sábado, 28 de fevereiro de 2015

Uma história escrita por muitas mãos em dois anos - Carmem Lucia Teixeira



A semente do Cajueiro leva no máximo 25 dias para germinar. No prazo de um ano a espécie de cajueiro anão já floresce. É uma árvore própria do Brasil. Está mais presente na região nordeste como cultivo de longa escala, porém é própria de região quente, aqui no centro oeste é nativa.

O Cajueiro que completa dois anos nasceu no cerrado. Terra quente e seca. A árvore faz parte do bioma cerrado. Em alguns lugares produz espécie diferente de tamanho e de cor.  Se produz muitos sabores em sorvetes, doces, pratos salgados, doces uma diversidade de preparo.

O Cajueiro que falamos é fruto de uma semente que foi jogada no chão em tempos de chuvas. O cerrado se abastece de água a partir de outubro até o final de março acolheu a semente.

Fazer memória de dois anos é contemplar deste o plantio até os dias de hoje. Retomar o cuidado e a contemplação da semente caída. Quando ela é jogada no chão há muitas dúvidas. Será capaz de germinar? Ela guarda dentro de si esta força capaz de brotar algo novo? O tempo que ela passa em silêncio escondida na terra é marcado por uma espera infinita.

Vivemos este tempo em "Betânia" reconhecendo nossa periferia e, também, os/as amigos/as que se juntam como um grupo de pessoas que se quer bem e que tem uma causa comum: a juventude empobrecida. Tempo de plantar e ficar na espera. Também, tempo de elaborar o luto, chorar o encerramento de um projeto da grandeza e da qualidade que foi a Casa da Juventude em nossas vidas e na vida de tantas pessoas.

Creio que já se percebe as flores e frutos produzidos. Há  cuidado de tantas pessoas e grupos que apoiam esta iniciativa! Acreditar no pequeno. Apoiar iniciativas que podem não vingar.  Porém, não foi isto que experimentamos neste tempo, vivenciamos a confiança, o apoio, a solidariedade, a partilha... Há tanto esforço que Deus, por misericórdia, não nos deixa só. É muita teimosia.

Celebrar é registrar a memória. Quem quer dizer do Cajueiro? Vamos fazer uma memória coletiva? Esperamos sua contribuição - em texto, poesia, música, imagens, depoimentos gravados...




sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Como preparar a comunidade para viver a Campanha da Fraternidade?




Aqui apresentamos um caminho para a capacitação de educadores/as, líderes das comunidades para se capacitar para viver a Campanha da Fraternidade. O tema é sobre a sociedade. Portanto, exige de nós criatividade.

Katiuska Serafin preparou o hino da CF 2015 com imagens que podem nos ajudar a refletir sobre o nosso compromisso com a construção da sociedade que queremos e sonhamos.


















O Jornal Mundo Jovem preparou um bom material: Somos Sementes. Um vídeo que pode ser trabalhado nas escolas e nas comunidades porque convida para assumirmos a nossa tarefa de transformar a sociedade.
CONHEÇA O MATERIAL DO MUNDO JOVEM

Preparamos um roteiro que é possível realizar em três horas. Já experimentamos em dois lugares da Diocese de Goiás. Vejam se ajuda em sua preparação ROTEIRO DE CAPACITAÇÃO PARA A CF2015

Vamos aprofundar o tema da sociedade para entender como funciona a estrutura da desigualdade
Um pensador norte americano provoca a pensar sobre o modo como se organiza a manipulação. Este vídeo ajuda a aprofundar nossa leitura da sociedade


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Calendário do Cajueiro 2015 - MARÇO


O Centro Cajueiro no mês de março:

Projeto Jovem Comunica
Objetivo - organizar e capacitar jovens para a comunicação para que os/as jovens podem dizer sua PALAVRA para o mundo.
O projeto propõe três encontros anuais: março, junho e outubro
Realizar as oficinas de capacitação do uso das redes sociais, oficinas de texto, montagem de vídeos, organização da comunicação em dois âmbitos - do cajueiro e da vida da juventude.

Projeto Assessoria
Objetivo - apoiar as iniciativas de outros grupos a partir dos conhecimentos que os profissionais do Cajueiro tem e pode compartilhar em vista de um melhor acompanhamento da juventude.

Projeto Na Trilha da Universidade
Objetivo - capacitar lideranças jovens empobrecidas para que possam ser sujeitos históricos e enfrentar as barreiras que são postas na vida deste público que impedem a realização de seus projetos de vida, sua entrada na universidade e no mundo do trabalho.
O projeto acontece de 09 de março até o dia 27 de junho - 4 meses - todos os dias de segunda a sexta feira. O curso está organizado por eixos: linguagem, biológicas, sociedade, exatas e transversal.

Projeto Pesquisa
Objetivo - investigar e estudar temas do interesse do grupo em vista de uma melhor atuação no mundo da juventude.
O projeto tem dois grupos: Juventude e a sua condição e educação popular. Encontros que acontecem duas ou uma vez por mês. O projeto está em parceria com a Universidade Federal de Goiás, FAPEG e outras pessoas e grupos que se dedicam ao tema.

Projeto Cultivo da Mística
Objetivo - cultivar o grupo e a sua mística em vista de cuidar das pessoas, fortalecer os vínculos entre as pessoas envolvidas no projeto.

Ofícios nas casas e encontros celebrativos da Rede Popular Cara Vídeo. Em março, vamos iniciar visitando a cada da Ana Maria Tomaz.

Projeto Rede
Objetivo - fomentar as redes é um dos princípios da ação do Centro de Juventude para estabelecer novos caminhos na construção de um mundo justo e fraterno

Projeto Cajueiro - Cuidado com a casa
Objetivo - fortalecer o grupo no caminho e na sua organização como Centro de Juventude.
A assembleia reúne os membros e amigos/as para decidir o caminho.





segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Quem nos governa? por Vladimir Safatle —na revista Carta capital, São paulo, 15/02/2015

Leiam o texto publicado na Revista Carta Capital. Prove que gostamos de Política. Vamos divulgar.

