GISLEY, MÁRTIR
Querido Gisley,
Desde o dia 29 quero te escrever, mas o atropelo dos
dias me impediu. Contudo, você tem estado muito presente. Dia 29 de maio de
2009 começava o Seminário Nacional que gestava e articulava a Campanha Nacional
Contra a violência e o extermínio de Jovens.
Dia 31, o seminário se encerrava e muita coisa teria de ser articulada
para efetivar ações na defesa da vida da juventude. Além tudo, foste meu aluno,
estudando juventude, em 2003. Aparentemente, muito quieto.
No dia 15 de junho de 2009, contudo, teríamos que
viver sua Páscoa. Não imaginávamos. Não esperávamos. Mas, os poderosos já
haviam decidido: você seria morto porque falava e encarnava a questão do
extermínio de jovens. Sim, não tenho dúvidas de que sua morte foi morte matada,
à mando de poderosos. O seguimento te fez estigmatino, e recebeste, no corpo,
os estigmas. Fui no local onde deixaram teu corpo... Contudo, na tua Páscoa, vemos o que moveu tua
vida: a paixão pelo Reino e pelos/as jovens. Choramos muito, mas, a morte não
teve e não detém a última palavra.
Quiseram te assassinar para frear as ações de defesa
da vida da juventude. Não se deram conta, porém, que você ressuscitaria nas
milhares de ações que brotaram em prol da vida da juventude, depois de seu
martírio. E sei que você acompanhou e animou tanta coisa que aconteceu Brasil
afora, com as juventudes gritando e assustando, dizendo que aquilo não era
causa santa.
Ainda hoje há poderosos querendo apagar tua memória. Também
na igreja. Esquecem, contudo, que fidelidade à uma causa gera eternidade.
Sempre que falarmos de luta pela vida da juventude teremos tua vida e memória
presentes.
Não sei bem porque te escrevo. Falamos muito de ti, eu
(Luís), Maurício Perondi e Pati Vieira numa mesa de partilha e causa. Hilario
Dick , na festa dos 80 anos, chorou quando o Maicon Malacarne recordou sua
fidelidade à juventude. Lembramos de ti, do Floris, do Albano, do Lourival, do
Walderes... Talvez seja por isso. Talvez
seja para pedir ajuda para abrirmos horizontes e alinhavarmos esperanças no
meio das opressões que testemunhamos em nosso país. Talvez seja para pedir
ajuda para não sucumbir. E talvez seja só para escrever mesmo. São coisas que a
razão não explica.
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