
A motivação
preparatória, tanto do Encontro de Formação da CPT como para o Seminário do Bem
Viver, partiu do relato de experiências concretas dos povos, nas suas práticas
do Bem Viver, seja em âmbito de América Latina, seja nas várias regiões do
Brasil.
No Encontro
Nacional de Formação da CPT refletiu-se sobre conjuntura política e bem viver,
com os povos originários do Brasil e da América Latina. Pessoas que
contribuíram com as reflexões: Bruno Lima Rocha, professor de ciência política
da Unisinos/RS. Além dele, Lorenzo Soliz (Instituto para el Desarrollo Rural de
Sudamerica - IPDRS), trouxe um panorama da história de seu país (Bolívia) e da
luta dos povos indígenas. Ele falou que em 1960, período de ditadura, os povos
indígenas do altiplano, Aymara e Quechua, retomaram as lutas, em defesa de seus
territórios. Em seguida, a boliviana Marta Cabrera, do povo Qhara, reforçou que
pela luta (1976 a 1990) os povos indígenas bolivianos conquistaram o direito
coletivo sobre seus territórios. Outras pessoas que contribuíram com reflexões:
Caciques Babau e Ramon, do povo Tupinambá, território Serra do Padeiro, na
Bahia, refletiram sobre a luta do povo Tupinambá na retomada e defesa de seus
territórios, a partir do ano 2000. Sandro Gallazzi, biblista, trouxe reflexões
sobre a Bíblia e o Bem Viver. Por fim, Moema Miranda, do Serviço
Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe), provocou diálogos sobre
o Bem Viver a partir de uma espiritualidade cósmica de amizade com a Terra. Para
ela, “o capitalismo está fazendo muito dinheiro quando ele constrói e destrói. Nessa
guerra do capitalismo contra a Terra, temos que definir claramente qual é o
nosso lado, como é que nos posicionamos, onde é que nos conectamos com os que
estão sendo derrotados. E quais são nossas possibilidades de reconexão”.
Após essas
inúmeras reflexões, intermediadas por provocações trazidas pelos grupos, a
compreensão das pessoas que estavam no Encontro Nacional de Formação da CPT foi
algo parecido com isso: “não se reflete sobre Bem Viver desvinculando-se do
Território; a prática do Bem Viver acontece no Território”.

Após profundas
reflexões sobre as relações de macro e micro poderes (as quais não relatarei
aqui), Ivone disse algo parecido com
isso: O Bem Viver, mais do que um horizonte utópico, exige um tópos (lugar), ou
várias topografias. Temos que fazer fluir as energias (poderes), pois ao
contribuirmos para que as energias circulem, nós admitimos a responsabilidade
social de fazermos fluir a energia da Vida. Esse tópos (ou topografias) nos
remete a perguntarmos pelas nossas crenças e convicções (Em que eu acredito?);
provoca-nos para uma conversão à realidade... Em vez de ficarmos preocupadas em
chegar “a um lugar ideal”, indaguemo-nos: “Quais são as frentes da realidade
humana em que podemos atuar? O que podemos fazer? Como devolver a compreensão
da realidade às pessoas, dentro do limite de todas as teorias?”
O Seminário Bem
Viver e Relações de Poder foi organizado por uma Rede do Bem Viver que tem
realizado outros seminários: Cajueiro (Centro de Formação, Assessoria e
Pesquisa em Juventude), Comissão
Pastoral da Terra (CPT), CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), CEBs (Comunidades
Eclesiais de Base), Curso de Verão, Pastoral da Juventude (PJ), Missionárias de
Jesus Crucificado, Congregação de Nossa Senhora Cônegas de Santo Agostinho,
Centro Cultural Cara Vídeo, Cáritas Brasileira, Conferência dos Religiosos do
Brasil (CRB-GO) e Fraternidade da
Anunciação.
Múria
Carrijo Viana, 11 de novembro de 2017.
Fotos - Cajueiro - Célio Amaro
Que maravilhoso, emocionada de ver as sementes do bem viver sendo espalhadas mundo a fora!e quantas carinhas amigas!!!! Parabéns a todos!
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