Segue o texto:


Estamos em 1860. O Império Britânico acaba de vencer a famosa “Guerra do Ópio” contra a China, talvez uma das páginas mais cínicas e criminosas da história cínica e criminosa do colonialismo. Metade do comércio da Inglaterra com a China baseia-se na venda ilegal de ópio. Diante da devastação provocada pela droga em sua população, o governo chinês resolve proibir radicalmente seu comércio. A resposta chega por uma sucessão de guerras nas quais a Inglaterra vence e obriga a China a abrir seus portos para os traficantes e missionários cristãos (uma dupla infalível, como veremos mais à frente), além de ocupar Hong Kong por 155 anos.


Em 1860, guerra terminada, os ingleses tiveram a ideia de abrir um banco para financiar o comércio baseado no tráfico de drogas. Dessa forma apoteótica, nasceu o HKSC, tempos depois transformado em HSBC (Hong Kong and Shangai Bank Corporation), conhecido de todos nós atualmente. Sua história é o exemplo mais bem acabado de como o desenvolvimento do capitalismo financeiro e a cumplicidade com a alta criminalidade andam de mãos dadas.

A partir dos anos 70 do século passado, por meio da compra de corporações nos Estados Unidos e no Reino Unido, o HSBC transformou-se em um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. No Brasil, adquiriu o falido Bamerindus. Tem atualmente 270 mil funcionários e atua em mais de 80 países. Sua expansão deu-se, em larga medida, por meio da aquisição de bancos conhecidos por envolvimento em negócios ilícitos, entre eles o Republic New York Corporation, de propriedade do banqueiro brasileiro Edmond Safra, morto em circunstâncias misteriosas em seu apartamento monegasco. Um banco cuja carteira de clientes era composta, entre outros, de traficantes de diamantes e suspeitos de negócios com a máfia russa, para citar alguns dos nobres correntistas. Segundo analistas de Wall Street, a instituição financeira de Nova York teria sido vendida por um preço 40% inferior ao seu valor real.

Assim que vários jornais do mundo exibiram documentos com detalhes de como a filial do HSBC em Genebra havia lavado dinheiro de ditadores, traficantes de armas e drogas, auxiliado todo tipo de gente a operar fraudes fiscais milionárias e a abrir empresas offshore, a matriz emitiu um seco comunicado no qual informava que tais práticas, ocorridas até 2007, não tinham mais lugar e que, desde então, os padrões de controle estavam em outro patamar. Mas não é exatamente essa a realidade.

Em julho de 2013, a senadora norte-americana Elisabeth Warren fez um discurso no qual perguntava: quanto tempo seria ainda necessário para fechar um banco como o HSBC? A instituição havia acabado de assumir a culpa por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas mexicano e colombiano, além de organizações ligadas ao terrorismo. Tudo ocorreu entre 2003 e 2010. A punição? Multa irrisória de 1,9 milhão de dólares.

Que fantástico. Entre 2006 e 2010, o diretor mundial do banco era o pastor anglicano (sim, o pastor, lembram-se da Guerra do Ópio?) Stephen Green, que, desde 2010, tem um novo cargo, o de ministro do gabinete conservador de David Cameron, cujo governo é conhecido por não ser muito ágil na caça à evasão fiscal dos ricos que escondem seu dinheiro. Enquanto isso, os ingleses veem seu serviço social decompor-se e suas universidades serem privatizadas de fato. O que permite perguntas interessantes sobre quem realmente nos governa e quais são seus reais interesses.

Alguns fatos são bastante evidentes para qualquer interessado em juntar os pontos. Você poderia colocar seus filhos em boas escolas públicas e ter um bom sistema de saúde público, o que o levaria a economizar parte de seus rendimentos, se especuladores e rentistas não tivessem a segurança de que bancos como o HSBC irão auxiliá-los, com toda a sua expertise, na evasão de divisas e na fraude fiscal. Traficantes de armas e drogas não teriam tanto poder se não existissem bancos que, placidamente, oferecem seus serviços de lavagem de dinheiro com discrição e eficiência. Se assim for, por que chamar de “bancos” o que se parece mais com instituições criminosas institucionalizadas de longa data?

Nota do Distribuidor: A imprensa brasileira revelou que há na agencia do HSBC de Genebra contas bancárias de 11.200 brasileiros, milionarios, com depositos sem origem comprovada, no valor de 14 bilhões de dolares.

Não se tem noticia que algum procurador da Procuradoria geral da Republica, pedisse a lista dos sombrios personagens. Nenhum deputado ou senador pediu para abrir uma CPI e investigar os nomes e a origem do dinheiro que saiu do Brasil e foi parar em Genebra; Possivelmente tenham financiado a campanha de todos eles!!

Nenhum magistrado se pronunciou, nem o ex-capitão-do-mato, JB teceu comentarios. Afinal quem manda dinheiro para fora para comprar apartamento em Miami, não tem muita moral em procurar conta bancarias de outros...

E a TV Globo, quietinha... preocupada com carnaval e impechment da Presidenta!

domingo, 22 de fevereiro de 2015

UMA PALAVRA DA IGREJA? Hilário Dick




As festas de Carnaval ainda reboam ou vão continuando a mexer com o povo de outra forma, mas em meio aos tambores aparece o "Texto Base" da Campanha da Fraternidade tendo como tema Igreja e Sociedade. Um tema amplo, mas muito importante: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”. O lema, radical como o cristianismo: “Eu vim para servir”.
 

Todo Texto/Base de todas as Campanhas já havidas no Brasil, desde 1964, se postavam nalgum cenário de Igreja. Muitas vezes tomavam posturas corajosas, proféticas; noutras menos, mas em geral “afirmativas”. Há historiadores das Campanhas que dizem que se destacaram, como temas, três questões, dizendo que estamos na fase da Igreja se voltando para situações existenciais do povo brasileiro. Qual seria o tema da CF de 2015? A Fraternidade? A Igreja? A Sociedade? Se é uma situação existencial, qual é a saúde e a enfermidade destas três realidades olhadas em conjunto?

