Seria
interessante que os cristãos preocupados com a paz e a justiça se
voltassem essa semana santa para o jejum e oração pelo Brasil. Não nos
esqueçamos que essas foram as grandes armas dos maiores pacifistas do
mundo, como Gandhi, Luther King, Mandela, D. Hélder e o próprio Jesus.
Não
cabe a nós cristãos jogar gasolina no ódio que divide a sociedade
brasileira. E corremos o risco de ver voltar regimes autoritários que
tantas desgraças trouxeram ao país.
Lembremo-nos
que a Igreja Católica colocou o povo na rua em 1964, com a Marcha da
Família. Hoje não é mais preciso que Igreja cumpra esse papel. Setores
da grande mídia e as redes sociais se encarregam de organizar e inflamar
as paixões que estão nas ruas.
Lembremo-nos
que nesse momento da história, todos os elementos que estiveram nos
outros golpes continuam na praça: setores da grande mídia, a classe
média branca, os empresários. Mas, esse golpe ainda não tem a digital da
Igreja e dos militares.
Pelas
declarações, a CNBB pede serenidade nesse momento, inclusive alertando
continuamente sobre o risco de quebrarmos nossa frágil ordem
democrática.
As
multidões nas ruas estão divididas. De um lado setores privilegiados
que querem a qualquer custo a derrubada da presidenta, de outro os
grupos que fazem a defesa da democracia, ainda que não das mazelas do
atual governo.
No
fundo não está apenas o combate à corrupção, mas o pretexto da
corrupção para interesses subterrâneos de poder, tanto em nível nacional
como internacional. Podemos combater a corrupção sem quebrar a ordem
democrática.
Lembremo-nos
das vítimas da ditadura civil-militar de 1964: Frei Tito, Pe. Henrique,
os dominicanos, tantas lideranças populares e de comunidades presas,
torturadas e mortas durante esse período.
Lembremo-nos também dos jornalistas, dos líderes operários e sindicais, a exemplo de Santo Dias da Silva.
Lembremo-nos
do sofrimento imposto a tanta gente de Igreja ou pessoas de boa vontade
que pagaram na pele e na sua família o peso do ódio cego.
Lembremo-nos que a ditadura não precisa ser necessariamente militar – “O avanço da ditadura civil brasileira” http://www. robertomalvezzi.com.br/visao/ index.php?pagina=3&artigo=82
-, mas pode ser simplesmente civil, decretada por um ou mais juízes,
por um grupo de parlamentares, com a legitimação de profissionais e
organismos de mídia.
Um pouco de oração e jejum pelo Brasil fará bem a todos nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário