segunda-feira, 13 de março de 2017

4 anos se passaram deste que o Cajueiro foi plantado



Morta... serei árvore,
serei tronco, serei fronde
e minhas raízes
enlaçadas às pedras de meu berço
são as cordas que brotam de uma lira.


Um Cajueiro que foi plantado no Cerrado, bioma brasileiro, que as chuvas vão até março, depois vive um período longo de seca, volta a chover, outubro ou novembro, dependendo dos círculos do planeta.Todos nós que vivemos nesta região sabemos que não é tempo de plantar. E se plantar, exige um cuidado diário, caso contrário, seca.

Quando a semente do Caju, foi jogada fora no chão, era janeiro, por causa da chuva, havia urgências diante da possibilidade do broto. Não havia muitas escolhas, era a exigência  para continuar servindo à juventude empobrecida, naquele chão ameaçado pela seca. Era necessário decidir, vamos manter vivo a muda que foi germinada? Era tempo de reconhecer que éramos a semente e perceber as potencialidades e as ameaças. Houve uma decisão do grupo - assumir a condição de semente e lançar-se na esperança. Foi este movimento que provocou vários outros movimentos e dentre eles, uma decisão de cuidar da vida e da juventude. Foi no dia 09 de março. Houve um acordo pela causa da juventude. Vamos! Podemos ser árvores acolhedora, podemos frutificar em qualquer lugar, até na seca dura do cerrado.

Como todos/as sabem, um acordo, nem sempre se torna fácil no cotidiano, as idas e vindas de cada pessoa pode intervir muito nesta decisão, de modo especial, os projetos de vida. Assim, como algumas situações como trabalho,  mudança, doença, morte, cansaço, desilusão.... nestes quatro anos tivemos de tudo. Cada acontecimento nos fazia atentos/as, ora uma força para cuidar, ora desejos de dispersar. As ameaças ao broto e a muda que necessita de cuidado eram constante. Várias questões surgiram, foram diversos motivos que ameaçaram a vida desta pequena planta, o cuidado e os sonhos eram ingredientes de cada dia destes 4 anos da vida da semente germinada e crescida neste chão.

Também, ao longo destes quatro anos precisamos reconhecer que houve muitos esforços, pessoas e grupos, que acreditaram e se dedicaram a manter viva a esperança, os serviços a favor da juventude empobrecida. E foram estes dois movimentos de ameaças e cuidado que possibilitou a vida predominasse. Vejamos o caminho:

A primeira grande aventura foi a realização do Intercâmbio Missão Aprender com jovens de vários continentes e parcerias como do IPJ/São Paulo, Fraternidade da Anunciação, DKA/Áustria, famílias que acolheram os jovens, Diocese de Goiás. Foi um mês intenso de formação. Semana Missionária em Goiás, Jornada Mundial da Juventude e construção da Tenda dos Mártires no Rio juntamente com a Pastoral da Juventude. Quantas pessoas! Acolhemos em nossas terras o Secretário do CELAM que visitou o Cajueiro e participou das atividades em Goiás.

Nossa primeira morada na Vila Romana acolheu estes sonhos. Fizemos mutirão de casa nova. E a casa do Lourival foi este espaço de acolher reuniões, livraria. Também, para onde foi a primeira remessa do ODJ - 6a e 7a Edições que contou com o apoio das Missionárias de Jesus Crucificado, das Irmãs de Santa Catarina,  Irmãs do Preciosíssimo Sangue...

Tempos depois, mudamos para o Centro Cultural Cara Vídeo. Novo lugar novas parcerias neste caminho. Neste tempo, tudo foi doado. Tivemos poucas despesas. Por isto, generosidade veio em abundância. Agradecemos toda equipe e de modo particular, Sergio Bernardoni e Delma Costa.

 Gente de perto e gente de longe. O programa de  Formação virtual: Na Trilha do Grupo de Jovens e da Civilização do Amor chegou a vários continentes, foram 22 países.  Foram várias pessoas que cuidaram de jovens e adultos/as como facilitadores/as. Dentre elas, Anderson Deizepe, responsável pela plataforma sempre atento para que as trilhas pudessem ser construídas ou mantidas. Parceiros sempre presente. Este projeto só foi possível com o apoio da Cáritas Brasileira a quem damos graças pela confiança. Contamos com parceiros do IPJ - Instituto Pastoral da Juventude - Venezuela, Marista da Região Sul, Centro Vida e Juventude, CELAM/PJ Latino Americana, Pastoral da Juventude Nacional, SEJUV/America Central,Rede de Assessores e Cuidadores de Juventude/Amazonas e as Irmãs de São José de Tarbes.

Na Trilha da Universidade nos levou para perto da juventude empobrecida, vários educadores, nestas 6 turmas realizadas, pessoas que estiveram na coordenação (Graça, Edinaldo, Fabiana, Lucinethe) em torno de 360 jovens passaram pelo projeto, parceiros como a ProAfro, extensão da PUC/GO, um grupo de educadores/as, alguns deles/as voluntários/as, amigos/as estiveram juntos/as. Os dois grupos da Espanha: Promenor e La Abuela, O Centro Cultural Cara Vídeo e as Missionárias de Jesus Crucificado. Tantas pessoas voluntárias, doadores anônimos...