Para quem lê o Texto/Base a pergunta que fica é: afinal, de que devemos falar? 

1) Da Fraternidade? Para quem vive no Brasil poderia ser um assunto muito importante para quem viveu o tempo dos mensalões, das raivas e ódios das eleições, das interpretações facciosas do fenômeno da corrupção, achando pecadores somente de um lado, da não aceitação de uma vontade popular, de tanto que tivemos que ver e ouvir. 

2) Da Sociedade? Será que o Texto/Base nos apresenta uma utopia de sociedade ou fica numa generalidade onde não entra nem consumismo, nem liberalismo, nem ecologismo vendo uma sociedade que não só mata, mas se mata a si mesma? Disso, contudo, não se fala. Os muros e os tapumes escondendo o que não queremos ver, encontrar, conviver etc. fica um assunto esquecido. 

3) Da Igreja? Fala-se de Igreja, sim, mas uma Igreja que se situa aonde? Sem dizer muita coisa, prefiro ficar com as palavras do Papa Francisco (citado na apresentação do Texto/Base) que diz: "prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma fechada pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias seguranças". Será que a Igreja do Texto é qual dessas Igrejas? Descubra e abra a boca. Só sei dizer que é muito lamentável que não venham palavras nem alentadoras nem proféticas. Parece que se dizem coisas só para dizer... Fala-se somente porque é preciso falar, mesmo que se diga tanto que não se diz nada. Aliás, parece que é isso que funciona em muitas colunas de igrejas: “não ofender ninguém”: “no máximo, provocar uma moralidade que seja segura, isto é, ultrapassada e que ninguém mais respeita”...
Qual é, afinal, a grande conversão que precisamos? A rejeição de uma vontade de “ser povo”, de “ser justo”, de “aceitar que a pobreza existe”, de saber que “fora dos pobres não há salvação”, de admitir que a corrupção é uma doença que pode brotar em todos nós e não só naqueles que não pensam como nós? Temos que ter consciência que, para muitos, a fraternidade é uma bobagem; que a sociedade é o que me interessa e me satisfaz, mesmo que 90% da humanidade não entram no campo de minhas preocupações? Temos que ter consciência que a Igreja é, de fato, santa e pecadora, não adiantando esconder os erros mas, também, não sabendo ver as santidades que são tão bonitas que não queremos ver. Custa tanto convencer-nos que até os que não nos conhecem sonham que sejamos uma Igreja Servidora? Sim, a conversão é uma necessidade urgente para a nossa sobrevivência e a sobrevivência de nossa Mãe Terra.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PARTICIPAR - vamos levantar nossa bandeira das políticas públicas para a vida da juventude e do país.




Vamos colocar nossa bandeira e provocar mudanças deste as estruturas do país. Olha só a oportunidade de participar deste caminho.
A participação é uma das ferramentas mais importantes para a construção deste país. Vamos participar e sugerir caminhos para que a vida da juventude possa ser cultivada. Nossa campanha "A Juventude quer Viver" passa por mudanças estruturais.

Veja abaixo as formas de participação. Reúna seu grupo e vamos enviar várias sugestões.


Acompanhe e opine sobre diversos temas importantes para o Brasil. Seja protagonista da nossa história:
  • Como deve ser a LDO em 2016? Qualquer pessoa pode enviar sugestões para a elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016. A consulta pública está aberta no Participa.br até o dia 4 de março: http://ow.ly/JlhCK
  • Consulta sobre as propostas que a Defensoria Pública da União levará ao Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e Justiça Criminal. As pessoas que sugerirem as ideias mais bem priorizadas ganharão livros sobre o tema da conferência. Participe e concorra: http://ow.ly/JkU9L
  • Como gamificar a participação social pela internet? Até o dia 28 de fevereiro a Secretaria-Geral da presidência (SG-PR), realiza um concurso de ideias sobre Gamificação. Os autores das três ideias mais votadas participarão da próxima etapa de desenvolvimento do Participa.br, em Brasília, durante o Festival Latino Americano de Instalação de Software Livre (Flisol), em 25 de abril. Não fique de fora: http://ow.ly/JkUj4
  • Participe das discussões coletivas sobre a “Nova Agenda Urbana Mundial” (Agenda Habitat III) e ajude a construir o relatório nacional para 3ª Conferência da ONU sobre Habitação e desenvolvimento urbano sustentável: http://ow.ly/JkTvI - A próxima etapa será um seminário interativo na próxima segunda-feira (23/02), agende-se e acompanhe ao vivo pela comunidade: http://www.participa.br/habitat

Acompanhe o #ParticipaBR também nas redes sociais:
Facebook www.facebook.com/participabr 
Twitter www.twitter.com/participabr
Instagram www.instagram.com/participabr

ilustração - bandeira Wiphala (Povos andinos) imagem internet. Onde esta bandeira está estendida significa que aqui tem gente que luta pela vida.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Ofícios Divino da Juventude – Rezando nosso Horizonte



Pedimos com insistência que a Civilização do Amor logo seja realidade entre nós.”

Credo da Civilização do Amor.





No desejo de ajudar os grupos de jovens a se apropriarem mais das riquezas e belezas do documento “Civilização do Amor – Projeto e Missão” oferecemos esse conjunto de Ofícios Divinos da Juventude. São roteiros para ajudarem os/as jovens a conhecerem mais e rezarem os marcos e as orientações do documento. Com música, poesia, textos bíblicos, fragmentos da síntese do documento, preces, salmos e orações queremos rezar e celebrar nosso Horizonte. 
 

Oxalá esses Ofícios nos aninem a viver radicalmente, em nossos grupos de jovens, o que nos propõem o “Civilização do Amor”, para fortalecermos assim nossa missão com a juventude e sermos mais fiéis a Jesus, aos pobres e ao Reino. Com os/as jovens sigamos rumo ao Horizonte, guiados por Aquele que se fez Caminho, animados pelo Espírito na construção da Civilização do Amor.



