quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Encontro de Memória e Compromisso com a vida - da CEPA das PJs


O encontro pretende reunir pessoas que pessoas que atuaram nas Pastorais de Juventude. Esta ideia nos chegou de Onivaldo Dyna, Sandra Procópio, Marcio de Oliveira e outros/as amigos/as  para um encontro de partilha e celebração da vida.

O encontro está marcado para janeiro de 2015, nos dias 15 a 20 de janeiro, em Hidrolândia/GO. Os dias 16 a 18 são os dias centrais do encontro. Está aberto para pessoas que participaram das PJs e suas famílias.

O objetivo é partilhar a vida e construir caminhos para uma sociedade do "Bem Viver".

A Casa dos Franciscanos Capuchinhos em Hidrolândia/Goiás é um espaço muito agradável e simples. Muitos espaços verdes, piscinas, espaços para churrasco.

Reserve desde já a sua participação e já faça o depósito de 30% do valor da hospedagem.  A inscrição é feita CLIQUE AQUI E PREENCHA OS DADOS

A mística que nos move está na CEPA que nasce a flor, da flor nasce Maria e de Maria o Salvador. 


Organização: Sandra Procópio, Marcio Oliveira, Carmem Lucia Teixeira, Lourival Rodrigues da Silva e Onivaldo Dyna.

Vagas limitadas

Diária/hospedagem - R$ 110,00 - 16 a 18 cobra-se duas diárias. Crianças até 7 anos não pagam, de 7 a 12 anos, pagam 50%. (incluso no pagamento - hospedagem, alimentação e roupa de cama).

Tragam - um valor para organizarmos  um churrasco e uma cerveja, sucos, refrigerantes...

Pagamento - 30% antecipado e  será depositado na seguinte conta: Banco Bradesco. Agencia 638 / Conta Corrente: 669-6 – o nome que vai aparecer no depósito é ORCAP.

Endereço - Casa de Retiro São Leopoldo Mandic. Rodovia GO 414, Km 1, S/n – C.P. 1 75340-000 – Hidrolândia-GO.  Como chegar - A Rodovia passa ao lado da cidade. Fácil de encontrar a Casa – também conhecido como Seminário ou Casa dos padres. . Quem vai do Sul deve entrar em Goiás por Itumbiara. Chegando em Hidrolândia a Casa está numa entrada principal à Esquerda para quem chega de São Paulo e a direita para quem chega de Goiânia. Na Praça da Bíblia tem ônibus circular para Hidrolândia. 

Na casa tem piscina. Trazer roupas de banho. Tempo de chuvas, porém é calor. 

Nós do Centro de Juventude Cajueiro estamos a disposição para informações sobre o local - centrojuventude@cajueiro.org.br 




Mortes precoces - Frei Betto

Jovens negros sofrem o risco três vezes maior de serem assassinados que brancos da mesma faixa etária
23/09/2014
Por Frei Betto

O Brasil é o 6º país em mortes de jovens no mundo. Aqui eles são mortos pela polícia, por balas “perdidas”, pela guer­ra entre traficantes e por acidentes de moto ou carro. O dado é da UNICEF. Em números absolutos, o Brasil teve, em 2012, mais de 11 mil homicídios de pessoas entre 0 e 19 anos de ida­de, atrás apenas da Nigéria, que teve 13 mil.

Aqui ocorrem 17 assassinatos em cada 100 mil jovens. E 10% das meninas com menos de 19 anos já fizeram sexo for­çado. Em geral, a pedofilia ocorre no próprio âmbito familiar.

A UNICEF pesquisou 190 países. À frente do Brasil em as­sassinatos de jovens estão El Salvador (27/100 mil), Guate­mala (22), Venezuela (20), Haiti (19) e Lesoto (18).

Jovens negros sofrem o risco três vezes maior de serem as­sassinados que brancos da mesma faixa etária. Nossa polícia, com raras exceções, não é treinada para agir sem preconceito racial e com respeito à cidadania dos mais jovens.

