domingo, 9 de julho de 2017

Luis Duarte escreve uma carta ao Gisley - Memória feita pelo Hilário Dick

GISLEY, MÁRTIR

Querido Gisley,

Desde o dia 29 quero te escrever, mas o atropelo dos dias me impediu. Contudo, você tem estado muito presente. Dia 29 de maio de 2009 começava o Seminário Nacional que gestava e articulava a Campanha Nacional Contra a violência e o extermínio de Jovens.  Dia 31, o seminário se encerrava e muita coisa teria de ser articulada para efetivar ações na defesa da vida da juventude. Além tudo, foste meu aluno, estudando juventude, em 2003. Aparentemente, muito quieto.

No dia 15 de junho de 2009, contudo, teríamos que viver sua Páscoa. Não imaginávamos. Não esperávamos. Mas, os poderosos já haviam decidido: você seria morto porque falava e encarnava a questão do extermínio de jovens. Sim, não tenho dúvidas de que sua morte foi morte matada, à mando de poderosos. O seguimento te fez estigmatino, e recebeste, no corpo, os estigmas. Fui no local onde deixaram teu corpo...  Contudo, na tua Páscoa, vemos o que moveu tua vida: a paixão pelo Reino e pelos/as jovens. Choramos muito, mas, a morte não teve e não detém a última palavra.


Quiseram te assassinar para frear as ações de defesa da vida da juventude. Não se deram conta, porém, que você ressuscitaria nas milhares de ações que brotaram em prol da vida da juventude, depois de seu martírio. E sei que você acompanhou e animou tanta coisa que aconteceu Brasil afora, com as juventudes gritando e assustando, dizendo que aquilo não era causa santa.

Ainda hoje há poderosos querendo apagar tua memória. Também na igreja. Esquecem, contudo, que fidelidade à uma causa gera eternidade. Sempre que falarmos de luta pela vida da juventude teremos tua vida e memória presentes.

Não sei bem porque te escrevo. Falamos muito de ti, eu (Luís), Maurício Perondi e Pati Vieira numa mesa de partilha e causa. Hilario Dick , na festa dos 80 anos, chorou quando o Maicon Malacarne recordou sua fidelidade à juventude. Lembramos de ti, do Floris, do Albano, do Lourival, do Walderes...  Talvez seja por isso. Talvez seja para pedir ajuda para abrirmos horizontes e alinhavarmos esperanças no meio das opressões que testemunhamos em nosso país. Talvez seja para pedir ajuda para não sucumbir. E talvez seja só para escrever mesmo. São coisas que a razão não explica.

Te peço ajuda. Te pedimos. Ajude-nos a ser fiel. A ser plena Eucaristia. Ajude-nos a enfrentar os poderosos. Dá-nos coragem para rompermos nossos medos.  

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