Com carinho,



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carta Aberta ao amigo Giovani A. Machado



CARTA ABERTA AO AMIGO GIOVANI
Caro amigo Giovani,

Acordamos hoje com a notícia que nos abalou como país. Pessoas  de todas as partes do Brasil e fora do Brasil, como os amigos e amigas de Moçambique na África e Venezuela se comunicando com um único desejo: consolar na dor da sua partida. Aqui estamos todos/as indignados/as diante da violência que você sofreu. Seu corpo imolado – vidas pela Vida!

Somos testemunhas do seu compromisso e de sua vida doada pela juventude, pela Igreja pelos pobres e, por políticas públicas de qualidade em seu município.

Em 2015 celebramos 20 anos das Escolas Bíblicas para Jovens – construção de um caminho ecumênico e de compromisso com a vida do povo. Fizemos memória do caminho que vocês de Birigui fizeram vindo dois anos seguidos a Goiânia para a formação e depois, do belíssimo trabalho que ai fizeram com as Escolas Bíblicas com Jovens na Igreja de Birigui e diocese de Araçatuba/SP. E mais tarde, você fez outra vez este trajeto para o curso de Especialização em Juventude.

Agora nos encontramos como uma grande rede de amigos/as, familiares, companheiros/as de trabalho e de missão para nos despedir de você, com a certeza que seu legado fará sua presença perpetuar entre nós para sempre. Por isto, com todas as forças que temos exigimos uma apuração imediata deste crime bárbaro que nos abala como país.

Pedimos que a diocese de Araçatuba, como Igreja que cuida e que ama, seja a primeira a levantar a voz contra este crime que ofende a dignidade humana, portanto, seu Criador. Exigimos que o poder público, a prefeitura de Birigui e o Judiciário, empenhe o melhor de suas forças para apurar tudo o que envolve este assassinato e faça justiça. Aqui estamos e estaremos de pé para acompanhar todo este processo.

Querido amigo, você sempre foi para nós sinal de Paz e compromisso com a justiça! Queremos pedir que continue nos acompanhando e nos indicando os caminhos para maior fidelidade no serviço do Reino e de uma sociedade justa.

Agradecemos muito seu apoio em vida para que o Cajueiro fosse um Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em juventude. Queremos dizer do nosso amor por você que foi sempre intenso. Você continua vivo em suas causas e com a sua coragem queremos manter viva sua presença e suas causas em nossas vidas e em nossas organizações.

Solidarizamo-nos com sua família e todos/as amigos e amigas nesse momento de dor e nos juntamos a eles/as para exigir que se faça justiça.

Junto estão unidos/as o Padre Hilário Dick/São Leopoldo/RS, Edina Lima/Moçambique, Eduardo/Venezuela, Padre Mirim/ Belo Horizonte e cada um/a do Cajueiro.

Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude – CAJUEIRO

Goiânia, quarta-feira de cinzas, fevereiro de 2015.


sábado, 14 de fevereiro de 2015

Das coisas que coração guarda... Luis Duarte Vieira


Memórias do XI Encontro Nacional da Pastoral da Juventude

De repente eu me via chorando muito, abraçado com a Aline. Estava me despedindo depois da missa de encerramento do XI ENPJ. Naquele abraço eu agradecia o que vivi na partilha da vida, do pão e da utopia no encontro das águas. Mas, na missa de abertura também chorei muito abraçado em tantos/as amigos/as. O Rici tranquilamente poderia torcer sua camiseta depois de me abraçar e acolher minhas lágrimas, minha vida que transbordava.

Na missa de abertura, de repente, a felicidade de estar ali vivendo o XI ENPJ junto de pessoas que tanto amo e que tanto marcam minha vida, na memória de outros/as que me são muito caros/as e importantes e junto da juventude que ousa fazer da vida uma vida em grupo e doada, me invadiu a ponto de eu transbordar. Por isso as lágrimas correram. A isso, se somou a certeza do amor que me abraçava e acolhia. Explico. Três anos antes, o X ENPJ me enviou para a vida religiosa. E agora, três meses depois de deixar a vida religiosa, no encontro da águas, sou abraçado e acolhido novamente pela PJ. Coisas que o coração sente e a razão não entende.

O que dizer de uma semana intensa? O que escrever do que brotou do encontro das águas, da partilha do pão, da vida e da utopia? Tanto pode ser dito. Há memórias e textos fantásticos brotando de muitos cantos de nosso país. Coisas bonitas de se ler e rezar. Digo nessas linhas algumas das coisas que o coração guarda...


1. Mestre, onde moras? (Jo 1, 38). Essa foi a pergunta que aqueles homens fizeram a Jesus. Vinde e Vede! (Jo 1, 39) é a resposta de Jesus. É o convite. É a entrega de Jesus a eles. Porque vir e ver, permanecer com, é tocar no solo sagrado da vida. É adentrar a intimidade. Estar com o Senhor é conhecê-lo intimamente, porque há coisas que só somente a partilha gratuita do dia-a-dia permite. É preciso gastar tempo. Agora o mais curioso disso tudo, é que quanto mais O conhecemos, mais nos conhecemos e mais podemos ser nós mesmos. Já dizia o Pedro Casaldáliga: “Seu nome é Jesus. Seu nome é como seria nosso nome se fossemos, de verdade, nós mesmos”. O convite a ir e ver é um convite a ser mais quem sou, a sermos mais quem somos como Pastoral da Juventude. Sem dúvida o XI foi lugar onde bebi de minha identidade. Estar com o Senhor, estando com os/as jovens e amantes da juventude, devolveu-me mais a mim mesmo. Estar com o Senhor, no encontro das águas, foi um banho de identidade pejoteira. Identidade que precisamos assumir sempre e a cada dia. O encontro sem dúvida convidou-nos, que estávamos lá ou não, a ir e ver a Pastoral da Juventude.

