quinta-feira, 6 de julho de 2017

20 anos da morte de Floris 1997 -2017 - Um assessor que fez história - Hilário Dick


UM ASSESSOR EXEMPLAR DA PASTORAL DA JUVENTUDE
– P. FLORISVALDO ORL ANDO -

Não me lembrava do dia, só sabia que era na metade de julho. Consegui confirmar: 16 de julho de 1997. Morria, em Goiânia, mais um mártir da juventude e do câncer. Ele se chama P. FLORISVALDO ORLANDO.

 Conheci-o quando ele era um padre novo, trabalhando com jovens em São Luiz de Montes Belos, em 1981. Impressionou-me a sua pedagogia e sua vontade de preparar-se melhor no trabalho da evangelização dos jovens. Foi assessor nacional, indicado pelos jovens, de 1990 a 1994. Teve que enfrentar um tempo difícil, aceitando a nomeação dos bispos em 1989, o tempo da transição do mundo apolíneo para o dionisíaco, tornando-se – no meu parecer - mártir da juventude. O P. Floris (é assim que todos o chamavam) amadurecia na assessoria do Regional Centro-Oeste fazendo da Casa da Juventude, em Goiânia, seu lugar de pensar em mutirão os diversos aspectos da Pastoral da Juventude que marcam esta Pastoral até hoje. 

Entre as pessoas com as quais trabalhava destacam-se o P. Albano Trinks S.J. (falecido m 1994) e Carmem Lúcia Teixeira. Não se entende a Campanha da Fraternidade da CNBB de 1992 – Juventude Caminho Aberto – sem o P. Floris.  Foi no tempo do P. Floris que aconteceu, igualmente, o 1º Congresso Latino-Americano da Pastoral da Juventude, em Cochabamba (Bolívia). Concluída sua missão de Assessor Nacional (1994), teve que se acostumar com um câncer que o levou para a Casa do Pai em 16 de julho de 1997. 


O P. Floris era Passionista, nascido no norte do Paraná, trabalhando na paróquia de São Luiz de Montes Belos, em Goiás, bastante longe do Santuário da Trindade, a caminho de Mato Grosso. Em 1982 convidei-o – como assessor nacional – para participar de um Grupo de Trabalho para pensar a evangelização da juventude no Brasil. Resultou num subsídio que a CNBB assumiu. Mais adiante – no Instituto de Pastoral da Juventude, em Porto Alegre – recebi dele uma carta longa, de letra pequena e bonita, pedindo sugestão para um local onde pudesse estudar juventude. Veio, com mais um colega, fazer o Curso de Assessores de Jovens. Um fato doloroso – assim o considero – foi o tratamento que algumas lideranças da PJ tiveram com ele na 10ª Assembleia Nacional em Vitória, não aceitando que ele fosse reeleito. Por vezes penso que foi ali que o câncer dele se tornou mais violento. 

Quando Floris estava doente, com pavor da quimioterapia, o Leandro, a Enedina, o Beto e eu nos metemos naquele “Gol” azul do IPJ e nos mandamos para Goiânia. Dissemos para ele que era uma visita, mas, de fato, era uma despedida. Nunca viajei tão longe para ajudar a enterrar um companheiro de luta. O enterro foi em São Luiz de Montes Belos, perto de Iporá. Quem me ajudou nesta decisão foi a Carmem Lúcia que, quando o P. Albano Trinks estava para partir para o Pai, em São Leopoldo, ela veio de Goiânia cuidar dele.


Será que hoje em dia nós falaríamos de “Processo de Educação na Fé” sem P. Floris? Onde andaria nossa discussão sobre “Assessoria e Acompanhamento”? Quantos livretos daquela coleção se espalharam pelo Brasil? Ele me faz lembrar, além do P. Albano Trinks, o P. Horácio Penengo que também partiu se esquecendo de dizer “Até logo”. Quantas vezes ele comigo e eu com ele nos retirávamos da agitação dos encontros para fumar um cigarro... Entre os quadros que mandei enquadrar está o P. Floris, com seu jeito de 47 anos. Relendo os princípios que o P. Floris assumia como assessor[1] confirmo tudo que disse sobre ele, sobre assessor: o melhor assessor que conheci na minha caminhada junto aos jovens e assessores da PJ.


[1] Veja a revista PJ A Caminho, nº 69 de 1997, p. 48-49.

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