Este é o pedido dos jovens que estão ocupando as Escolas em Goiás e pede a todos nós que compartilhem a nota deles/as:
LEIAM E COMPARTILHEM:
NOTA SOBRE O PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE:
Desde o início do movimento secundarista de ocupação que passou a
acontecer como um ato de manifesto contra a implementação das OSs na
educação, sabíamos que não seria fácil.
Não esperávamos
compreensão do governo, autenticidade nas declarações da mídia ou afago
de polícia, até mesmo porque não é mistério pra ninguém a conduta
ambígua dessa tríade aliada por interesses próprios e interesses do
nosso supremo grandiosíssimo Sr. Governador Marconi Perillo.
O
pedido de reintegração de posse dos colégios ocupados foi deferido ontem
pelo desembargador Geraldo Gonçalves da Costa [esse cara aqui: https://www.ascom.ufg.br/n/12625-engraxate-que-virou-desemb…
] e dá o prazo de 15 dias, a partir da notificação oficial, para que os
estudantes desocupem as escolas. Declaram que nós, ocupantes, estamos
atrapalhando o fornecimento do serviço público de educação. SIM, NÓS
ESTUDANTES.
Gostaríamos primeiro de nos direcionar à população,
um grito de socorro que vem das entranhas do movimento: OLHEM PARA NÓS!
Olhem para a nossa causa que é legítima. Não estamos aqui pelo nosso
umbigo, nossa luta é de classes! Nossa luta é coletiva! Por mim, por
você, pelos teus e nossos filhos!
Não somos representados por
nenhum partido ou organização política, nosso ambiente de ocupação não é
um lugar de sexo, drogas e rock n’roll como dizem as mídias sociais que
comem na mão do ditador Perillo. Essas histórias são disseminadas para
sujar o movimento. Nós passamos nosso tempo dentro do colégio discutindo
política, organizando oficinas culturais, rodas de debate, cultivando
hortas, reciclando e até limpando foco de dengue dessas instituições
jogadas as traças pelo nosso governo. Zelamos esse espaço que nós
respeitamos e compreendemos a importância dele na formação pessoal e
individual de cada cidadão. Não estamos brincando, entendemos que isso
não é uma colônia de férias. Saímos da nossa zona de conforto em nossas
casas e estamos longe de nossas famílias porque acreditamos em nós e na
causa pela qual estamos lutando.
Não é fácil morar num colégio!
Não é à toa que dormimos em colchonetes.
Não é à toa que tomamos banho de água fria.
Não é à toa que ficamos à mercê da caridade pra nos alimentar.
Não é à toa que trabalhamos duro pra zelar esse espaço.
Não é à toa que capinamos, limpamos banheiros, cantos e quintais.
Não é à toa que viramos noite fazendo ronda de segurança.
Não é à toa que sofremos perseguições por militar nesses movimentos.
Não é à toa E NEM INCONSCIENTES que estamos colocando nossas cabeças em risco pra travar essa luta.
O estado quer que a população pense que somos crianças desatinadas que
não sabem onde estão e porquê estão. Ah, queridos, nós sabemos sim!
Sabemos de onde viemos, onde estamos e porquê estamos. Sabemos também
que educação de qualidade não é prioridade para os nossos governantes e
que colocar empresários dentro das nossas escolas não é a solução, a não
ser que a solução que vocês estejam buscando seja para os problemas
financeiros de vocês, superfaturando e desviando verbas públicas.
Nosso movimento, pra ser visto, precisa incomodar de alguma forma.
Estamos embaraçando a ordem do ponto de vista que nossa presença nas
escolas, por culpa do governo que não se mostra disposto a recuar com as
OSs, vai parar provisoriamente as aulas. Mas vejam isso como uma
reforma... Pra solucionar algum problema físico de uma casa você precisa
reformá-la, e infelizmente isso não acontece num passe de mágica. É
preciso passar pelo constrangimento do barulho, da poeira e da desordem,
mas depois que acaba você desfruta do conforto de uma casa bem
estruturada sob as bases sólidas de uma mudança que causou algumas
compressões, mas trouxe bons resultados.
Esse é o nosso
movimento; incomodaremos para sermos notados por aqueles que nos
diminuem e não acreditam na força popular. Aqueles que lhes mantém sob
cabresto, pedindo que vocês se silenciem e aceitem as coisas como elas
são simplesmente pra não causar maiores agitações. Conflito? Nós somos o
conflito, o grito, o barulho e esse barulho se fará ouvido! Somos a
revolta diante do descaso do governo com nossas questões.
Vamos
nos reunir com os advogados pra saber o que é possível fazer diante do
pedido de reintegração. Ainda decidiremos como proceder ante a repressão
do estado com a nossa luta, mas de uma coisa estamos certos e
irredutíveis: NÃO DESOCUPA, NÃO TEM ARREGO!
Texto - nota publicada no facebook, imagens facebook produzida pelos estudantes.
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