2. É preciso dizer das coisas que vimos e ouvimos (At 4, 20). Vimos e ouvimos muita arte, muita mística. Não foi atoa que saltou aos olhos de todos/as a beleza, a poesia, a arte que imanavam de todos os cantos, em todos os detalhes. Cada oração. Cada celebração. Cada ambiente. Tudo muito bem decorado, poetizado. Os cantos e as danças. A arte feita, tal qual vida que se entrega. Não foi possível ficar sem se emocionar. Isso tudo, fruto da mística que nos alimenta. Aqui não posso esquecer de falar da coragem de sair pelas ruas de Manaus, parando o trânsito, para cantar e celebrar a memória dos/as mártires. Memória perigosa.

3. É sabido das mulheres como as primeiras testemunhas da ressurreição (Lc 24). No ENPJ nos encontramos com essas mulheres, portadoras da Boa-Nova. Mulheres que com profecia e ternura teimam na causa do Reino. Ressoa forte Aline dizendo-nos que “num sistema que mata, que explora e que concentra a comunhão precisa nos tornar perigosos/as para lutar contra o que mata os pobres” e que é preciso “ser profetizas e profetas da esperança e da utopia”. Arde o coração recordar Ângela, da entrega silenciosa, cotidiana e ardente pela juventude. Como não lembrar da mana Laísa dizendo da “pele como o lugar do encontro” e como não sentir seu abraço? Não é possível esquecer Alessandra em sua fala profética provocando-nos a dizer de nós e perceber quem somos, nas relações que somos. E como não escutar a fala da Solange e perceber que se está diante de uma gigante na entrega pelos pobres? Não se pode deixar de dizer da coragem da Irmã recordando que reconhecemos o Mestre nos mais lascados/as desse mundo. E como não lembrar da Tica no serviço missionário que prestou? E como não dizer da Quel, vida dada no serviço e na causa? E como não lembrar da Carmem, profetiza, sacerdotisa e rainha na entrega da vida pela juventude? Ainda é preciso dizer das Ludmilas, Elaynes, Lidianes, Larissas, Janaínas, Hélias, Caróis, Silvanas, Loides, Lucimeires, Déboras, Wanderlices, Paulinhas, Sílvias, Camilas, Vanessas, Mayaras, Arleths, Fernandas, Marias, Biancas, Elsies e de tantas amigas e companheiras, portadoras da Boa-Nova do Reino.

4. O amigo Rafa em poesia e profecia recordou-nos que “o grupo é o lugar onde o Reino acontece”. Hilário já traduzia em palavra o que todos/as vivemos na pele: “o grupo é o lugar da felicidade da juventude”. Para mim e para a Pastoral da Juventude, o XI ENPJ foi tempo de fortalecer a opção pela vida em grupo. Sim, somos malucos/as em fazer da vida uma vida em grupo, num sistema que é extremamente individualista. E sim, seguiremos malucos/as fazendo da vida, vida em grupo. Seguiremos fortalecendo grupos de jovens em nossos chãos concretos. O XI ENPJ me ajudou a perceber que muitas crises que eu vivi é por assumir (ou tentar assumir) uma vida que é comunitária e grupal. Ao dizer da vida que é mais bonita se vivida em grupo é preciso dar um abraço apertado nas centenas de jovens da PJ da Arquidiocese de Manaus e do Regional Norte 1 pela doação feita comunitariamente no encontro e no serviço que prestam dia pós dia junto da juventude. Ainda quero dar um beijo na Débora pelas lágrimas que dela correram ao dizer do acompanhamento do Edinho para com que ela e os/as jovens lá de São Leopoldo/RS. Um beijo nela porque me uno a suas lágrimas dando um beijo em todos/as que me acompanharam e me acompanham, em todos/as que fazem da vida uma vida para comer o mesmo pão com a juventude.

5. Ainda é preciso dizer da profecia que pulsava nas falas em todo o XI ENPJ. Foi profecia porque anunciamos e denunciamos. Falamos da vida. Falamos de nossos afetos. Falamos de nossas relações. Falamos de nossas dores e alegrias. Falamos de nossos medos. Rimos. Choramos. Cantamos. Brincamos. Nos indignamos. Falamos da vida. Dançamos. Vibramos. Vida a ser partilhada com ou sem pão, mas sempre com utopia não nos faltou.

6. Figurante marcante no XI ENPJ foi o avô Hilário. Ele que “foi para fazer nada, dizer nada. Foi para ver o horizonte. Para nos ver.” Como não chorar diante dele, que fez da vida Eucaristia e comunhão com a juventude? Como não chorar vendo a vida de meu avô, vida que assumiu a causa da juventude e tanto apanhou por ser fiel a juventude? Isso sempre me impressionou nele: seu amor até o fim (Jo 13, 1) pela juventude. Estar com ele é comer e beber esperança e memória. É estar diante do Simeão, porque ele reconhece a Salvação (Lc 2, 30) falando em nós, juventude. Com ele aprendi que memória não é biblioteca, mas é alimento para o caminho. É preciso ser homem e mulher de memória. Não neguemos jamais quem somos como Pastoral da Juventude. Não neguemos quem nos é importante, as causas que assumimos. Não neguemos nossa história.

