terça-feira, 14 de julho de 2015

O Decálogo de Santa Cruz




1.       Impulsionar e aprofundar o processo de mudança. Reafirmamos nosso compromisso com os processos de mudança de libertação como resultado da ação dos povos organizados, que desde sua memória coletiva tomam a história em suas mãos e se decidem a transformá-la, para dar vida às esperanças e as utopias que nos convocam a revolucionar as estruturas mais profundas de pressão, dominação, colonização e exploração. 

2.       Viver bem em harmonia com a Mãe Terra. Seguiremos lutando para defender à Mãe Terra, promovendo a "ecologia integral" da qual fala o Papa Francisco. Somos fiéis à filosofia ancestral do "Bem Viver", nova ordem de vida que propõe harmonia e equilíbrio nas relações entre os seres humanos e entre estes e a natureza.

3.       Defender o trabalho digno. Comprometemo-nos a lutar pela defesa do trabalho como direitos humanos. Pela criação de fontes de trabalho digno, pelo projeto e implementação de políticas que restituam todos os direitos trabalhistas eliminados pelo capitalismo neoliberal, tais como os sistemas de segurança social, de aposentadoria e o direito à sindicalização. 

4.       Melhorar nossos bairros e construir moradias dignas. Denunciamos a especulação e mercantilização da terra e os bens urbanos. Rejeitamos os despejos forçados, o êxodo rural e o crescimento dos bairros marginalizados. Rejeitamos qualquer tipo de perseguição judicial contra quem luta por uma casa para sua família, porque entendemos a moradia como um direito básico, o qual deve ser de caráter universal. 

5.       Defender a Mãe Terra e a soberania alimentar. Promovemos a reforma agrária integral para distribuir a terra de maneira justa e equitativa. Chamamos a atenção dos povos sobre o surgimento de novas formas de acumulação e especulação da terra e o território como mercadoria, vinculadas ao agronegócio, que promove o monocultivo destruindo a biodiversidade, consumindo e contaminando a água e deslocando populações camponesas e utilizando agrotóxicos que contaminam os alimentos. 

6.       Construir a paz e a cultura do encontro. Comprometemo-nos, desde a vocação pacífica de nossos povos a intensificar as ações coletivas que garantam a paz entre todas as pessoas, povos, religiões, etnias e culturas.

7.       Combater a discriminação e machismo. Comprometemo-nos a lutar contra qualquer forma de discriminação entre os seres humanos, seja por diferenças étnicas, cor da pele, gênero, origem, idade, religião ou orientação sexual. Todos nós, mulheres e homens, devemos ter os mesmos direitos. Condenamos o machismo, qualquer forma de violência contra a mulher, em particular os feminicídios e gritamos Nem uma menos!

8.       Promover a liberdade de expressão. Promovemos o desenvolvimento de meios de comunicação alternativos, populares e comunitários, contra o avanço dos monopólios midiáticos que ocultam a verdade. O acesso à informação e a liberdade de expressão são direitos dos povos e fundamento de qualquer sociedade que se pretenda democrática, livre e soberana. 

9.   Pôr a ciência e tecnologia ao serviço dos povos. Comprometemo-nos a lutar para que a ciência e o conhecimento sejam utilizados ao serviço do bem-estar dos povos, Ciência e conhecimento são conquistas de toda a humanidade e não podem estar ao serviço da ganância, exploração, manipulação ou acumulação de riquezas por parte de alguns grupos.

10.   Rejeitamos o consumismo e defendemos a solidariedade como projeto de vida. Defendemos a solidariedade como projeto de vida pessoal e coletiva. Comprometemo-nos a lutar contra o individualismo, a ambição, a inveja e a cobiça que aninham em nossas sociedades e muitas vezes em nós mesmos. Trabalharemos incansavelmente para erradicar o consumismo e a cultura do descartável.
Tradução - Katiuska S. Nieves

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