sábado, 27 de dezembro de 2014

Desde Samaria – reconhecer e conviver com a juventude – até Jerusalém



Essa é a tenda de Deus com as pessoas. Ele vai morar com eles.
Eles serão o seu povo e ele, o Deus-com-eles, será o seu Deus.”
[Apocalipse 21, 3]


Estamos finalizando mais um ano. Parece ser clichê fazermos esses discursos de encerramento de ciclos... Mas, para nós da Pastoral da Juventude a memória é algo sagrado e por isso nesse caminho de revitalização da Pastoral da Juventude no continente, se configura também num momento importante. Em 2014 vivemos a mística de Samaria no caminho de Jesus e da juventude. Foi tempo de beber da mesma água que o Mestre, saciando nossa sede e encontrando nela mais força para nos lançarmos a Jerusalém, no próximo ano. Na beira do poço nos encontramos e de lá somos enviados/as á Jerusalém, para a consumação da vida na doação máxima, com amor até o fim pela juventude e pelos/as pobres.
Samaria, nesse caminho, nos provocou a dois movimentos desde Jesus em direção à juventude:
1) Reconhecer a juventude – no processo da Samaritana que lemos no capítulo quarto de João e também no texto do Bom Samaritano, capítulo dez de Lucas (entre outros textos...), percebemos um caminho de, aos poucos, irmos entendendo a presença sempre nova dos/as jovens na Igreja e no seu lugar social. Reconhecer essa presença exige antes de tudo uma nova postura. Não é só um reconhecer de quem observa de fora, fazendo ciência – mesmo que isso seja muito importante – para além disso é um reconhecer-se junto deles/as. Reconhecer entre a juventude. E, de maneira especial, reconhecer os/as jovens silenciados/as, esquecidos/as e escondidos/as. Nesse sentido, o convite a reconhecer se torna profecia na medida em que desvela algo que intencionalmente está apagado pelo sistema capitalista. Reconhecer a juventude na Igreja significa dar voz, vez, espaço nos conselhos, celebrações, muito para além de trabalhos como arrumar as mesas para a festa da comunidade. Reconhecer também é “conhecer de novo”. Por mais conteúdos que podemos ter sobre os/as jovens, nunca saberemos tudo. Ainda mais num tempo de mudanças rápidas e significativas, de novos conceitos, conhecer se torna uma tarefa cotidiana de quem estuda e de quem ama, de quem come junto e se encontra diversas vezes. Como temos percebido esse reconhecer a juventude no lugar onde estamos? Quais passos são necessários? O que nosso grupo ou eu como jovem posso contribuir na continuidade desse caminho?
2) Conviver com a juventude – Como é bom comer com quem a gente gosta. A comida fica mais saborosa. O rosto fica mais alegre. Os/as companheiros/as são aqueles que comem o mesmo pão, mesmo quando não há pão. Nesse sentido, fomos provocados/as a conviver diretamente com a juventude para também reconhecê-la. Estar junto... Aproximar-se... Na mística do poço de Samaria, chegar perto, ouvir, dialogar, conviver intensamente para deixar-se inebriar pelo cheiro, pelo gosto, pelo olhar, pelo corpo-alma-espírito da juventude. Conviver também é rezar junto. Rezar a espiritualidade juvenil do Divino que nasce do meio deles/as, da festa, da alegria, da fidelidade, do compromisso, da luta, da justiça, da Civilização do Amor. É a mesma atitude do Deus de Jesus, que monta a Sua tenda entre nós: “Essa é a tenda de Deus com as pessoas. Ele vai morar com eles. Eles serão o seu povo e ele, o Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor...” (Ap 21, 3-4). É divino ser aberto, ser tenda, habitar no meio da juventude para transformar profeticamente as realidades necessárias.
Sabemos que há, na mística de Samaria, muito o que dizer ainda. Não temos intenção de dizer tudo. Apenas algumas provocações. Isso foi o que buscamos fazer ao longo desse caminho à beira do poço. Agora o caminho vivido nos lança a Jerusalém – o ponto culminante do nosso processo de revitalização, de nossa vida de seguidores/as de Jesus, porque Jerusalém é o lugar para onde marchamos com Jesus. Se somos seguidores/as de Jesus, não podemos fugir de Jerusalém, da Jerusalém da cruz e da morte. Da Jerusalém da Ressurreição e da vida plena. Convidamos todos/as a fazer esse caminho conosco, deixando-se invadir pela radicalidade da opção do Nazareno pelo Reino de Deus que quer ser nossa radicalidade na opção pela vida juventude.
Em 2015 não faremos mais textos de reflexão, mas roteiros de encontros de grupos de jovens para vivermos mais intensamente esse tempo. Pensaremos um roteiro de encontro, na mística de Jerusalém. Dentro desse roteiro teremos uma reflexão, a partir de uma passagem bíblica, refletindo as seguintes temáticas:
Janeiro – De Emaús a Jerusalém
Fevereiro – De Belém a Jerusalém
Março – De Nazaré a Jerusalém
Abril – De Betânia a Jerusalém
Maio – De Samaria a Jerusalém
Junho – De Cafarnaum a Jerusalém
Julho – Da região Siro-Fenícia a Jerusalém
Agosto – A experiência da Paixão – Morte - Ressurreição nas comunidades de Marcos
Setembro - A experiência da Paixão – Morte - Ressurreição nas comunidades de Mateus
Outubro - A experiência da Paixão – Morte - Ressurreição nas comunidades de Lucas
Novembro - A experiência da Paixão – Morte - Ressurreição nas comunidades de João
Dezembro – Síntese do caminho vivido desde 2011, desafiando-nos para próximos passos.
Nesse caminho de produção, edição, partilha, organização contaremos com a ajuda do nosso querido Thiesco Crisóstomo, de Marabá/PA, que acolhemos com muita alegria.
Que as águas bebidas no poço de Samaria nos enviem para Jerusalém, para a consumação da doação da vida radicalmente a serviço da juventude, dos/as pobres e na construção da Civilização do Amor.
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Hino de encerramento e celebração do ano de Samaria
Composição e Música - Cladilson Nardino
Interpretação - Liége Santin Xavante-Casaldáliga e Cladilson
Edição do vídeo - Maycon Fritzen