7. Ainda preciso dizer dos abraços e amigos/as. Dos/as que estavam em Manaus e dos/as que nos acompanharam de perto e longe. Abro o coração cheio de nomes. De tantos abraços quero dizer de um para nele dizer de todos. Era a missa de abertura. Eu chorava muito. O Vini chorava muito. Um não tinha visto o choro do outro. Quando os olhares se cruzaram nos comunicamos, nos entendemos no mistério da amizade. E logo nos abraçamos. Trazendo esse abraço, abraço cada amiga e cada amigo. É sempre bom estar com quem se ama. É sempre intenso partilhar a vida com o Maicon, sentindo seu abraço. Escutar a confissão de Pedro, de Dudu, de Guilherme foi intenso demais. As partilhas com Vini, Uilian, Gutto, Lucas, Laísa, Mirim, Gustavo, Thiesco, Rafa, Elayne, Ale, Sol, Ronni, Wanderlice, Lud, Lid, Sil, Murilo, Edinho, Joilson, Xarope, Aline, Josi e tantos/as... Eucaristias celebradas na amizade... A PJ é na minha vida e sei que na vida de todos/as os/as jovens, lugar do mistério da amizade. Como foi bom abraçar tantos/as. Que bom sentir e recordar os/as que não estavam lá conosco presencialmente. Manaus me foi Betânia, terra de amigos/as, mas sempre terra de envio.

De tudo, contudo, ficam três coisas. A vida, o pão e a utopia. A vida precisa, espera, pede e envia que sejamos doação radical, sempre com esperança, pois, do contrário seríamos hereges. O pão a ser partilhado, pode ser partilhado com ou sem pão, porque será sempre vida que precisa ser entrega, mesmo que amassada, mas sempre celebrada. A utopia, sempre nos colocará a caminho. Moram em nós, pelo Divino que somos e nas Eucaristias que celebramos, todas as utopias, que não nos deixam em paz. É que é preciso ser Jerusalém na entrega diária, no chão que se pisa, sendo pobres radicalmente e com eles/as teimar na causa do Reino. A utopia que nos move no amor e no serviço só se fortalece. Sim, restam, depois do encontro das águas, a vida, o pão e a utopia, esperando que sejamos partilha radical.
Amém!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Observatório Juventudes na Contemporaneidade elege coordenação provisória



O Observatório Juventudes na Contemporaneidade se reuniu no dia 10 de fevereiro, sua primeira reunião de 2015. Teve como objetivo preparar o calendário do ano e estudar a carta e o regimento interno do Núcleo estará localizado o Observatório.

A reflexão do grupo aponta aspectos ausentes na proposta oferecida para o debate sobre o regimento interno. Neste documento indica os nomes dos/as pesquisadores/as que compõem o observatório. Assim como, as tarefas da coordenação geral, dos participantes, entre outros elementos que são importantes no acordo interno estabelecido dentro da Universidade Federal.

As reuniões do observatório, em 2015, serão: 10/02; 19/03; 16/04; 18/06; 13/08; 15/10; 10/12. Os pesquisadores/as de juventude já tem uma agenda.

No final, o grupo elegeu a coordenação provisória para encaminhar o Observatório: Flavio Sofiatti (UFG), Lourival Rodrigues (CAJUEIRO), Sandra (UFG).

Na próxima reunião dia 19/03 será para definir o regimento interno.

foto 2014 - Cajueiro (Seminário de Instalação do Observatório Juventudes na Contemporaneidade)

domingo, 8 de fevereiro de 2015

CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO - NA TRILHA DA UNIVERSIDADE - GRATUITO

O Centro de Juventude Cajueiro oferece, em 2015, o curso pré universitário- PREUNI - NA TRILHA DA UNIVERSIDADE, em preparação de sujeitos históricos e comprometidos/as com a transformação do mundo.

O curso é gratuito, somente uma colaboração para o material. O curso tem 60 vagas.

As inscrições serão nos dias 23 a 26 de fevereiro, das 16h até as 19h. Participarão da seleção somente as pessoas que se inscreverem pessoalmente nestes dias e horários.

As aulas serão dos dias 09 de março até o dia 26 de junho, das 19h às 22h.   na sede do Cajueiro, localizado no Centro Cultural Cara Vídeo Rua 83, n.361 - Setor Sul - Goiânia- Goiás.

O curso visa preparar pessoas para a entrada na Universidade através de seus processos seletivos, para concursos de trabalho e para atuarem como pessoas comprometidas com a mudança da sociedade.

O curso é uma atividade do Centro de Juventude Cajueiro com o apoio do programa Proafro/PUC/GO, Promenor e La abuela/Espanha  e das Missionárias de Jesus Crucificado.

Se você deseja colaborar financeiramente com o projeto envie sua doação para clique aqui SEJA UM/A DOADOR/A

maiores informações - liderjovem@cajueiro.org.br

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Uma crônica pobre, mas de assunto bonito, 18 a 25 de janeiro de 2015 - Hilário Dick


Quando embarcava de volta para casa, em Goiânia, meu coração estava mexido. Não chorei mais porque as “aduanas” implicaram com meus suspensórios e eu resisti. Uma emoção forte, vindo de várias vivências, quiseram explodir em mim e chorei às escondidas. Imaginem um idoso, de quase 78 anos, chorando em público... Tinha estado em Goiás, rezando com um grupo, a mística do sabor e da resistência. Inspirados no lugar bíblico Jerusalém, caminhamos levados pelo mistério de alguns verbos: ver e olhar, caminhar, falar, sentir e fazer. Em Goiânia fiquei hospedado com um amigo de muitos anos: Lourival Rodrigues da Silva, envolvido numa quimioterapia infernal por causa de um câncer. Por vezes estas e outras dores quase nos derrubam. Isso foi em Goiânia e Goiás onde, entre outros amigos especiais, estava o Geraldo, a Carmem e o Berg que teve o azar de torcer o pé querendo ajudar-me no carregamento de minha mala que levava um monte de coisas inúteis. Goiânia é um lugar onde se ama a juventude e um lugar em que pessoas de Igreja enxotam juventudes.


Viera de Brasília, onde tinha ido para não fazer nada com a número 1 de minha vida (Raquel) e o “sapeco” (como diz a Luara, filha de Joadir e Janete) chamado Joaquim. Em Brasília fui aluno de uma escola particular de geriatria... É que eu desejava aprender de novo a ser avô. Como disse, não fiz nada, mas consegui encontrar-me com gente de tempos passados (agora todos grandes): Adriano (cego que assou churrasco), Alsimar (além de outras coisas, criando cabras), Janete que recordou muitas coisas vividas, Sueli (a esposa de Adriano e mãe de Edu), Edgar (que pensa em casar), Ernani que é de Caxias e há séculos eu não via, Leandro o mesmo de sempre, trabalhando no Portal da ANEC e não sei quem mais, a não ser a querida Larissa que achei mais linda ainda.


