. Lembro-me do seu carinho e de sua preocupação com a vida da gente (amores, relacionamentos ...). Tudo agora sumiu; mas o imenso cajueiro lá do alto é como árvore sagrada a nos proteger. Cada jovem que se aproximou dele ia crescendo, ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado do mundo e da vida. 


Nos últimos dias ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos de amor, amizade, carinho e tremenda vontade de viver. 


A notícia veio até mim por um grande amigo, que dizia que ele caiu numa manhã tranquila e calma; e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado (Coração) de nossa velha casa. Dizem que no dia anterior ele recebeu todos, e a cada um fez um pedido especial. 


O velho cajueiro, o nosso Lourival, o Lori, agora está de algum lugar a olhar por nós. 


Glorifiquemos, pois, nós, a vida desse homem, a nossa árvore amiga e hospitaleira. Nenhum é mais cajueiro que ele. Nenhum acompanhou tão de perto a vida sofrida e violenta da nossa juventude. Ele é, foi e sempre será um cajueiro de bons frutos.


William Bonfim comentou no face
Bela homenagem Hélio Martins! Como as árvores, que um dia encerram seu ciclo produtivo, mas antes disso espalham pelo mundo, graças à polinização, muitos ideais e sementes que também por sua vez renovarão o ciclo da vida na Terra... Um Cajueiro nunca morre, renasce e continua vivo no que semeou... 

Um comentário:

  1. Não me canso de ler esse texto tão motivador, tão sensível e tão sincero como a alma juvenil. Obrigada amigo por traduzir com imaginativa poética o coração dos jovens tão amado e cuidado pelo Lori. Obrigada, obrigada.

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