Segundo o UNICEF, a violência cresceu “dramaticamen­te” nas grandes cidades brasileiras nos últimos anos. Isso se deve à desigualdade social, ao acesso facilitado às armas de fogo, ao alto consumo de drogas e ao crescimento da popu­lação jovem.

“O homicídio é a primeira causa de morte entre homens de 10 a 19 anos no Brasil, no Panamá, na Venezuela, na Gua­temala, na Colômbia, em El Salvador e Trinidad y Tobago”, afirma o relatório.
Em 1/5 dos assassinatos no mundo as vítimas têm me­nos de 20 anos. Em 2012, essas vítimas precoces somaram 95 mil!

Uma em cada 10 meninas em todo o mundo já sofreu al­gum tipo de ato sexual forçado. Os abusos costumam ser pra­ticados por pais e parentes. E 6, em cada 10 crianças entre 2 e 14 anos, são regularmente agredidas por seus pais. Estes ig­noram que criança surrada tende a ser adulto revoltado, ca­paz inclusive de crimes hediondos.

Entre cada dez adultos, três acreditam que castigos físicos são necessários para criar os filhos. Em 58 países, 17% dos menores sofrem “graves formas de castigos físicos”, índice que sobe para 40% em países como Egito e Iêmen.

É urgente os governos adotarem políticas em relação à violência infantil, que não é normal nem tolerável. Em ju­nho, a presidente Dilma Rousseff sancionou o projeto que criou a Lei da Palmada, para punir adultos que submetam menores a castigos que resultem em sofrimento físico. A lei determina que as crianças sejam educadas sem castigos físi­cos ou “tratamento cruel ou degradante como forma de cor­reção ou educação.”

O relatório do UNICEF, de 206 páginas, indica que cerca de 120 milhões de meninas e adolescentes de menos de 20 anos (ou uma em cada dez) já sofreram violência sexual.

Metade das jovens entre 15 e 19 anos consideram justificá­vel que o marido bata na mulher “em determinadas circuns­tâncias”. A proporção chega a 80% em países como Afega­nistão, Jordânia e Timor Leste. A violência doméstica é en­coberta pelo medo das vítimas de denunciarem o agressor, o que agrava o problema.

Quem bate não ama. Quem abusa é tarado. Quem mata merece cadeia.

Frei Betto é escritor, autor de Alfabetto – autobiografia infantil (Ática), entre outros livros.
Publicado no Jornal Brasil de Fato.jornal Brasil de Fato

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Encantar.... encantamento ... desencantar.... desencantamento

 Hilário Dick, publicou no facebook 15/09/2014.

Nos últimos tempos estou pensando muito no encanto e no desencanto. Procura ser uma observação objetiva, também pensando em juventudes. Aí vai uma reflexão auxiliada por um teólogo e um economista. A preocupação central é encanto e desencanto.

O teólogo e economista Jung Mo Sung afirma que “muitas das análises que fazemos da globalização econômica ou das situações sociais não levam em conta um aspecto fundamental do capitalismo: o seu poder de sedução, de fascinação. As luzes das propagandas brilham e fascinam pessoas de todas as partes do mundo”. Este autor também afirma que “as nossas críticas ao capitalismo não são capazes de reconhecer esse poder de fascinação dele”. 

Desmascarar essa fascinação também não é suficiente. Como diz o povo: "um amor antigo só se esquece com um novo”. A fascinação provocada de forma muito consciente e planejada pelo marketing preenche algo na vida das pessoas e se simplesmente criticamos essa fascinação provocada pelo que Marx chamou de "fetiche da mercadoria” e não somos capazes de oferecer outra fonte de fascinação ou de sentido mais profundo para a vida, o vazio será preenchido novamente por um novo tipo de sedução do capitalismo. O segredo do poder do capitalismo não está na sua força bruta ou no seu poder econômico, mas na sua capacidade de fascinar o povo e, a partir de e em nome dessa fascinação, justificar e até fazer invisíveis as injustiças sociais e as mortes dos pobres. Fascinação que vem acompanhada de injustiças e mortes, sacrifícios, tem a ver com as características centrais da noção de sagrado.