Antes, eu estivera em Manaus, de 21 a 25 de janeiro, no XI encontro Nacional da Pastoral da Juventude. Fui lá de enxerido, tendo a passagem custado uma boa briguinha com meu confrade encarregado das finanças. Encontrei o pessoal todo na manhã do dia 22/1, na oração da manhã, na qual tive que falar umas poucas coisas, com tempo marcado. Disse que não vinha para falar, mas ver a rapaziada, ver o horizonte, a utopia e a juventude como realidade teológica. Depois que voltei para casa, encontrei um papel onde anotara algumas ideias que deveria dizer, caso me dessem a palavra. Antes da viagem, eu escrevera que “eu vim para contemplar e ver”.


Queria ver se aí tinha corações grandes para abraçar o Reino, queria ver se aí tinha gente com vontade de construir comunidade e se havia coragem e lucidez para enfrentar diversos diabos: o diabo do egoísmo, do ódio ao pobre, da divisão, da manipulação, da mentira, da corrupção e outros diabos. Eu anotara também que devia dizer que o testemunho é que vale; que a galinhagem não leva à nada; que a importância do Projeto de Vida continua em pé e que não tivessem medo de amar a identidade pejoteira, de verdade, assim como a Laisa e o Luis Duarte parece que falaram.


Do que eu vi e senti do Encontro Nacional tentarei dizer pequenas coisas. O Encontro foi uma coisa linda e significativa: de embevecer e de assustar. Direi pequenas coisas:
1. O Encontro foi bom. Foi um verdadeiro banho de poesia, de mística, de arte, de juventudes, de adolescências, de acolhida para toda a Pastoral da Juventude do Brasil. Discutiram-se assuntos sérios, alguns de forma bem provocadora. As juventudes reunidas, vindas de todos os cantos do Brasil tomaram um banho e deram um banho em Manaus e na Igreja. Encontro bom é onde se pensa, se ri, se dança, se troca partilhas, se descobre, se aprofunda, se penetra no horizonte e na utopia. Manaus foi simbólica; o encontro das águas foi simbólico; a presença desconcertante de algumas autoridades foi simbólica; ficou claro que o serviço é mais poético que o poder.


2. Fomos levados a viver, no XI Encontro Nacional da Pastoral da Juventude, o louco mundo do dionisíaco, com suas seduções onde, mais do que a razão, a organização, a postura de militantes dos anos oitenta, foi substituída pelo mundo da arte, da dança, da questão de gênero, do encontro erótico do encontro das águas do Solimões e do Rio Negro, da mística, da poesia, mesmo que isso significasse igualmente uma linda caminhada dos mártires. Mesmo abafados pelos prédios da burguesia, os gritos, os cantos, as reivindicações da caminhada dos mártires foram aos ares, misturados de Pai-Nossos e Ave Marias. Dos prédios altos, quase ninguém quis ver o que acontecia lá em baixo, na rua.



3. A coisa mais inesperada do Encontro foi o reconhecimento do trabalho pedagógico e formador da Pastoral da Juventude. Depois de tantos anos de perseguições, desprezos, ironias, proibições, negações de verba e tanta coisa, além de ouvir de um dos bispos da Comissão Episcopal de Pastoral para a Juventude que “a Pastoral da Juventude é a maior escola de formação de lideranças de Igreja no Brasil”, foi bom. Maravilhoso, contudo, foi receber uma carta da Papa Francisco dizendo que a Igreja também ama vocês e por isso lhes peço que não se deixem abater pelas coisas que possam chegar a ouvir da juventude; em todo tempo histórico se falou pejorativamente dos jovens, mas também em todo tempo foi essa mesma juventude que dava testemunho de compromisso, fidelidade e alegria. Nunca percam a esperança e a utopia, vocês são os profetas da esperança, são o presente da sociedade e da nossa amada Igreja e sobretudo são os que podem construir uma nova Civilização do amor. Joguem a vida por grandes ideais. Apostem em grandes ideais, em coisas grandes; não fomos escolhidos pelo Senhor para coisinhas pequenas, mas para coisas grandes!

Numa das plenárias ouvi coisas que nunca ouvira ter sido dito em plenária. Muita coisa se relacionava com a homoafetividade, completando o cenário que se vivia desde as mais diversas periferias até aquele local da Ponta Negra onde se realizou a celebração da abertura com cores, movimentos, sons, mantras, estribilhos, preocupações, amores e raivas que pareciam brotar do fundo das águas das juventudes.


4. Só quem acompanhou de perto os milhares de conflitos da Pastoral da Juventude, dentro e fora da Igreja, pode imaginar o que significaram alguns pronunciamentos num Encontro Nacional. Claro que ao lado dos que vibraram e vão vibrar, há e haverá os que rangem os dentes, chegando a dizer que a carta foi forjada, que o Papa, de novo, falou demais... A alegria de algumas afirmações nos reportava para a história, quando apareciam documentos como o Marco Referencial da Pastoral da Juventude, o documento fundamental Evangelização da Juventude, Desafios e Perspectivas Pastorais ou, então, Civilização do Amor – Projeto e Missão. Encontrões, marchas, reivindicações, bandeiras de luta, místicas de fazer as estrelas pularem de alegria, tudo estava lá. O que importa é que foram palavras confortadoras e de alento para um rebanho jovem acostumado às chicotadas, mas que sabe do esforço que faz em muitas partes.


