Congresso da Vida Consagrada
Bogotá, 18 – 21 de junho de 2015
MENSAGEM FINAL
“Bem-
aventurada, aquela que acreditou” (Lc 1, 45), Vida Consagrada, porque a Ruah
divina fará surgir em ti uma nova forma de vida.
1.
As/s
participantes no Congresso de VC de América Latina e o Caribe dirigimos esta
Mensagem às pessoas consagradas, aos nossos Pastores e a todo o Povo de Deus do
que somos parte, com a esperança de que, por médio deste escrito, possam também
experimentar os convites que o Espírito Santo nos fez para um maior compromisso
na vivencia da nossa vocação.
Realizamos
o Congresso no contexto do ano da VC, convocado pelo Papa Francisco por ocasião
do 50° aniversário do Concilio. Durante os dias do Congresso, escutamos a Deus
onde a vida clama, reafirmamos nossas convicções e vislumbramos os “horizontes
de novidade na vivência de nossos carismas hoje”. Ao terminar este Congresso expressamos nossa
solidariedade com as vítimas da violência e com o processo de paz em Colômbia.
2.
Fatos significativos no Congresso. Alegramo-nos pelo posicionamento das
Novas Gerações da VC e pela sua participação no Congresso. Sua palavra e seu
trabalho, seus questionamentos e sua forças, desafiam às/aos mais velhos para
olhar não para o passado, mas para frente, para novidade que Jesus nos promete.
Com seu magistério e seu testemunho, Francisco nos motiva a criar a cultura da
ternura e da misericórdia. Foi providencial que durante o Congresso se
publicara a encíclica Laudato Si’, na qual o Papa nos convida assumir “o cuidado da casa comum”. Também,
nos confronta e estimula a memória do beato Oscar Arnulfo Romero, quem propõe à
VC uma forma concreta de ser profecia martirial, fiel ao Evangelho e livre de
ataduras.
3.
Betânia. A VC de América Latina e o
Caribe, ao contemplar o ícone da comunidade de Betânia –Marta, Maria e Lázaro–,
sentiu-se chamada por Deus para ser casa de encontro, comunidade de amor e
coração de humanidade. Aqueles/as que participamos no Congresso, escutamos,
como ditas a nós, as ordens que Jesus deu no contexto da ressurreição de
Lázaro: “Tirem a pedra”, “saia para fora!”, “Desamarrem e deixem que ele ande”
(Jo 11, 39.43-44). Queremos viver estes mandatos; somente assim poderemos
acolher o reino do Abba, irradiar a beleza de seguir Jesus Cristo e
experimentar o gozo do Evangelho.
4.
Um antes e um depois para a VC. Este Congresso, em sintonia com o
Vaticano II, nos proporcionou um impulso de ressurreição que levantará à VC do
túmulo da nostalgia pessimista do passado e a impulsionará ao futuro, que é a
vida nova no Resuscitado. A presencia de Jesus em meio da comunidade gera vida,
alegria, missão, compromisso mutuo; cria pessoas ancoradas nele e ao Reino e
não às obras e estruturas; gera, na Igreja e para a Igreja, uma VC renovada e
resignificada, não de massa, mas de próximos que vivem a fraternidade num clima
de amor, compaixão e misericórdia e são profecia do Deus de Jesus; uma VC que
origina novos vínculos intercongregacionais e novos espaços que nos evangelizam
com diversos rostos.
5.
Horizontes de novidade. Dentre os diversos “horizontes de
novidade na vivencia de nossos carismas hoje” que percebemos no Congresso,
destacamos os seguintes:
a.
A
Trindade é o modelo da nossa fraternidade; conduze-nos à unidade na
diversidade, nos capacita para o diálogo e a reciprocidade, faz com que nossas
relações sejam circulares e em igualdade.
b.
O
seguimento de Jesus Cristo, desde a mística e a profecia, tem como horizonte o
martírio, testemunho eloquente que é capaz de tocar o coração das outras
pessoas e suscitar a conversão. Temos de recuperar a memória
profética-martirial dos nossos povos.
c.
Uma
resignificação dos conselhos evangélicos à luz do Verbo de Deus que se encarna
e entrega sua vida na cruz, e da escuta da Palavra, levará a pessoa consagrada
à liberdade, à gratiudade-gratidão e à compaixão.
d.
A
VC está chamada a partilhar espiritualidade, missão e vida com as leigas e os
leigos, desde uma eclesiologia de comunhão, constituindo famílias carismáticas
e.
Uma
VC pobre e para os pobres, implica participar hoje “na revolução da ternura” (EG
88), “usar a medicina da misericórdia” (MV 4) e cuidar “a casa comum” (LS).
f.
A
VC tem de sair da sua auto-referencialidade e de todo aquilo que lhe impeça o
contato direto com o próximo.
g.
A
intercongregacionalidade e as comunidades intergeracionais são desafios que
exigem discernimento e criatividade, e que nos proporcionam a oportunidade de
enriquecer-nos mutuamente, crescer e complementar-nos.
h.
As
culturas, a ecologia e a humanização são espaços nos quais a vida se vê
ameaçada, espaços nos quais a VC deve estar presente e atuar.
6.
Fazer acontecer. Concluímos o Congresso com o coração
ardente, porque percebemos o Espírito de Deus atuando em meio de nós. Tendo
conhecido os convites a nos comprometer feitos pela Ruah divina, nos
corresponde agora fazer com que aconteça a novidade da VC, ou mais exatamente,
colaborar com a Ruah no surgimento de uma VC nova, participativa e prismática,
não piramidal nem estática. É necessário impulsionar já esta colaboração; ser
pessoas propositivas e ousadas, que “façam confusão” começado cada um/a por si
mesmo/a, pelas nossas comunidades locais, pelas próprias congregações e
conferencias. As intuições do Congresso são sementes que darão frutos só se
passamos da teoria à prática.
7.
Em
marcha. “Saia fora”, disse Jesus a Lázaro. O Papa Francisco insiste em que “a
saída missionária é o paradigma de toda obra da Igreja” (EG 15), e espera da VC
que saia de si mesma “para ir às periferias existenciais”. Vamos, caminhemos em
companhia de aqueles que lutam por um mundo mais justo e inclusivo, mais
fraterno e mais alegre.
Tiremos
lhes à VC as faixas para que possa caminhar; tiremos lhe as faixas e caminhemos
com Maria, que vá com prontidão a servir a sua prima Isabel. O encontro de
estas duas mulheres foi o começo de algo novo, de uma vida fecunda e
missionária. Saiamos e caminhemos com Maria, e façamos que a humanidade – João
– pule de gozo, e que a criação – Isabel – fique cheia do Espírito Santo (Lc 1,
39 – 44).
Katiuska S. Nieves - tradutora do texto.
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