domingo, 4 de agosto de 2013

Francisco encontra a juventude

Francisco encontra a juventude[i]

Flávio Munhoz Sofiati[ii]

A chegada do Papa Francisco ao Brasil com a calorosa recepção dos fieis católicos que estão no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, demonstra a popularidade do líder máximo da Igreja Católica. Com Francisco o catolicismo recupera a figura midiática e querida que João Paulo II soube cultivar em seus seguidores e que Bento XVI por diversos motivos deixou se perder.

A principal preocupação dos católicos nesta Jornada é a reaproximação com os jovens e fieis que se distanciaram da igreja nas últimas décadas. Trata-se de um desafio significativo, visto que em 20 anos os católicos passaram de 83,8% para 64,4% da população brasileira. Inclusive o CENSO de 2010 aponta que, pela primeira vez, houve diminuição no número absoluto de fiéis, passando de 125 milhões para 123 milhões de adeptos.

Deve-se levar em consideração que a Igreja Católica é ainda a maior e mais importante instituição religiosa do Brasil e uma das principais no mundo. Nossa sociedade, em sua composição cultural é profundamente influenciada pela lógica cristã impressa pelo catolicismo popular que soube aproveitar as trocas com religiões de matriz africana e indígena, destacando-se no contexto histórico de construção da nossa nação.

Para Francisco, o desafio é fazer com que sua popularidade, com que o carisma que possui entre os jovens e fieis, seja convertido no seguimento de suas ideias, no respeito aos preceitos católicos. Pois muitos dos jovens que estão na Jornada no Rio de Janeiro, que estiveram em outras Jornadas e que participam dos grupos de jovens nas paróquias, consideram muito pouco a opinião da instituição, acompanhando apenas aquilo que lhes interesse, que lhes parece conveniente.

Principalmente com relação aos temas morais, ligados à dimensão da afetividade/sexualidade, é evidente que os dogmas católicos são desconsiderados ou até mesmo reconfigurados conforme a realidade dos agrupamentos juvenis católicos espalhados por todo país.

Por esse motivo, a Jornada Mundial da Juventude se constitui em um momento fundamental para a Igreja recuperar seu ímpeto pela evangelização da juventude, convencendo-os de que o catolicismo é ainda um porto seguro.




[i] Publicado no jornal O Popular em 23/07/13.
[ii] Professor de Sociologia da UFG e autor dos livros “Religião e Juventude: os novos carismáticos” e “Juventude Católica: o novo discurso da Teologia da Libertação”. Do grupo de pesquisa Condição Juvenil em Goiás, do CAJUEIRO.

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