quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Escola Bíblica para Jovens na Diocese de Goiás





FORMAÇÃO DAS COMUNIDADES E SUAS REVELAÇÕES

            Noite sexta[i], está aproximando a III etapa de nossa EBJ – Escola Bíblica para Jovens, muitos deitam em suas camas pensando no próximo dia, o dia que vai começar a III etapa desta EBJ. O que nos espera? Será quem vem todos/as? Quem vai nos assessorar? E muitos outros questionamentos mais.

            Amanheceu, sol brilha forte e já está alto. Todos/as acordam animados/as, fazem seus últimos preparativos e partem para essa nossa nova experiência sobre a Bíblia e a vida de Jesus. Aos poucos todos/as vão chegando. A galera foi se reencontrando, conversando, matando as saudades de alguns e se divertindo. Com isso pudemos ver a animação de todos/as, a motivação e a sede de conhecimento. Infelizmente devido alguns problemas, nem todos/as das outras etapas conseguiram vir dessa vez. Porém isso não nos desmotivou e nem desanimamos.

            Depois que todos/as chegaram e daquela alegria do reencontro finalmente começamos esse evento esperado por tanto tempo. E a assessoria foi nada mais nada menos que alguém já conhecido por todos/as nós. Nosso amigo das outras etapas, Pedro Caixeta, que depois das etapas passadas dispensa apresentações quanto a ele.


Assim iniciamos nossos estudos para essa etapa sobre “Formação de Comunidades” na qual conseguimos ver e refletir sobre o que vem a ser uma comunidade na época do Primeiro Testamento, do Segundo Testamento e na atualidade. O que é a comunidade para cada um de nós? Estudamos a diferença de Governo, Trabalho, Sociedade, Leis, Deus, Religião e Sacerdotes nos Sistema dos Faraós e Tribal. Vimos a formação das “12 tribos” que na verdade não eram só doze. E as revelações não param só por ai, esse final de semana foi simplesmente de muitas revelações a cerca de pequenas “mentiras” contadas a nós ao passar dos anos, desde que éramos crianças. Vocês sabiam que o mar não se abriu no meio para que os Hebreus passassem? Que na verdade não caiu maná do céu quando os Hebreus precisam? Todos/as ficamos muito chocados com isso. Aprendemos isso em casa, na catequese e só hoje muitos e muitos anos depois viemos descobrir outra perspectiva destes textos bíblicos, por traz daquelas palavras, estudando alguns mapas da região e refletindo bem aquelas palavras usadas na Bíblia contando relatos daquela época.


O dia passou tão rápido que nem vimos através das brincadeiras, estudos, dinâmicas e bate-papo realizados dentro desses assuntos. Quando percebemos já era noite, todos/as estavam preparando para nossa noite cultural, que desta vez foi a Festa das Tendas, festa esta que era realizada nos tempos antigos pelos povos que fugiram do Egito e que duravam sete dias. Infelizmente não temos esses sete dias para nossa III etapa de EBJ, porém dividimos a turma em sete tendas sendo elas: acolhida, palavra, poesia, música, dança, brincadeiras e partilha. Onde todos/as interagimos, escutamos a Palavra de Deus, fomos verdadeiros poetas de uma noite, cantamos e dançamos, nos divertimos com diversas brincadeiras e por fim partilhamos o pão, mais não um pão qualquer e sim um pão com salsicha, o famoso cachorro quente. Por fim a noite chegou ao fim e cada um foi para seu respectivo lar descansar.




Amanheceu novamente, nossa etapa estava quase chegando ao fim. E todos/as vem pensativo com o que nos espera neste dia. Será que vamos ter outra grande surpresa, novas revelações? O que nos espera? Porém sem revelações hoje cedo. Voltamos a estudar a formação das comunidades, um pouco da origem de Jesus e por fim desenvolvemos um pequeno teatro de acordo com algumas citações da Bíblia aplicada nos dias atuais.


Assim terminou nossa III etapa desta EBJ, apreciando um excelente almoço feito por nossas fiéis cozinheiras de todas as etapas que tivemos e elas estavam lá para nos alimentar e se divertir com nossos amigos e compartilhar todas nossas experiências desse final de semana simplesmente incrível, mágico, divertido e revelador.

Partimos, para nossas casas, cansados do final de semana de muito estudo e batalha, porém pensativos por tudo que aprendemos e como agimos perante nossa comunidade. Também fomos embora curiosos com o que nos espera para nossa IV e última etapa, contando os dias para o final dessa nossa EBJ. 


Por Ricardo Valim Ferreira
Fotos: Equipe de coordenação da EBJ


[i] Dia 21/08.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Calendário do Centro de Juventude Cajueiro - Setembro


Morte e vida de Aylan - Alfredo Gonçalves







Morte e vida de AYLAN

Aylan, anjo alado, filho de um pai em desespero,
que o inferno tentou trocar por um novo Eldorado:
cruza o mar para escapar ao solo pátrio dilacerado:
transformando a fuga em promessa, chama e canto,
mas literalmente extingui-se e morre na praia,
convertendo a aventura em dor e pranto.
Aylan, és a imagem viva de uma família desfeita:
a exemplo de Moisés não viste a terra Prometida,
a tenra vida a deixaste na rota de águas batidas;
imagem viva e luminosa de sonho e confiança
que sombra e pesadelo abatem, destruino a esperança.
Tampouco viste, Aylan, a febre de produção e consumo,
rica de tudo, farta e fátua, não raro privada de sentido;
livre até a exaustão, mas às vezes nua e faminta;
sufocada num dia-a-dia marcado pelo tédio e o vazio;
com mil formas de comunicação, encontra-se só,
dispõe de sofisticados sistenas de segurança,
mas traz na boca o gosto amargo de cinza e pó.
Não Aylan, não viste o rosto do medo, do pânico e da fobia,
do outro lado da fronteira, atrás de cercas, muros, arame farpado,
onde a polícia zela por um mundo despido de significado;
também não sentiste que as flores, os pássaros e as crianças
falam a linguagem decadente do otouno, da desesperança,
onde parece raro e caro o oxigênio vital da primavera
e mais escasso ainda os sinais anunciadores de uma nova era.
Aylan, teu pequeno corpo sem vida e teu rosto por terra,
gelaram o sangue da jornalista que imortalizou a imagem,
e nas veias da Europa gelaram de igual modo a paisagem
de um clima ambíguo diante do drama dos desterrados,
incônscio que pátria é sinônimo de acolhida aos forasteiros.
Tomara tua morte trágica, Aylan, não tenha sido em vão,
mas, de tão muda e silenciosa, se revele denúncia estridente:
possa sacudir pelas bases o mundo e o velho continente,
para os direitos humanos de quem está do lado de fora,
focalizando a humana dignidade no “aqui e agora”.
Dorme em paz, Aylan, anjo alado:
acariciada pelas águas e pela areia, tua singela figura
convida à solidariedade consciente, plural e madura;
e tua morte precoce nesse Mediterrâneo cemitério
seja semente de vida, segredo de todo mistério.

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs
Roma, 13 de setembro de 2015

foto internet