sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

O Apocalipse, a mulher grávida e o dragão – mística para a Pastoral da Juventude! - Maicon Malacarne


No meio do livro do Apocalipse há o relato da luta de uma mulher grávida contra um dragão. É um sinal que “aparece no céu” (12, 1-5). O texto está dentro de um bloco do livro que faz uma grande denúncia contra o Império Romano que perseguia com voracidade as primeiras comunidades cristãs.

 O Império tinha fome de sangue e morte. Era um dragão faminto. O monstro persegue a mulher grávida. Não deixa em paz. Quer sua extinção. A mulher, de outro lado, sente-se solitária. Geme em suas dores de parto. Precisa resistir. Quer enfrentar. O dragão não tem pena. Ele é maior: “tem sete cabeças e dez chifres” (12,3). Horrível.

Lembro desse texto nos sentimentos que passam nos momentos que seguem o 12º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude. Entre a mulher samaritana que conversamos tanto e a mulher do apocalipse há uma correlação de forças. Sentimentos femininos que nós homens não damos conta de compreender. Não falta coragem. Não falta profecia. Sobra resistência.


Mesmo que o texto bíblico aponte a derrota inicial do dragão, ele continua insinuando sua força: “saiu para guerrear contra toda a descendência da mulher” (12,17). Cá estamos nós. O dragão continua solto e com bastante fome de morte. O dragão gosta de divisão, ele é diabólico. Usa discurso de manutenção da ordem, mas quer mesmo ver sangue e ruína. Sentimo-nos, não raro, solitários. Gememos e choramos. É uma luta muito desigual. Foi isso também que as mulheres nos falaram durante o ENPJ: nosso machismo é o dragão! Nosso machismo tem fome de divisão!

Deus está do lado da mulher grávida. Ele tem lado. A primeira vitória acontece. A segunda, a terceira, a quarta também... é preciso comemorar! Mas o dragão não se acomoda. Lançamos em Rio Branco a Campanha Nacional de enfrentamento aos ciclos de violência contra a mulher. Que celebração linda! Cantamos e dançamos! Ainda muitos enfrentamentos virão, mas é necessário celebrar. A Universidade Federal do Acre assistiu muita ciranda, muita reza, muita festa. As pequenas vitórias precisam virar celebração. Juntamos nossa voz a festa do Apocalipse: “agora realizou-se a salvação e o poder do nosso Deus” (12,10).

Voltamos para casa e temos a certeza: o dragão está vivo! O dragão é forte! O dragão quer dividir! O dragão não gosta que falemos de Ecumenismo, de cultura do bem viver, de Txai, de fraternidade... E a gente tem certeza: dia-pós-dia nós vamos vencer, dia-pós-dia as mulheres irão vencer. Elas estão chegando! Grávidas de novidades, projetos e de vontade de mudar o mundo! Elas estão chegando, solitárias e fortes para enfrentar o dragão!

Nessa luta desigual, é preciso conhecer o dragão. Para superar o dragão é preciso saber porque queremos vencê-lo. Não é possível esse movimento entre a memória e a utopia sem a gente se perguntar: quais os dragões de hoje? Quem é o “Império Romano” em 2018? Eu sei que isso dá um bom papo para os grupos de jovens! Vamos lá! E não esqueçamos: pequenas vitórias precisam ser comemoradas, celebradas, dançadas e cantadas!

Pe Maicon A. Malacarne
Diocese de Erexim - da Comissão Nacional de Assessores da Pastoral da Juventude
Imagens da PJ Nacional e o texto foi publicado no facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário