quinta-feira, 24 de novembro de 2016

LOUCURA - Hilário Dick


O Papa Francisco é, realmente, estupefaciente; causa espasmo; faz o coração acelerar. Ao concluir sua carta “Misericordia et misera” ele vem falar do Dia Mundial dos Pobres! Na crueldade que nos rodeia, e não deixa de morar em nós, quem teria uma inspiração dessas?

 Assim como o Papa nos pega no íntimo, ele avança também sobre a maior vergonha da humanidade da qual o sistema não quer falar. Quando digo que o sistema neoliberal é tanatófilo, amante da morte, é a isso que me refiro.

 Assim como o sistema mata o pobre, mata o outro, ele mata a si mesmo; assim como não é capaz de amar a si e ao outro/a, não gosta da vida. Gosta do dinheiro e seus asseclas. Gosta da morte. É um prazer destruir a natureza; é um prazer ver represas destruídas, matando o que consegue encontrar. É um prazer estar armado; é um prazer ver uma periferia sem esgoto se escondendo nos morros porque nas planícies só há espaço para espaços desocupados; é um prazer nadar no meio da sordidez.

Que loucura mais louca celebrarmos o Dia Mundial dos Pobres! 

Que loucura mais louca irmos ao mais fundo da profundeza de nossas crenças e de nossas bondades.
O que dirão aqueles que acham (não acreditam) que a felicidade mora no umbigo do euro ou do dólar? O que dirão os que até inventam guerras para que haja menos incomodação da miserável periferia? 

Para quem tem coração, o Papa Francisco está propondo o lançamento de uma bomba de ternura sobre as crueldades que são muito piores do que desumanas. Quando a pessoa humana se esquece que é humana, dizer que é “animal” é ofender toda a natureza animal que nos envolve.
 

Viva a loucura do Papa Francisco!

Um comentário:

  1. Hilário, bom como sempre. Você também sempre surpreende. Abraço. Geraldo

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