foto do Congresso em 2010.
Um dos exercícios mais intensos e proféticos do 3º Congresso Latino Americanos de Jovens, que ocorreu 10 anos atrás, foi a construção coletiva e sinodal dos paradigmas, desafios, horizontes e sonhos da PJ na América Latina e Caribe. Nessa reflexão me detenho aos sonhos.
A própria construção coletiva dos sonhos foi a realização de um sonho. Jovens, religiosos/as, padres e bispos sentados/as na mesma mesa discerniram os rumos da PJ na Pátria Grande e impulsionados/as pelo Senhor teceram, em muitas mãos, os seguintes sonhos:
*"Los Jóvenes de la Pastoral Juvenil de América Latina y del Caribe apropiándonos de nuestra memoria histórica SOÑAMOS con...
1. Una sociedad democrática, justa y de paz que defiende el derecho a la vida digna, donde seamos reconocidos y valorados, encontrando pleno sentido a la vida, siendo PROTAGONISTAS del proceso transformador de la realidad.
2. Una Iglesia Pueblo de Dios, de Comunión y Participación, cercana a los jóvenes, y que opta por los pobres y marginados.
3. Una Pastoral Juvenil audaz, orgánica y profética, que acoja y propicie el encuentro con Jesucristo, y acompañe los procesos de formación integral, transformándonos en verdaderos discípulos misioneros".*
Passados dez anos do 3º CLAJ precisamos nos perguntar se esses sonhos já se fizeram realidade ou se ainda precisamos dar mais passos para realizá-los plenamente.
Quando olhamos para o sonho de uma sociedade democrática, justa e de paz precisamos reconhecer que os últimos dez anos trouxeram alguns avanços, mas de maneira geral muitos retrocessos em nossa Pátria Grande. Infelizmente, a justiça e o direito à vida não é garantido à todos os nossos irmãos e irmãs da América Latina e Caribe. No Brasil e em outros países da América Latina governos com traços fascistas assumiram a presidência e assim temos visto a retirada de diversos direitos. Os/as pobres seguem sendo massacrados por políticas que privilegiam os poderosos. Seguem sofrendo pela falta de políticas públicas que garantem a vida. O mesmo pode-se afirmar sobre a realidade de outros países de nossa Pátria Grande. Por isso, mais que nunca é hora de animar processos pastorais que impulsionem os /as jovens a serem protagonistas no processo de transformação da realidade. Processos muito necessários nesse tempo histórico.
Quando olhamos para o sonho de uma Igreja Povo Deus, de Comunhão e Participação, próxima dos/as jovens e que opta pelos/as pobres e marginalizados/as, poderíamos escrever muito. Na trajetória da Igreja no Brasil, na América Latina e Caribe e no mundo muito precisaria ser dito. Há sempre tensões, avanços e retrocessos. Mas, olhando a última década nos alegramos com o Papa Francisco que insiste em convocar-nos a sermos e construirmos uma Igreja em saída, uma Igreja pobre e para os pobres. Se alguns passos foram dados nessa direção, muitos outros precisam ainda precisam ser dados.
Com relação ao sonho de uma PJ audaz, orgânica e profética, que acolha e propicie o encontro com Jesus Cristo e acompanhe os processos de formação integral, transformando-nos em verdadeiros discípulos missionários muito precisaria ser dito. Muitos são os desafios e processos vividos pela PJ na última década, tanto no Brasil quando na América Latina e Caribe. Tanto processos que geraram maior organização, como processo que fragilizaram a mesma. Houveram processos de profecia, apesar das perseguições. Aqui é preciso recordar, no Brasil, a Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio de Jovens, que já se findou, e a Campanha Nacional de enfrentamento aos ciclos de violência contra as mulheres, que segue ocorrendo. Essas duas campanhas e suas múltiplas ações são sinais dessa PJ profética que era sonhada. Muitos outros sinais poderiam ser partilhados sobre esses sonhos.
A busca pela formação integral, desde o encontro com Jesus Cristo ainda é tarefa cotidiana da PJ em todos os cantos de nossa Pátria Grande.
De fato, ao olhar os sonhos tecidos uma década atrás é preciso afirmar que ainda é necessário dar mais passos para fazer o sonho ser plenamente realidade e só poderemos fazer isso como irmãos e irmãs em nossa Casa Comum. Além de dar mais passos é preciso chamar outros/as jovens para sonharem juntos/as e, de alguma maneira, atualizar esses sonhos.
E por isso, gostaria de encerrar essa reflexão com algumas perguntas:
1 – Quais os sonhos que precisamos sonhar e construir nesses tempos históricos? Que outras faces esses sonhos para a sociedade, para a Igreja e para a PJ precisam ter?
2 – Em nossos países, quais são os sinais concretos de realização desses sonhos que construímos dez anos atrás? O que precisamos agradecer do caminho?
Sigamos sonhando e fazendo o sonho acontecer. Passados 10 anos ainda há passos que precisamos dar. Façamos o caminho juntos/as
Nenhum comentário:
Postar um comentário