5. Como escrevi numa outra vez, o sabor e a resistência sempre foram os condimentos da sopa da vida. A sopa, contudo, por vezes, tem gosto de Belém, de Nazaré, de Cafarnaum, de Betânia, Samaria e dos diferentes gostos e sabores que têm os momentos que vivemos. Embora os sabores estejam em cada um dos “momentos” e de nossos “acampamentos” o sabor e a resistência mais suada, no entanto, situa-se em Jerusalém. O encontro de Manaus foi Belém, foi Cafarnaum, foi Betânia, foi Genezaré... O encontro de Manaus foi manauara. Foi reconhecimento. Se os olhos dos/as quase 800 jovens presentes brilharam, brilharam muito os olhos das dezenas de assessores/as que vinham de muitos lugares e deixaram um recado forte e juvenil ao clero de todo o Brasil. Entre outras coisas, eles dizem: Machuca o coração quando ouvimos de jovens engajados na vida das comunidades, partilhas que dão conta de revelar as barreiras criadas por presbíteros de nossa Igreja à caminhada e processo de formação na fé de nossas/os jovens. Sabendo de nossas limitações e fragilidades no acompanhamento às/aos jovens, com humildade pedimos perdão por nós e por nossos irmãos presbíteros por tantos espaços fechados dentro da Igreja.


6. Em meio ao desencanto e ao conservadorismo de muitos tipos, o Encontro de Manaus conseguiu encantar. Bastava ver como os/as adolescentes que ajudavam na infraestrutura pulavam de alegria. Não se negam os conflitos e as dificuldades, mas o que se via eram sorrisos, belezas, gente descobrindo que o grupo é o lugar da felicidade do jovem. Apesar das dores, dos extermínios (em Manaus foram mortos, naqueles dias ao menos dois jovens), apesar da tendência autoritária, grosseira, violenta, individualista, de desprezo pelos pobres e até pelo Brasil, Manaus conseguiu ver, nesta semana, uma juventude bonita que sabe que é mais bonita quando tem causas para se lutar por uma civilização do amor.


7. Disseram-me que o pouco que falei em Manaus teve toda simeônica, isto é, de Simeão, o velho do Evangelho que, quando viu Jesus, disse que podia partir em paz (Lucas 2, 29). Sei que sou indigno da comparação, mas aceito por vir da boca de quem veio. Se os pés estão pesados, é muito bom saber que em Manaus os sonhos são leves, bonitos, misturados de águas, índios, horizontes, matas, rezas, esperanças e utopias.

fotos - cajueiro e PJ nacional

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

LEITURA POPULAR DA BÍBLIA NA PERSPECTIVA FEMINISTA



Um primeiro encontro será em Fevereiro, os dias 14 até o dia 16, começando e terminando com o almoço. Participaremos nos momentos de oração da Fraternidade, com tempos de reflexão entre nós e partilha. Curtiremos a festa de estar juntos. A partir daqui faremos nossa programação para este ano 2015. Espero ideias para poder realizar estes encontros.

Normalmente na Fraternidade, pedimos uma colaboração de uma taxa diária (trazendo roupa de cama e banho), para cobrir os gastos de estadia e alimentação (R$ 140,00 reais). Contudo, as pessoas colaboram segundo podem, a combinar, pois sua participação e presença entre nós é mais importante.

Preencha a ficha CLIQUE AQUI

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Escola de Educadores/as de adolescentes e Jovens - com Irmãs Lourdinas




O Caminho feito no 1ª etapa da Escola de Educadoras junto com as irmãs Lourdinas
Rio de  Janeiro 22 a 27 de janeiro de 2015.

Fizemos o movimento começando por nós mesmas, pela pessoa da educadora, reconhecendo nossa história e trajetória. Ampliando nossos olhares sobre temas que ainda estavam na sombra, como as questões de Gênero, Corpo e Sexualidade. 

Dando mais a mais caminhamos na direção dos/as jovens, aproximando dos/as mesmos/as e de suas realidades, para saber mais das juventudes. Conceitos e contextos que os envolvem a fim de conhecendo-os/as amá-los/as e ser como instituto, como pessoas, como Igreja, como instituições, como grupo, suporte material e simbólico, contribuindo assim para a superação de paradigmas que controla e criminaliza os/as jovens, principalmente os/as mais empobrecidos/as e desenvolver estratégias de fortalecimento do paradigma que reconhece os/as jovens como sujeitos de direitos.

E no desejo de transver  a realidade ( das juventudes ) nos movimentamos fazendo o 3º módulo para conhecer ou reconhecer a opção pedagógica de formação com as juventudes da Igreja na América Latina - A Formação Integral. Que tem o grupo como o lugar privilegiado para se fazer essa formação, uma formação que se dá de forma pessoal e coletiva e por isso mesmo marcada por conflitos, porque não existe caminho de crescimento e desenvolvimento sem crises, afinal somos gente. 

Esse processo de formação integral prioriza cinco dimensões a Psicoafetiva, a Social e Cultural, a Politica, a Mistica ou Teologal e a Capacitação Técnica ou Metodológica. 

Porque sonhamos com pessoas felizes e com uma sociedade nova.
Para isso utilizamos diversos textos de diferentes autores e autoras, vídeos, trabalhos em grupos de vivência e no grupo maior, dinâmicas, músicas. 

E numa relação dialógica:

Desconstruímos e reconstruímos
Rezamos
Fizemos Festa,
Usamos fantasia  e brincamos o carnaval
brindamos a vida que pulsa em nós
louvando a Divina Luz e o Amor Eterno
que nos cria e nos recria para sonhar. 

E recordamos o tempo todo de Manoel de Barros

O poeta do Pantanal,que nos acolheu no primeiro dia do encontro com usa poesia:

" A expressão reta não sonha.
Não use o traço acostumado.
A força de um artista vem das suas derrotas.
Só a alma atormentada 
pode trazer para a voz 
um formato de pássaro. 
Arte não tem pensa:
O olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê. 
É preciso transver o mundo".

Se você deseja que esta atividade seja oferecida a outros grupos, então apoie o Centro de Juventude Cajueiro CLIQUE AQUI  é importante manter esta organização de leigos/as. Você está dizendo sim a formação.