domingo, 15 de novembro de 2015

Entre a dor e a esperança, o compromisso!



“Do tronco da vida, mesmo ferida, nasce uma flor, rindo da dor”

Os tempos são de muita dor. Dor pelas tragédias, excepcionais e de todo dia. O capital, colocado acima da vida, quer nos fazer cegos e egoístas; insensíveis e não sentir a dor de nossos irmãos e irmãs, de perto e de longe. Em Mariana/MG, em Paris, na Nigéria, na Síria, na Palestina, em Messejana, em Fortaleza/CE, no Cabula e subúrbio de Salvador/BA e em tantos outros lugares, a dor se espalha em irmãos e irmãs que sofrem, pelas tragédias excepcionais e de todo dia, num sistema social onde a vida é deixada de lado. Somos, ou não, a família humanidade? 

O capital, colocado acima da vida, não enxerga a morte e o mal causado pelas barragens arrebentadas em Mariana. O que significa para uma família perder tudo? O que significa a morte de um rio? O que significam milhares de pessoas sem água? O que significa perder seu lugar, sua história? Qual o real impacto do maior “acidente ecológico do Brasil? Não estamos diante de acidentes ou de acasos; estamos diante de consequências de um sistema onde o dinheiro é o central e não a vida.

O capital, colocado acima da vida, não nos permite enxergar as tragédias de todo dia. O que significa a morte de tantos/as, dia após dia em nosso país? O que significam os altos índices de violência contra a mulher? O que significa tanta homofobia? O que significa tanto extermínio da juventude? O que dizer de tanta violência? O que significa tanto extermínio de negras/os? O que significa tanto preconceito? O que dizer dos sonhos que não se tornam realidade? O que significa a xenofobia, que nos impede de acolher? Que dizer dos abraços que não existiram? E dos amores que foram dizimados?

O capital, traiçoeiro e amante da morte, ainda faz que não enxerguemos as/os pobres, de perto e de longe, da casa ao lado ou do nosso bairro. Tantos direitos negados... No meio de tanta dor, como é terrível ver e ler pessoas pedindo intervenção militar. Porque pedir a volta de um sistema que ceifou a liberdade? Porque a volta de um sistema que ceifou incontáveis vidas?

Contudo, para além da dor, da tragédia e da morte, há sinais de esperança. O sistema onde o capital é o central, não nos impede de enxergar, em meio às frestas, esses sinais. No desespero e no medo, é mais fácil a vida seguir sendo deixada de lado. Por isso, mesmo é preciso resgatar os sinais de esperança. No meio da dor, há mãos que se solidarizam. Um pão é partilhado. Um copo de água é cedido. Um colo é ofertado. Um abraço, mesmo em meio das lágrimas, é dado e acalenta. Pessoas se organizam. O luto, se torna luta pela vida. Marchas contra a negação de direitos acontecem em cantos diversos. A solidariedade não desaparece.

A dor deve doer muito em nós, como grande família humana que somos. Deve doer, para que a dor nos tire da estagnação e nos faça ser doação radical, nos pequenos gestos e nas grandes ações.
Fazendo, que aos poucos, a vida se torne central em nós, nas relações e ao nosso redor. A morte, não tem e não terá a última palavra. “Do tronco da vida, mesmo ferida, nasce uma flor, rindo da dor”.
Entre a dor e a esperança, é preciso reafirmar o compromisso com a vida. Entre a dor e a esperança, sejam nossas vidas causa, doação. Entre a dor e a esperança, o compromisso com a VIDA, plena, abundante e feliz para todas e todos. Sigamos com esperança, sempre...

Amém!

Luis Duarte, jovem colaborador do Centro de Juventude Cajueiro.
Imagem -Carmem Lucia Teixeira

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