sexta-feira, 17 de julho de 2015

É crime ser jovem? Lourival Rodrigues da Silva[1]





A juventude está hoje na cena principal das discussões da Violência, na qual grande parte da sociedade apresenta a mesma como um dos principais protagonistas deste tema, seja como causadores de violência ou como vítimas, sendo a primeira situação a mais recorrente. A impressão que se tem é que se tornou um crime de ser jovem.

A sociedade contemporânea possui uma forma de perceber a juventude carregada de estereotipo proveniente do modo de se comportar desta categoria. Desta maneira há uma representação dos jovens como causadores de violência. É sabido que a violência vem preenchendo agora e na história, um vazio deixado pelos atores e pelas relações sociais construtoras de valores. A situação de violência revela, uma falta de perspectiva, e tem fundo nas questões sociais. A sociedade capitalista possui uma ausência de mediações e sistemas de relações que fazem falta para a vida das pessoas, causando assim o enfraquecimento na criação de espaços da qualidade de vida.

O enfraquecimento dos espaços sociais de relação na vida dos jovens resultam em uma espécie de campanha a favor da criminalização desta geração, através de vários fatores tais como mobilização para a redução da maioridade penal, situações de violência e extermínio de jovens, toque de recolher, linchamento de suspeitos e busca de justiça com as próprias mãos. 

As raízes da violência, no caso da juventude, está ligada a fatores como a ausência de políticas públicas, ausência de processos educativos, precarização do emprego e dos postos de trabalho que tem gerado uma massa de pessoas sem lugar. Causando assim a possibilidade de acesso ao consumo de bens e serviços e direitos básicos. Os jovens se veem assim privados de suas carências, resultando em manifestações de indignações e conflitos. A negação desses desejos e promessas geram conflitos, que podem revelar uma forma de impor uma integração no sistema ou a origem de organizações de resistência de tipos variados. 

A violência para alguns passa a ser uma tradução da vontade reprimida. Mais do que isso: no caso do adolescente e do jovem, a ação se junta à paixão pelo risco. Essa dimensão é ampliada nos jovens que residem em zonas periféricas, fazendo que muitos passem a sofrer discriminação cultural e racial. Estes jovens trazem a marca da descriminalização e do individualismo que se junta à visão negativa que a sociedade tem sobre eles/elas.

A violência se constitui como uma interface e subordinação às questões da cultura, da religião, da política e do Estado. Ampliando nas disputas culturais e sociais, na busca pela purificação étnica, sectarismo, integrismo e fundamentalismo. Revelando as tensões entre expectativas dos atores e os meios de realizar suas buscas. Na violência não se acomodam as negociações, ela surge das carências políticas e dos atores capazes de serem sujeitos.

Essas são algumas das causas que levam a sociedade contemporânea a ter os jovens como responsáveis pelos crimes, buscando criar sansões que venham punir e conter estes sujeitos desviantes. Em nada, os jovens são reconhecidos ou beneficiados com essas sanções. As punições são prerrogativas da nossa incapacidade de realizar as promessas da modernidade. 

Todos se perguntam como contribuir na busca de respostas para as soluções destas situações em que envolvem juventudes e violência, sabemos que às oportunidades para os jovens com justiça e equidade, é uma possibilidade de caminho. Trata se de encontrar ações e reconhecer novos modelos de autoridade emergentes para as juventudes e com quem estas se identificam.que se encontrar formas de mediar novos espaços de sociabilidade para os jovens dentro de mediações ou sistemas de relações, buscando respostas e oportunidades justas.




[1] - Especialista em Juventude, Mestre em Ciências da Religião. Presidente do Centro de Juventude Cajueiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário