terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Fórum Social Temático 2016 +15 Anos Balanço, desafios e perspectivas na luta por outro mundo possível



Conheça a síntese da experiência do Fórum Social Mudial 2016+15

Porto Alegre foi o palco de encontro dos movimentos sociais e de diversas experiências do campo e da cidade durante os dias 19 a 23 de janeiro/2016 para Fórum Social Temático 2016  + 15 anos, que teve objetivo de realizar um balanço, desafios e perspectivas na luta por outro mundo possível e a importância da articulação entre as diversas pautas como principal estratégia de resistência e transformação social.
Os principais temas abordados ao longo do fórum, durante oficinas e nas atividades autogestionárias foram: juventudes, direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, das, das mulheres, dos negros e negras, da população LGBT, indígenas, quilombolas, luta do povo palestino, luta pela democratização da comunicação, mobilidade urbana, direito à moradia, direito a educação, economia solidária, educação popular, luta antimanicomial entre outros. Foi lembrada também a tragédia ocorrida em Marina (MG) com o rompimento da barragem da mineradora Samarco (Vale e BHP). Vale destacar que os debates do Fórum Social Mundial foram fundamentais para questionar essas questões e provocar os participantes para “um outro mundo possível”, os quais foram:

·      Debate da Globalização, Desigualdade e Crise Civilizatória – com a presença ilustre do sociólogo  Boaventura de Sousa Santos (Coimbra/Portugal); 
·         Direitos Humanos, Diversidade e Pluralidade - Maria do Rosário (Deputada Federal PT/Rio Grande do Sul/Brasil),Peninha (Movimento População de Rua – Brasil), João Padilha (Kaigank – Comunidade Borboleta);
·      Juventudes: Resistência  e Luta por Direitos e Democracia – com a presença de Tico Santa Cruz (ativista e artista – Banda Detonautas/Brasil), Carina Vitral (Presidente da UNE/Brasil), Gabriel Medina (Secretaria Nacional de Juventude/Brasil);
·     Democracia Econômica - Boaventura de Sousa Santos (Coimbra/Portugal), Paul Singer (Secretario Nacional de Economia Solidária - SENAES/Ministério do Trabalho, Emprego e Previdência Social/Brasil), Maria do Rosário (Deputada Federal PT/Rio Grande do Sul/Brasil), Joaquim Melo (Banco Palmas/Fortaleza/Brasil).
·         No último dia aconteceu a Assembleia dos Movimentos Sociais, e construiu de forma coletiva  todas as propostas e moções em forma de  Carta do Fórum Social Temático 2016 que estará disponível no site do evento: http://forumsocialportoalegre.org.br/forum-social-mundial/
O Centro-Oeste brasileiro esteve com uma delegação de 40 educadores/as populares que participaram do Curso de Formação de Educadores/as de Educação de Jovens e Adultos e Economia Solidária, uma das atividades do FSM uma realização do Centro de Formação em Economia Solidária, convênio entre a SENAES e a ECO-CUT. O curso foi espaço de troca de saberes dos educadores/as e teve assessoria do Prof. Richele Passos (UNEMT/Brasil) que nos provocou sobre nossa reconciliação com as coisas do planeta, e que nascemos originais e que ao longo do caminho nos tornamos cópias uns dos outros. Que nos encheu de esperança que somos seres de PALAVRA, que a palavra que nos diz que o SABER  é um ato do criador.

Durante o FSM, foi marcante e importante a presença do sociólogo e professor Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra e da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (Upms), que avalia que foi importante a realização deste fórum diante da atual conjuntura global: “saímos daqui com muito mais força, mais seguros dessa força e mais conscientes dos perigos e das dificuldades, dos obstáculos e dos inimigos contra quem temos que lutar”. Ele  fez um balanço desses 15 anos, e diz que o FSM surgiu em um tempo de esperança. “Estávamos no único continente onde era possível se falar em socialismo do século 21”, disse, se referindo a onda de eleições de governos progressistas que ocorreu na América Latina no início do século. E destacou que uma das vitórias do FSM foi sustentar e articular os movimentos sociais que foram a base das políticas sociais desses países.
Boaventura relembra que em 2001 “fazíamos lutas ofensivas”, um contraponto ao Fórum de Davos, buscando construir uma simetria de forças entre o mundo real, neoliberal, o “outro mundo possível”. Essa simetria não se sustentou: “Em 2016 fazemos lutas defensivas”, disse. Ele avalia que, depois que os movimentos populares chegaram ao poder, “concluíram que tinham um amigo no governo e descansaram”. “É preciso defender, mas a melhor maneira de defender é atacar”, disse.
O FSM 2016 reuniu cheiros, sabores e saberes. E é "com cheirinho de alecrim" como disse Boaventura que finalizo com algumas das falas fortes que ficaram marcadas como: "o Brasil está perdendo a imaginação política, que é a capacidade de reconstruir a realidade. " - "Precisamos nos reconciliar com todas as coisas do planeta" - "Animalidade" - " precisamos resgatar a humanidade dentro de nós" - "somos PALAVRA, somos VERBO e somos CARNE" - "não podemos nos silenciar" - " o que cremos que quem esta do nosso lado esteja realmente do nosso lado e que tome medidas que não nos envergonhe" - "agressividade do capitalismo" - " o capitalismo não está sozinho., ele está junto com o racismo, o machismo e o sexismo". "Dilma tem que saber que o povo não é estúpido". "seu dotor não se engane o manicômio não e humano" - "Fica Dilma e SENAES" – “LIBERDADE - FRATERNIDADE E IGUALDADE”.
Foram dias de muito aprendizado com pessoas que fazem acontecer outro modelo desenvolvimento em seu território e que luta pela garantia de direitos universais. Que venha em agosto de 2016 no Canadá um Fórum Social Mundial com grande participação para aprofundar os debates e reforçar nossas esperanças vivenciadas em Porto Alegre/RS que um outro mundo é possível.
Claudia Monteiro Lima, educadora popular, membro do Centro de Juventude Cajueiro


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