Na livraria - Graça, Erika, Ciron, Claudia - gente que se dedicou atender as pessoas. Muitos materiais seguiram para este Brasil. Em alguns lugares levamos conosco para as assessorias.  Outras pessoas se envolveram  na produção do material e no cuidado como: o Berg, Miriam, Katiuska, Hilário Dick, William, Luis Duarte, Lourival (in memorian), Carmem.... Nossa parceria com a UFG/ FAPEG permitiu novas publicações.

O Grupo de Pesquisa sobre a Condição Juvenil permaneceu - Cajueiro fez parceria com a UFG e pesquisadores. Acolheu a equipe de pesquisa. Recebeu vários materiais - computadores, máquinas filmadora, material de uso de secretaria. Este apoio permitiu montar nosso escritório de apoio.

Em Goiás, na Fraternidade da Anunciação realizamos vários encontros para o cultivo da mística do Bem Viver! Celebramos a memória dos 20 anos das Escolas Bíblicas para Jovens. Agradecemos a presença da Adveniat/Alemanha que segue como parceira neste projeto, agora apoiando as ações do Cajueiro.

Apoiamos e fizemos parte do nascimento do Observatório "Juventudes na Contemporaneidade", um núcleo das Ciências Sociais/UFG onde somos parte no projeto como organizadores. Espaço de articulação de pesquisadores e grupos de estudo e pesquisa em juventude. Foram vários ciclos de debates de tema atuais sobre a vida da juventude. O grupo de pesquisa Cajueiro e UFG/UEG alimentando as pesquisas engajados nestes espaços.

Os encontros nas casas para celebrar a vida, partilhar as histórias foram ganhando força em cada Ofício nas Casas, encontrar a comunidade para alimentar nosso primeiro amor - a causa da libertação do povo. Esta exige um engajamento diário.

Acompanhar os jovens e mulheres nos projetos de economia solidária, de juventude e comunicação - Jovem Comunica que renderam muitos diálogos com grupos e universidades, com jovens rurais e da cidade. Pensar possibilidades novas de estar no mundo com possibilidade concreta de transformação social.

A comunicação através das redes sociais - facebook, instagram, canal no youtube, twitter, "google mais", grupos no whatsApp nos tornaram mais conhecidos em vários lugares. As imagens criadas por Aurélio Fred, Wolney e Berg deram graça e beleza em vários espaços de comunicação.  As confecções de camisetas para divulgar as causas da vida. As músicas produzidas pela Graça, as aulas de Corel DRAW para produzir imagens... A Ciranda da Vida lembrando a festa de aniversários de amigos/as.

A realização de encontros celebrativos no Espaço onde foi o Mosteiro, hoje Fraternidade, foi tempo de tecer parcerias e sonhos, aprofundar temas, construir trilhas. As assessorias prestadas para diversos grupos, algumas mais longas, como a Escola de Coordenadores em Iguatu/CE de 10 dias, a Escola com Educadores/as do Município de Uruana/GO, a Escola de Educadoras com as Irmãs Lourdinas de 30 dias em três etapas, ao processo de elaboração do Plano de Formação da Diocese de Goiás em vários finais de semana, durante o ano, ao acompanhamento da Assembleia da CPT, de mais de ano, ao planejamento da Universidade Estadual de Goiás, para a organização dos/as Gerais das Congregações Brasileiras e várias congregações - grupos de formação, conselho geral, planejamento.... Pastorais de Juventude nos diversos níveis, desde o nível nacional ao grupo de jovens. O acompanhamento às mulheres da associação em Ceres/GO

Tempo e disposição para organizar o espaço do Cajueiro, as mudanças, a limpeza diária, a organização da Biblioteca Popular Lourival Rodrigues, acompanhar o espaço do Centro Cultural, receber as pessoas, apresentar o projeto do Cajueiro para vários grupos que desejam pesquisar, organizar encontros, reuniões.... ir ao banco, ficar na espera em filas, elaborar projetos, realizar reuniões virtuais..... são tantas ações que não tem visibilidade e que consomem tempo.

Estes quatro anos foram marcados pelo cultivo pessoal, visitas nas casas, cuidado na saúde, organização de almoço ou janta, acolhida da Edina, celebração das festas de Pe. Geraldo e Pe. Célio, aniversários, tempo para cultivar a amizade. Tempo para celebrar a Páscoa de gente amada e querida - Walderes Brito, Neilton Veloso, Lourival Rodrigues - cuidados que exigiram tempo de cuidados intensos. Saudades.

Era para o broto não resistir. Possivelmente, essa foi a ideia dos que jogaram fora a semente, que descartaram o fruto, que ignoraram o processo, a vida. Uma semente teimosa, já cantava a pedra, o Walderes. O tempo, sabemos é de seca, o cuidado é constante. Como não agradecer tudo, com tantas coisas, que nos fizeram diferentes. Há tanta esperança, mesmo diante de uma realidade dura na política, na economia, nos direitos ameaçados. Não dá para parar. Este é o desejo de muitos que estão por aí desorganizando o povo, impedindo que os pobres tenham vez e voz. Esquecem: Somos semente do Cerrado. Nosso aprendizado é milenar.

O Cerrado tem este poder, pode até queimar, a aparência e de morte, porém,  na primeira semana de chuva, tudo recomeça com a vida que resiste. Assim, o Cajueiro do Cerrado, tem esta força que experimentamos nestes 4 anos. Não temos certeza de nada, se continua crescendo, se irá dar frutos e tornará uma mata de cajueiros por aí. Seguimos confiantes uns nos outros/as, renovando nossos desejos de vida, pois "somos todos cajueiros!"





 




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