“A utopia é necessária porque a
desigualdade entre ricos e pobres aumenta, segundo a ONU, inclusive em países
do Primeiro Mundo. Nossa América, segundo a OEA, é a região mais injusta, por essa
desigualdade sistemática. Há mais riqueza na Terra, mas há mais injustiça.
África tem sido chamada "o calabouço do mundo", uma "Shoá"
continental. 2,5 bilhões de pessoas sobrevivem, na Terra, com menos de 2 euros
por dia e 25 mil pessoas morrem diariamente de fome, segundo a FAO. A
desertificação ameaça a vida de 1,2 bilhão de pessoas numa centena de países.
Aos emigrantes lhes é negada a fraternidade, o chão debaixo dos pés. EEUU
constrói um muro de 1.500 Km contra a América Latina; e Europa, ao sul da
Espanha, levanta uma cerca contra a África. Tudo isso, além de iníquo, é
programado. Um imigrante africano, numa comovedora carta escrita "atrás
dos muros de separação", adverte: "Peço-lhes que não pensem que é
normal que vivamos assim, porque, de fato, é o resultado de uma injustiça
estabelecida e sustentada por sistemas desumanos que matam e empobrecem... Não
apoiem esse sistema com seu silêncio".
Mas a Humanidade "se move";
e está dando uma virada para a verdade e a justiça. Há muita utopia e muito compromisso
neste Planeta desencantado. Alguém já recordou que o Século XX "foi um
imenso cemitério de impérios: o britânico, o francês, o português, o holandês,
o alemão, o japonês e o russo". Fica, balançando, o império estadunidense,
que vai cair também. América Latina se distancia da tutela dos Estados Unidos e
Ásia deu também as costas aos Estados Unidos, na primeira cúpula organizada
pela ASEAN. A UNESCO declarou Patrimônio da Humanidade a Diversidade Cultural.
O Século XXI -que já sabemos que será um século místico- será também o século
do Meio Ambiente. O diálogo ecumênico e o diálogo inter-religioso crescem em
vários níveis, como um novo paradigma da fé religiosa e da paz mundial. As
Igrejas, as Religiões, vão se encontrar necessariamente e terão de fazer a paz
para a paz do Mundo. Na Igreja Católica, dentro de uma monótona continuidade
oficial, que já se esperava, muitas comunidades e muitos coletivos de reflexão
teológica e de pastoral sabem ser simultaneamente fiéis e livres. Vamos
aprendendo a ser Igreja adulta, una e plural. Se rechaçamos a ditadura do
relativismo, também rechaçamos a ditadura do dogmatismo. Não permitiremos que o
Concílio Vaticano II seja um "futuro esquecido"; e até urgimos o
processo de preparação de um novo Concilio, verdadeiramente ecumênico, que
contribua a partir da fé cristã na tarefa maior de humanizar a Humanidade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário