Mujica: 'A única luta que se perde é a que
se abandona. Não se pode viver sem esperança'
"O capital financeiro não tem Pátria, não tem bandeira e nem se
senta nas ONU, precisamos que os que têm Pátria defendam a vida e a
liberdade."
Leonardo Wexell
Severo - CUT
“Nunca vimos
tanta acumulação de riqueza e de injustiça, numa globalização manipulada por
interesses poderosos que necessita ser enfrentada com unidade pelos
trabalhadores. Se o capital financeiro não tem Pátria, não tem bandeira e nem
se senta nas Nações Unidas, precisamos que os que têm Pátria defendam a vida,
defendam o mundo da liberdade e da esperança. A única luta que se perde é a que
se abandona. Não se pode viver sem esperança”.
A afirmação de
Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, arrancou um turbilhão de aplausos dos
cerca de 200 delegados presentes ao conselho geral da Confederação Sindical
Internacional (CSI), encerrado nesta segunda-feira, em São Paulo. Representando
180 milhões de trabalhadores de 161 países, a CSI realizou pela primeira vez
seu encontro na América Latina.
Mujica lembrou
que muitas vezes o capital fala em “competitividade”, “sem levar o quanto se
trabalha em um lugar ou no outro”, “sem abrir a contabilidade real, que mantém
como um segredo de Estado”. Afinal, o objetivo é simplesmente ampliar a
exploração da mão de obra neste ou naquele país. “Sem deixar de ser daqui ou
dali, os trabalhadores têm que se dar conta de que pertencem a uma classe com a
responsabilidade de mudar essa realidade”, acrescentou.
O líder uruguaio
conclamou os presentes a agirem como “lideranças sociais” junto aos seus povos,
pois esta não é só uma “luta em defesa dos trabalhadores, mas de toda espécie
humana. Tem a ver com o nosso destino”. “Estamos em um barquinho comum. Não
pode haver africano pobre, latino pobre, temos de pensar em todos. E não apenas
nesta, mas nas futuras gerações”, frisou.
Além dos lucros
parasitários do sistema financeiro, há o gasto absurdo com a indústria
armamentista, lembrou Mujica. Com armas, assinalou, alcança “dois milhões de
dólares por minuto”. Portanto seria “mentir a nós mesmos” dizer que não existem
recursos para enfrentar os grandes problemas da Humanidade. “Precisamos ter
compromisso, opinião, não sermos expectadores. Porque os trabalhadores são
poder, ainda que não se deem conta”, enfatizou.
Agradecendo as
palavras do líder uruguaio, o presidente da Confederação Sindical Internacional
(CSI), João Felicio, reiterou que elas ecoam contra “uma distribuição de renda
pornográfica”. Lembrando as contribuições de Mujica para a altivez e soberania
do povo uruguaio e latino-americano, João Felicio asseverou que devem servir
como referência para os que lutam pela construção da democracia. “Não
conseguimos entender democracia sem sindicalismo livre e altamente representativo,
sem direito de negociação coletiva, sem valorização do trabalho”, destacou.
Para o
secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA),
Victor Báez, Mujica deu e segue dando uma valorosa contribuição para todos os
nossos povos ao enfrentar 12 anos de prisão e sair combatendo para distribuir o
que o capital tratou de acumular com base na exploração e na injustiça. “Como
diz Mujica, consumamos menos porcaria e façamos mais amor. Hoje o consumismo é
a fase superior do capitalismo”, concluiu.
Créditos
da foto: Casa de América / Flickr
foto internet
Acesso em: 13 out. 2015
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