terça-feira, 18 de outubro de 2016

Uma carta para o Lourival: Louri kd vc? Inauguramos a Biblioteca!!




Esta conversa do whatss ai do lado foi uma das últimas que você digitou pra mim. Depois eram apenas áudio, esta foi no dia 28 de março, e no dia 04 de abril você internou de vez...e nos últimos dois anos eram assim os nossos dias, um querendo saber do outro, quando chegava a tarde e nenhum de nós não havia dado notícias já vinha uma mensagem assim. Nesses últimos 5 meses sinto muita falta desses: oi’s, kd’s vc, os como amanheceu? dos bom dias flor do dia, enfim de você.


Mas com a correria destes meses, de arrumar documentação, de cumprir suas agendas em algumas assessorias, de fazer tanta coisa que não deu tempo de te escrever e contar algumas coisas. Mas sei que está acompanhando de onde estiver. Desde a semana da Oficina de Rodas de Conversa e depois em preparação para Inauguração da biblioteca tenho sentido fortemente sua presença, as vezes escuto seu andado ou tenho a impressão de te ver deitado no sofá do Cajueiro.  



Na semana passada quando pensamos em servir pamonha para inauguração me lembrei da nossa última ida na pamonharia – um desastre..kkk querendo agradar...nos lascamos: tínhamos levado pessoas do Rio Grande do Sul (vou contar o milagre, mas não irei contar o santo) e você percebeu que as criaturas não gostavam de pamonha, que estavam comendo por educação e com uma cara...afff. Ao entrar no carro, você virou pra mim com aquela cara rabugenta que só você sabia fazer e disse: “nunca mais trago ninguém do sul pra comer pamonha, ave maria.”(ri demais da conta). Mas Lori, desta vez não erramos no que servir no dia da inauguração, a maioria venceu: éramos goian@s, comemos pamonha até:  de doce e de sal..rsrsr...

Foi bonito de viver Lori, durante a semana as pessoas entrando em contato querendo participar de alguma forma da organização da biblioteca. E o tanto de livro que as pessoas doaram?!!!!? E as preciosidades????, mas também apareceu cada coisa...rsrsr...na hora que a gente recebia já imaginava sua cara de reprovação...rsrs

Lembro que um dos últimos pedidos que não tive oportunidade de atender foi organizar a biblioteca de sua casa. Mas não medimos esforços para organizar uma BIBLIOTECA POPULAR, com a sua cara e aberta principalmente para a juventude. 

Foi emocionante a construção coletiva de tudo isso: Berg arrasou na arte, teve tanta  sensibilidade, até a foto que parece que você está conversando com a gente, ou melhor ensinando a gente a fazer algo. Ele pensou em cada detalhe no que você tanto pediu: até a cor LARANJA. Não esquecemos nenhum só momento, até a fita de inauguração foi laranja. A Carmem? tinha uma ideia a cada minuto..rsrsr...mas se dedicou tanto com os meninos e as meninas do Trilha Uni que era contagiante.  Marisa, Delma, Nethy, Taty que ornamentaram o lugar que ficou lindo de ver. Mas nem te conto: a Arilene colocou aquela colcha de retalho que você vivia dizendo que estava velha demais, e que não estava bonita mais pra ser usada...rsrs...chamei ela de teimosa...e ela não me ouviu...colocou lá...pronto entreguei...sua comadre.


E pensar o roteiro da noite, estávamos em sintonia, foi tudo tão tranquilo. Célio lembrava a todo momento que era preciso dar a palavra aos jovens e Arilene fez dignamente. E Joara que com ajuda do texto da Mirian fez bravamente e criativamente apresentou um Cordel só pra você. Te surpreendemos, né? Você nunca imaginaria que iria ter sanfona??? rsrs..carta na manga...bingo..rsrsr...Não queríamos correr o risco da Carmem ter que puxar os cantos..rsrs..Danilo sempre gentil, nos encantou com sua sanfona e bela cantoria. E a Mercedes chegou com uma bata linda vermelha do México em sua homenagem, nos emocionando com suas palavras e doida,,,rsrs..com cirurgia nas veias a danada dançou forró. Ah nem te conto: Teve transmissão ao vivo!!!! Poderoso demais da conta você!!! Com uma biblioteca no seu nome: BIBLIOTECA POPULAR LOURIVAL RODRIGUES e ainda com transmissão ao vivo!!!! Coitado do Samuel uma hora segurando o celular da Carmem para transmitir as imagens. Aposto que você deve ter adorado ver o Samuel quietinho...rsrs...mas ficou muito bacana, muita gente acompanhou mesmo de longe. Gente de todo canto se juntou na sexta feira com um pratinho de comida, um refrigerante, um biscoito, uma quitanda bem goiana, um sorriso enfim - tudo de bom estava reunido: cheiros, sabores e saberes. Uma belezura!