 Imagens das famílias e dos jovens - Chacina de 6 jovens no Rio

O capitalismo, com seu poder de fascinação sacrificial, formata o modo como as pessoas veem a realidade social. Por isso, a maioria das pessoas pode criticar a desigualdade social que não lhes permite consumir como os mais ricos, mas não fazem um questionamento mais sério do próprio sistema capitalista. Eles veem o capitalismo com as estruturas de pensamento fornecido pelo próprio capitalismo. E essa estrutura fundamental está perpassada por essa fascinação, esse desejo de consumir mais para poder ser mais.

Jung Mo Sung conclui sua reflexão dizendo que “se não formos capazes de desvelar o caráter sagrado do mercado capitalista, com seu sacrificialismo e sua espiritualidade de consumo e de acumulação, e de oferecer uma espiritualidade alternativa baseada em uma noção não-sacrificial de Deus e da vida, as nossas críticas terão muita dificuldade de convencer pessoas a assumirem a difícil tarefa de ir contra a "maré” e de lutar por uma sociedade mais justa e humana”, isto é de estar encantado.
 IMAGENS E MARCAS - ENCAMENTO DA JUVENTUDE - PESQUISA NA PSICOLOGIAmo-de-imagens-de-marca-e-seu-impacto-na-construcao-da-subjetividade-dos-jovens&catid=28%3Avolume-ii-edicao-i-2011&Itemid=54&lang=pt

Obs - as imagens são do arquivo Cajueiro e os link são sugestões nossas para ilustrar o texto.

domingo, 14 de setembro de 2014

Desafios para o Observatório Juventudes na Contemporaneidade



Ontem era para ter sido um dia histórico. O Observatório da Juventude de Goiás foi instalado na FCS (UFG) com apoio e participação do nosso Diretor, professor Dijaci, e diversos docentes e discentes da UFG. Fruto do empenho e trabalho coletivo de pesquisadores e ativistas sociais de diferentes instituições (UFG, UEG, PUC, Institutos Federais, CAJUEIRO), este projeto tem seu início marcado pela colaboração de experientes analistas da realidade juvenil, entre eles Luis Groppo, um dos principais sociólogos da juventude do Brasil, e Hilário Dick, talvez o primeiro estudioso do tema no país.

Todavia, era para ter sido um dia histórico, mas não foi. Isto porque dois casos de mortes violentas de jovens em Goiás nos abalaram profundamente.

O primeiro foi o caso do jovem Bruno que morreu de embolia pulmonar no Hospital Hugo. O rapaz, que trabalhava de entregador, deu entrada na segunda-feira após sofrer um acidente de moto. Ele estava com a perna quebrada e tudo indica que a demora no atendimento foi o principal motivo de sua morte nesta quinta-feira. Ausência do Estado!

Um dia antes, na quarta-feira, outro caso inaceitável.  Trata-se do assassinato do jovem Antonio em Inhumas (veja manifesto do Ser-tão em www.sertao.ufg.br). O menino foi torturado e morto. Dentre os motivos apontados pela polícia, a homofobia. Mais um caso de ódio e desrespeito com o diferente. Ausência da Sociedade!

Estas duas mortes são exemplos concretos da difícil realidade em que vivemos. A falta de consciência social, de respeito e tolerância, acompanhada do profundo desmonte do Estado brasileiro nos coloca em uma situação de quase desespero. Mas não podemos nos acomodar. É preciso dar respostas.

O Observatório Juventudes na Contemporaneidade não não pode desconsiderar essa realidade e deve desde seu nascimento se posicionar firmemente em defesa dos interesses dos grupos sociais desfavorecidos. Especial atenção é dada aos jovens que são na maioria das vezes as primeiras vitimas das crises sociais e desarticulação dos serviços públicos.