Um longo caminho percorremos
Viemos de Belém para Samaria
Reconhecemos as belezas dessa vida
Bebemos da água de nosso mestre
Caminhamos com fé e gratidão
Em Samaria,
Encontramos cuidado e compaixão
Em Samaria...

Com dialogo e com amor
Da exclusão Ele nos tirou
Acolheu o ferido sem medo
E curou bem de suas feridas
Seu testemunho nos alegra
E nos inspira a anunciar
Com sorrisos, lutas a causa.
Em Samaria...

Samaria é construir comunidade
Nos encontrando com o Senhor
Samaria, lugar sagrado,
Samaria, onde está o outro,
Samaria, lugar pastoral.
Em Samaria...

Vemos no povo oprimido
Nos feridos, no pobre, nosso irmão
Caminhando buscamos vida nova
Inspirados na memória
Memória que alimenta a esperança
Em Samaria... (2x)

Caminhamos rumo a Jerusalém
Dando voz, vez e espaço
Chegar perto, ouvir e olhar...
No jovem ver o divino
Comer do mesmo pão.
Mesmo quando não há pão
E Nos lançar...
À Jerusalém.
Jerusalém
Da cruz e da vida
Jerusalém... (2x)




Cladilson Nardino – Estudante de Engenharia Civil e membro da coordenação arquidiocesana da PJ de Curitiba/PR
Luis Duarte – Militante da PJ
Maicon A. Malacarne – Padre e assessor da PJ de Erexim/RS


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