Ao final do Seminário do Bem Viver – Tecendo Redes de Proteção à vida os/as participantes do mesmo foram convidados a refletir sobre as redes de proteção que estamos construindo, também esse seminário. Para refletir, foram convidados/as a responder algumas perguntas. Abaixo apresenta-se cada uma das questões e a síntese das respostas partilhadas até a presente data.
Nossa rede de proteção buscará desenvolver qual proteção?
A proteção que a Rede pretendente efetivar é a proteção integral da vida de jovens e adolescentes, que têm sido constantemente vítimas de uma sociedade que ceifa e extermina vidas e sonhos. Nossa proteção é integral (ecoar, conscientizar, denunciar, garantir etc.), visando a libertação de todes/as/os. E para tal, desenvolvemos uma compreensão de proteção baseada nos marcos regulatórios internacionais e nacionais existentes específicos para a proteção de adolescentes e jovens.
Quem serão os/as protegidos/as?
· Os/as jovens e adolescentes mais vulneráveis, pobres e periféricos. A referência à periferia aqui não é apenas à periferia das grandes cidades e centros urbanos, mas abarca a periferia do campo, dos territórios indígenas e dos demais rincões ameaçados pelo Capital.
· As crianças e suas famílias.
· A nossa casa comum, a natureza e o planeta Terra.
· As mulheres, os migrantes, os/as camponeses/as, os LGBTQIA+, os/as indígenas e os/as negros/as.
Protegido/a de que ou de quem?
Serão protegidos/as ...
· de todas as formas de opressão, violações de diretos;
· do sistema capitalista ultraliberal;
· das violências, das drogas e da desilusão de não ser alguém quando crescer.
· da falta de acesso aos direitos, da ausência de saúde, de ações que não promovem o cuidado com a casa comum;
· da manipulação dos meios de comunicação;
· das injúrias desse país ainda colonial;
· do patriarcado, machismo, elitismo, racismo e homofobia;
· da violência das redes sociais;
· da falta de autocuidado pessoas;
· de pedófilos, aliciadores, rede de prostituição, traficantes de drogas;
· da inoperância do próprio Estado.
Como o sujeito protegido é compreendido?
O/a sujeito protegido/a é compreendido/a como ...
· agente de transformação, protagonista;
· sujeito de direitos;
· como uma pessoa única com suas características, peculariedades, necessidades e individualidade.
Além das relações pessoais, quais seriam os maiores desafios para pensar uma pactuação de trabalho em rede para proteção à adolescentes e jovens?
Muitos são os desafios para a atuação em Rede, mas detaca-se:
· Ativação das secretarias juvenis nas cidades e estados;
· Emancipação das políticas já existente da proteção de jovens e adolescentes;
· Entender a complexidade social, cultural e política;
· Superar o consumismo; o individualismo; o bombardeio informacional e as fakenews;
· Chegar em um pleno funcionamento de todos os eixos, que envolve as redes;
· Mover as pessoas à uma conscientização mais aguçada;
· Renovar os projetos, técnicas e métodos de atuação para responder à realidade atual;
· Promover ações articuladas, com eixo de defesa, controle, participação ativa;
· Enfrentar o sistema capitalista;
· De fato, trabalhar em Rede;
· Articular a comunicação e atuação dos diferentes setores e instituições de forma conjunta, prática e concreta;
· ter um espaço de encontro efetivo, de diálogo permanente e qualificado para socialização de experiências, sejam elas positivas ou negativas e troca de experiências/vivencias
· Superar o ativismo;
· Encontrar agenda para as pautas comuns;
· Gerar processos de cuidado/autocuidado/
· Cuidar de quem cuida.
· Enfrentar os ciclos de violência contra as mulheres;
· Garantir Formação humana e pedagógica do educador preparado que trabalhem com jovens e mulheres.
· Amadurecer a formação para além da rede;
· Manter o trabalho a partir da pedagogia libertadora;
· Acompanhar as lutas por territórios;
· Manter e fortalecer a opção pelos/as pobres e excluídos/as;
· Reafirmar o compromisso com a vida; a educação popular, a educação do campo;
· Criar mecanismos com dados de denúncia e violação de direitos. Um mecanismo de denuncia e promoção de justiça para os/as jovens e mulheres;
· Fortalecer a mística que move o trabalho do despertar a paixão o encanto com o trabalho com as mulheres e jovens;
· Dar continuidade no desenvolvimento dos intercâmbios, espaço de troca e partilhas das experiências bem como celebrar o caminho percorrido;
· Avançar num caminho de gestão e relações de proximidade para fincar o trabalho em rede nos diversos territórios do Brasil, nos quais nossas instituições estão presentes;
· Realizar sempre uma escuta qualificada;
· Mapear as realidades e suas necessidades;
· Aproveitar as possibilidades de suporte, fomento e aliança.
· Dar voz para que as próprias juventudes possam denunciar e promover ações de transformação dessa realidade, sendo efetivamente protagonistas nesse processo, tendo seus anseios e identidades respeitadas.
· Não perder de vista a sociedade que queremos construir, esse é o nosso horizonte: a sociedade do Bem-viver;
· Não assumir o papel do Estado ou de outras instituições, mas compreender e criar processos de integração, de potencialidade das “incompletudes” institucionais. Fortalecer os nós;
· Construir políticas “de, para e com” a juventude;
· Compreender os processos históricos, sociais e culturais que reproduzem violências.
· Desenvolver a solidariedade;
· Romper o individualismo, egocentrismo e imediatismo.
São grandes os desafios em um país que nega sonhos e se articula para isso, mas, esperançar e nossa caracteristicar, por ousamos sonhar para construir um país melhor.
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