O Observatório precisa ser espaço de análises profundas da realidade social do país, de Goiás, a partir do cotidiano da juventude. Chega de preconceitos da sociedade e desmonte do Estado, temos que municiar a opinião pública com análises adequadas acerca da sociedade. Assim, certamente daremos uma contribuição para as necessárias e urgentes transformações sociais.


Flávio Munhoz Sofiati


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Observatório da Juventude na Contemporaneidade


Flávio Munhoz Sofiati 


Os desafios de compreensão da realidade social dos jovens se expressam nos preconceitos presentes no cotidiano do brasileiro. Soluções fáceis e violentas são constantemente defendidas por auto-proclamados sabidos do assunto. Entretanto, entender a situação da juventude é um processo complexo e peça chave de análise do mundo contemporâneo. Isso porque esse segmento social é quase sempre o primeiro a sentir os efeitos das crises acompanhadas da ineficiência de ação do Estado.
Nestas eleições de 2014, por exemplo, há diversos candidatos, principalmente a deputado Estadual e Federal, que defendem a redução da maioridade penal com mecanismo de diminuição da violência e criminalidade. Muitos destes candidatos sabem que tal medida não resolve este grave problema social, mas defendem a redução por objetivos eleitoreiros, considerando que parte da população apóia estas iniciativas. Entretanto, se prender e matar resolvesse algo, já se teria resolvido, visto que a principal política pública de juventude dos Governos é o próprio sistema prisional. 

As estatísticas oficiais indicam que a população majoritária dos presídios brasileiros é composta por jovens do sexo masculino, de pele negra e classe social desfavorecida. Este mesmo público é a principal vítima de mortes violentes no país. Luiz Eduardo Soares, especialista no tema da violência, chega a afirmar que essa população no país morre em quantidades maiores do que sociedades em guerra.

Há, portanto, um processo de extermínio de jovens no Brasil. Os que não morrem são encarcerados. Isso ocorre há décadas, mas a situação não melhorou. E os jovens continuam sendo abordados pelas grandes redes de comunicação, que influenciam a opinião pública, como protagonistas de violência e criminalidade. Porém, as pesquisas também mostram que eles são as principais vítimas dessa situação.

Tudo isso indica que é preciso fortalecer os estudos sobre a condição atual da juventude brasileira para que, entre as diversas necessidades, as políticas públicas do setor sejam adequadas e visem resolver de fato o problema. Diante deste desafio, um grupo significativo de pesquisadores em Goiás, participantes de diversas instituições de ensino e pesquisa, ativistas sociais e interessados no assunto, deu início ao processo de instalação do Observatório da Juventude na Contemporaneidade.
Gestado há mais de dois anos, o Observatório tem com objetivo articular, estimular e viabilizar estudos acerca da realidade do jovem brasileiro e principalmente goiano. Esta iniciativa se inspira nas experiências de Minas Gerais e Rio de Janeiro que possuem Observatórios ativos e com papel importante nas pesquisas sobre as juventudes.

A instalação será feita nesta quinta-feira, 11 de setembro, na UFG (Faculdade de Ciências Sociais – CAMPUS II – Auditório Lauro Vasconcelos), em seminário que contará com a participação dos pesquisados envolvidos no Observatório e interessados no assunto. Além disso, haverá a conferência com o Prof. Luis Groppo, citado entre os principais pesquisadores de juventude no Brasil. Contaremos também com a presença de Hilário Dick, padre jesuíta e um dos primeiros estudiosos do tema no país.

Com o funcionamento do Observatório, além de pesquisas, pretende-se colaborar com as políticas e programas voltados para o público juvenil no Estado. Espera-se que esta iniciativa diminua o preconceito e a desinformação acerca da realidade do jovem. Pois o mais importante é compreender que lugar de jovem é na escola e não na cadeia.

Flávio Munhoz Sofiati é doutor em sociologia pela USP e professor da UFG.