segunda-feira, 10 de novembro de 2014

SENSIBILIDADE - Hilário Dick, sj


 
 

Não tenho vergonha de confessar que estou sensível, muito sensível.
 
As causas podem ser a idade que vivo (no caminho dos 78 anos), a forma como vi brasileiros se comportarem nas eleições deste ano (1º e 2º turnos), o suicídio de adolescentes perto do meu nariz, o tratamento brutal e selvagem que adolescentes recebem em muitos lugares, a conjuntura da morte de um colega meu, desde os anos de 1950, certa maneira como se deseja viver a afetividade por parte de meninos e meninas, moços e moças, a falta de encantamento pela vida da sociedade em geral, a incapacidade que os cristãos estão tendo de seduzirem para a vida e a justiça, a grosseria dos que não querem compreender que os pobres não são vagabundos, a falta de alegria que uma parte da sociedade sente em ver muitos pobres saírem da miséria e poderia prosseguir muito e por muito tempo esta ladainha tristonha das motivações de uma sensibilidade que vivo. 
 
 
Acho que não minto se digo que tudo isso é indignação. Não me engano, contudo, porque dessa indignação brota igualmente muita poesia. Aliás, apesar de a profecia levar, muitas vezes, à morte, não há profecia que não seja poética.

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