segunda-feira, 10 de junho de 2013

O jovem, a fé e a cidadania



Flávio Munhoz Sofiatiprofessor da Universidade Federal de Goiás, doutor em Sociologia e autor dos livros Religião e juventude: os novos carismáticos (Ideias & Letras / Fapesp) e Juventude Católica: o novo discurso da Teologia da Libertação (EDUFSCar/Caju).
A Jornada Mundial da Juventude, um grande evento equiparado à Copa do Mundo e às Olimpíadas, faz pensar nas formas como os jovens se relacionam com a fé e a religiosidade nos dias atuais, bem diferentes das formas tradicionais. Também faz pensar como o jovem relaciona sua fé com a vida em sociedade, com a cidadania e os valores que acredita. Para este debate, convidamos o professor Flávio Munhoz Sofiati, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que, através de suas pesquisas, revela novas configurações nessas relações.
  • Como a juventude tem se relacionado com a fé e a espiritualidade?
    Predominantemente, a partir da vertente pentecostal, ou seja, a partir de uma lógica do sagrado que tem como ponto de vista principal a questão dos dons do Espírito Santo. Hoje, os jovens estão vivenciando esse sagrado em religiões, igrejas evangélicas e, no caso do catolicismo, principalmente no setor ligado ao movimento carismático. Evidentemente que isso não é tudo. No catolicismo há uma vertente tradicionalista, que é mais ligada à perspectiva do sagrado difundida pelos jovens Arautos do Evangelho, por exemplo, que são aqueles jovens que se vestem com roupas de cavaleiros da Idade Média, e todo final de tarde saem com suas trombetas fazendo uma espécie de procissão com a imagem de Nossa Senhora. Tem também os jovens da Teologia da Libertação, que vivenciam o sagrado através de uma lógica de estabelecer uma coerência entre a fé e a vida do povo e a relação desse povo com o sagrado. Outros são os setores articulados em torno das congregações que trabalham com educação, que vivenciam a sua fé relacionando o seu conhecimento, a sua formação escolar com o sagrado, que é o caso, por exemplo, dos jovens das escolas maristas, lassalistas, salesianas etc. Mas, apesar dessas outras vertentes, a que predomina e que influencia as outras, é a vertente pentecostal carismática. Alguns autores dizem que essa maneira de ser igreja, de vivenciar a religião, é uma maneira que combina muito bem com o contexto atual, que é um contexto que estimula o consumo, que estimula os sentidos, a emoção. E essas igrejas têm todos esses componentes. São religiões que trabalham a questão do emotivo, do afetivo, do psicossocial.

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