domingo, 24 de janeiro de 2016

"OLHEM PARA NÓS" - ESTUDANTES DE GOIÁS NOS DÁ UMA LIÇÃO DE VIDA


Este é o pedido dos jovens que estão ocupando as Escolas em Goiás e pede a todos nós que compartilhem a nota deles/as:

LEIAM E COMPARTILHEM:

NOTA SOBRE O PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE:
Desde o início do movimento secundarista de ocupação que passou a acontecer como um ato de manifesto contra a implementação das OSs na educação, sabíamos que não seria fácil.

Não esperávamos compreensão do governo, autenticidade nas declarações da mídia ou afago de polícia, até mesmo porque não é mistério pra ninguém a conduta ambígua dessa tríade aliada por interesses próprios e interesses do nosso supremo grandiosíssimo Sr. Governador Marconi Perillo.
O pedido de reintegração de posse dos colégios ocupados foi deferido ontem pelo desembargador Geraldo Gonçalves da Costa [esse cara aqui: https://www.ascom.ufg.br/n/12625-engraxate-que-virou-desemb… ] e dá o prazo de 15 dias, a partir da notificação oficial, para que os estudantes desocupem as escolas. Declaram que nós, ocupantes, estamos atrapalhando o fornecimento do serviço público de educação. SIM, NÓS ESTUDANTES.

Gostaríamos primeiro de nos direcionar à população, um grito de socorro que vem das entranhas do movimento: OLHEM PARA NÓS! Olhem para a nossa causa que é legítima. Não estamos aqui pelo nosso umbigo, nossa luta é de classes! Nossa luta é coletiva! Por mim, por você, pelos teus e nossos filhos!

Não somos representados por nenhum partido ou organização política, nosso ambiente de ocupação não é um lugar de sexo, drogas e rock n’roll como dizem as mídias sociais que comem na mão do ditador Perillo. Essas histórias são disseminadas para sujar o movimento. Nós passamos nosso tempo dentro do colégio discutindo política, organizando oficinas culturais, rodas de debate, cultivando hortas, reciclando e até limpando foco de dengue dessas instituições jogadas as traças pelo nosso governo. Zelamos esse espaço que nós respeitamos e compreendemos a importância dele na formação pessoal e individual de cada cidadão. Não estamos brincando, entendemos que isso não é uma colônia de férias. Saímos da nossa zona de conforto em nossas casas e estamos longe de nossas famílias porque acreditamos em nós e na causa pela qual estamos lutando.


Não é fácil morar num colégio!
Não é à toa que dormimos em colchonetes.
Não é à toa que tomamos banho de água fria.
Não é à toa que ficamos à mercê da caridade pra nos alimentar.
Não é à toa que trabalhamos duro pra zelar esse espaço.
Não é à toa que capinamos, limpamos banheiros, cantos e quintais.
Não é à toa que viramos noite fazendo ronda de segurança.
Não é à toa que sofremos perseguições por militar nesses movimentos.
Não é à toa E NEM INCONSCIENTES que estamos colocando nossas cabeças em risco pra travar essa luta.

O estado quer que a população pense que somos crianças desatinadas que não sabem onde estão e porquê estão. Ah, queridos, nós sabemos sim! Sabemos de onde viemos, onde estamos e porquê estamos. Sabemos também que educação de qualidade não é prioridade para os nossos governantes e que colocar empresários dentro das nossas escolas não é a solução, a não ser que a solução que vocês estejam buscando seja para os problemas financeiros de vocês, superfaturando e desviando verbas públicas.

Nosso movimento, pra ser visto, precisa incomodar de alguma forma. Estamos embaraçando a ordem do ponto de vista que nossa presença nas escolas, por culpa do governo que não se mostra disposto a recuar com as OSs, vai parar provisoriamente as aulas. Mas vejam isso como uma reforma... Pra solucionar algum problema físico de uma casa você precisa reformá-la, e infelizmente isso não acontece num passe de mágica. É preciso passar pelo constrangimento do barulho, da poeira e da desordem, mas depois que acaba você desfruta do conforto de uma casa bem estruturada sob as bases sólidas de uma mudança que causou algumas compressões, mas trouxe bons resultados.

Esse é o nosso movimento; incomodaremos para sermos notados por aqueles que nos diminuem e não acreditam na força popular. Aqueles que lhes mantém sob cabresto, pedindo que vocês se silenciem e aceitem as coisas como elas são simplesmente pra não causar maiores agitações. Conflito? Nós somos o conflito, o grito, o barulho e esse barulho se fará ouvido! Somos a revolta diante do descaso do governo com nossas questões.

Vamos nos reunir com os advogados pra saber o que é possível fazer diante do pedido de reintegração. Ainda decidiremos como proceder ante a repressão do estado com a nossa luta, mas de uma coisa estamos certos e irredutíveis: NÃO DESOCUPA, NÃO TEM ARREGO!

Texto - nota publicada no facebook, imagens facebook produzida pelos estudantes.

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