Hilário Dick fez uma memória dos 35 anos da história da Pastoral da Juventude lembrando de três pessoas que estiveram no início da história como assessores/a. Leia e deixa o seu comentário.
É preciso dar-se o direito de voltar, sonhar,
reconstituir pedacinhos que se vivei, reencontrar amigos e companheiros de luta
que talvez já foram. Mandei a memória, por isso, para alguns recantos de
Goiânia. Que saudade desta casa! Que raiva do que fizeram com esta Casa! Fui lá
muitas vezes para alimentar meus sonhos e dar de comer os sonhos que carregava
em mim.
Não era só Casa; eram pessoas. As que estão aí são
somente símbolos dos adultos e jovens, dos ricos e dos pobres, dos urbanos e
das periferias, de estudiosos de juventude e pessoas que desejavam aprender.
Berg, Alessandra, falecido Lourival e Geraldo eram pedras daquela casa,
janelas, portas, livros, bibliotecas, cantos, rezas. Pena que a Carmem não esteja
na foto.
Alguém consegue medir a dor
deles quando viram a “Casa da Juventude” vendida, mais e menos santamente, mas
vendida?
A memória conseguiu encontrar, contudo, esta foto antiga
e memorável: Carmem, ainda quase menina, e Floris (Florisvaldo), um assesor
como houve poucos em nossa América Latina. Um câncer o incomodou anos e anos
até que conseguiu levá-lo para as multidões apocalípticas de jovens num céu que
ainda vamos descobrir onde é.
A paisagem pode ser de
Pires do Rio ou de alguma parte do Cerrado que os dois amavam e fizeram amar.
Contudo, nem ele nem ela ficavam em casa. Iam pelo mundo a convite de jovens,
adultos e bispos (ao menos alguns). Nem sei onde foi que nos encontramos, no
fundo dessa casa de cor de tijolo. Foi uma amizade que ia florindo no meio de
briguinhas pedagógicas. (Foto: encontro da Rede Latino Americana no Chile)
- Olha ela aí abaixo, ela
encenando o quê? Cara de braba? Gozando da cara de alguém? Humilhando algum
bispo? Não. Ela não iria com aquele chapéu que não deve ser dela. Ela tem uma
perna um pouco menor que a outra, mas olhe-se a pose, o chinelo de dedo, o beiço que faz. Deve ser numa festa pelas
bebidas que desejam esconder-se. (Foto da Assembleia da PJ na Cidade de Goiás)
Pena que só me lembro
da Alessandra, mas os dois devem estar provocando a Carmem para beber mais...
Mas ela não era de beber; era de contar casos vividos em ambientes eclesiais,
também de freiras co as quais falava as quais devi escandalizar um tanto. (Foto: Raimundo e Alessandra na festa dos 25 anos da CAJU)
Não faltam nem faltaram amigos que
ela estimava e que era muito estimada por eles, pelo que ela era, fazia,
pensava, falava, desafiava, sonhava. Mirim, Luis Duarte, Francisco, Jerônimo,
Benta, Teresa, Cláudia, mãe, avô e avó. Raras as pessoas meio problemáticas que
não gostam dela. Ninguém acredita que, depois de trabalhar anos e anos na Casa
da Juventude, houve pessoas que quiseram fazer dela cobranças financeiras. Como
mero símbolos, aí vão duas fotos que a memória escolheu. Nas escolhas sempre há
certa injustiça, mas, em nosso caso, sempre há perdões.
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