Foi lindo ver quando sua mãe e todos os seus chegaram e se juntaram as quase duzentas gentes que se apertaram no salão principal do Centro Cultural. O Heitor seu sobrinho me entregou o quadro pintado por ele com a logo do CAJUEIRO e disse: Tio Lori viu o quadro pronto, só não trouxe pra vocês porque não deu tempo de secar. Chorei com eles, deles falarem do orgulho de ter tido um tio como você.


Este dia 14 de outubro de 2016, vai ficar na memória e como dizia Adélia Prado: “o que a memória amou ficou eterno”, foi um dia da memória da gente amar e de reencontrar, de celebrar e festejar, justo na véspera do Dia do Professora(o). Foi o dia de lembrar e festejar a sua história Lori que de carroceiro se torna em um pesquisador, não tinha data mais feliz: o dia do nosso eterno educador de nossas vidas. E você que tanto gosta da frase de Cora: “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” que me deu uma camiseta com essa frase uma vez, pois é a frase está no marca página. Fiquei encabulada de ver a felicidade do povo. Todos e todas tinham uma história para contar que tinha vivido contigo, a cada instante vinha uma história sua e não tinha outro momento de lançar o tão dedicado livro de pesquisa: “Juventudes – Educação e Religião em Cenários de Violência”. Vi o tanto que você dedicou na  pesquisa e na transcrição de todos os textos. E a equipe trabalhou direitinho organizando tudo e numa agilidade, precisava ver a Miriam e Berg dando autógrafos: finíssimos e lindos nossos amigos.


Mas o desejo maior era de você estar presente fisicamente no meio de nós, e sua mãe ao cortar a fita se emocionava e disse: “eu gostaria que meu filho estivesse fazendo isso que estou fazendo”.  
Não teve esse que não segurou as lágrimas ao ouvir o depoimento da Elivane ao contar que você quem a entrevistou para o Projeto Na Trilha da Universidade e dizia a ela que ira ajudá-la a passar no vestibular, que a fez uma menina mais corajosa a enfrentar o racismo e tantos outros desafios que só uma jovem negra e pobre enfrenta nesta sociedade perversa.

Dona Abigair não cabia tanta emoção, com sua máquina fotográfica, pedia o tempo todo para a gente tirar foto com ela, que era para guardar de lembrança e mostrar para o restante da família. Me fez prometer passar um dia com ela em Anicuns e levar a Carmem. Carmem nem sabe mais prometi leva-la.rsrs.

Hoje foi o dia de arrumar o que ficou da sexta-feira e aí Alex seu irmão esteve lá uma parte comigo e ficamos conversando o tempo todo na biblioteca, a sensação é que estávamos mais perto de você. E assim que o espaço da Biblioteca será, um pedacinho de ti no meio da gente. E neste restinho de dia, já entrando para o outro que está para nascer senti que precisava escrever pra ti,  porque sinto que você descansa em paz, e eu também te deixarei em paz depois dessa carta enorme e ao ler você deve estar como escreveu pra mim no whatss: “chorei de lembrar e de ver o povo”. Mas amigo agora nossas vidas seguem mais do que nunca porque ficou celebrado e festejado nesta sexta feira que o seu legado também é nosso legado que foi e será: cuidar da juventude e das pessoas que querem simplesmente construir o bem.


Um cheiro com cheirinho de alecrim e Cum Deus Amado!
Claudia Monteiro Lima

2 comentários:

  1. Daniela Gomes dos Santos19 de outubro de 2016 às 12:32

    Linda carta! Lindas lembranças! Dona Abigair liiinda do nosso coração! E Lourival liiindo em nossos corações e na nossa memória!!!! Beijos, Dani Gomes.

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  2. Dani de fato a carta nos ajuda a fazer uma boa memória do Lourival. Dona Abigair estava presente na inauguração forte e saudosa. abraços,

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