Esta conversa do whatss ai do lado foi uma das últimas que
você digitou pra mim. Depois eram apenas áudio, esta foi no dia 28 de março, e
no dia 04 de abril você internou de vez...e nos últimos dois anos eram assim os
nossos dias, um querendo saber do outro, quando chegava a tarde e nenhum de nós
não havia dado notícias já vinha uma mensagem assim. Nesses últimos 5 meses
sinto muita falta desses: oi’s, kd’s vc, os como amanheceu? dos bom dias flor
do dia, enfim de você.
Mas com a correria destes meses, de arrumar documentação, de
cumprir suas agendas em algumas assessorias, de fazer tanta coisa que não deu
tempo de te escrever e contar algumas coisas. Mas sei que está acompanhando de
onde estiver. Desde a semana da Oficina de Rodas de Conversa e depois em preparação
para Inauguração da biblioteca tenho sentido fortemente sua presença, as vezes
escuto seu andado ou tenho a impressão de te ver deitado no sofá do Cajueiro.
Na semana passada quando pensamos em servir pamonha para
inauguração me lembrei da nossa última ida na pamonharia – um desastre..kkk
querendo agradar...nos lascamos: tínhamos levado pessoas do Rio Grande do Sul
(vou contar o milagre, mas não irei contar o santo) e você percebeu que as
criaturas não gostavam de pamonha, que estavam comendo por educação e com uma
cara...afff. Ao entrar no carro, você virou pra mim com aquela cara rabugenta
que só você sabia fazer e disse: “nunca mais trago ninguém do sul pra comer
pamonha, ave maria.”(ri demais da conta). Mas Lori, desta vez não erramos no
que servir no dia da inauguração, a maioria venceu: éramos goian@s, comemos pamonha
até: de doce e de sal..rsrsr...
Foi bonito de viver Lori, durante a semana as pessoas
entrando em contato querendo participar de alguma forma da organização da biblioteca.
E o tanto de livro que as pessoas doaram?!!!!? E as preciosidades????, mas
também apareceu cada coisa...rsrsr...na hora que a gente recebia já imaginava
sua cara de reprovação...rsrs
Lembro que um dos últimos pedidos que não tive
oportunidade de atender foi organizar a biblioteca de sua casa. Mas não medimos
esforços para organizar uma BIBLIOTECA POPULAR, com a sua cara e aberta
principalmente para a juventude.
Foi emocionante a construção coletiva de tudo isso: Berg
arrasou na arte, teve tanta
sensibilidade, até a foto que parece que você está conversando com a
gente, ou melhor ensinando a gente a fazer algo. Ele pensou em cada detalhe no
que você tanto pediu: até a cor LARANJA. Não esquecemos nenhum só momento, até
a fita de inauguração foi laranja. A Carmem? tinha uma ideia a cada
minuto..rsrsr...mas se dedicou tanto com os meninos e as meninas do Trilha Uni
que era contagiante. Marisa, Delma,
Nethy, Taty que ornamentaram o lugar que ficou lindo de ver. Mas nem te conto: a
Arilene colocou aquela colcha de retalho que você vivia dizendo que estava
velha demais, e que não estava bonita mais pra ser usada...rsrs...chamei ela de
teimosa...e ela não me ouviu...colocou lá...pronto entreguei...sua comadre.
E pensar o roteiro da noite, estávamos em sintonia,
foi tudo tão tranquilo. Célio lembrava a todo momento que era preciso dar a
palavra aos jovens e Arilene fez dignamente. E Joara que com ajuda do texto da
Mirian fez bravamente e criativamente apresentou um Cordel só pra você. Te
surpreendemos, né? Você nunca imaginaria que iria ter sanfona??? rsrs..carta na
manga...bingo..rsrsr...Não queríamos correr o risco da Carmem ter que puxar os
cantos..rsrs..Danilo sempre gentil, nos encantou com sua sanfona e bela
cantoria. E a Mercedes chegou com uma bata linda vermelha do México em sua
homenagem, nos emocionando com suas palavras e doida,,,rsrs..com cirurgia nas
veias a danada dançou forró. Ah nem te conto: Teve transmissão ao vivo!!!!
Poderoso demais da conta você!!! Com uma biblioteca no seu nome: BIBLIOTECA
POPULAR LOURIVAL RODRIGUES e ainda com transmissão ao vivo!!!! Coitado do
Samuel uma hora segurando o celular da Carmem para transmitir as imagens.
Aposto que você deve ter adorado ver o Samuel quietinho...rsrs...mas ficou
muito bacana, muita gente acompanhou mesmo de longe. Gente de todo canto se
juntou na sexta feira com um pratinho de comida, um refrigerante, um biscoito,
uma quitanda bem goiana, um sorriso enfim - tudo de bom estava reunido:
cheiros, sabores e saberes. Uma belezura!
Foi lindo ver quando sua mãe e todos os seus chegaram e se
juntaram as quase duzentas gentes que se apertaram no salão principal do Centro
Cultural. O Heitor seu sobrinho me entregou o quadro pintado por ele com a logo
do CAJUEIRO e disse: Tio Lori viu o quadro pronto, só não trouxe pra vocês
porque não deu tempo de secar. Chorei com eles, deles falarem do orgulho de ter
tido um tio como você.
Este dia 14 de outubro de 2016, vai ficar na memória e como
dizia Adélia Prado: “o que a memória amou ficou eterno”, foi um dia da memória
da gente amar e de reencontrar, de celebrar e festejar, justo na véspera do Dia
do Professora(o). Foi o dia de lembrar e festejar a sua história Lori que de
carroceiro se torna em um pesquisador, não tinha data mais feliz: o dia do
nosso eterno educador de nossas vidas. E você que tanto gosta da frase de Cora:
“feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” que me deu uma camiseta
com essa frase uma vez, pois é a frase está no marca página. Fiquei encabulada
de ver a felicidade do povo. Todos e todas tinham uma história para contar que tinha vivido
contigo, a cada instante vinha uma história sua e não tinha outro momento de
lançar o tão dedicado livro de pesquisa: “Juventudes – Educação e Religião em
Cenários de Violência”. Vi o tanto que você dedicou na pesquisa e na transcrição de todos os textos.
E a equipe trabalhou direitinho organizando tudo e numa agilidade, precisava
ver a Miriam e Berg dando autógrafos: finíssimos e lindos nossos amigos.
Mas o desejo maior era de você estar presente
fisicamente no meio de nós, e sua mãe ao cortar a fita se emocionava e disse:
“eu gostaria que meu filho estivesse fazendo isso que estou fazendo”.
Não teve esse que não segurou as lágrimas ao ouvir o depoimento
da Elivane ao contar que você quem a entrevistou para o Projeto Na Trilha da
Universidade e dizia a ela que ira ajudá-la a passar no vestibular, que a fez
uma menina mais corajosa a enfrentar o racismo e tantos outros desafios que só
uma jovem negra e pobre enfrenta nesta sociedade perversa.
Dona Abigair não cabia tanta emoção, com sua máquina
fotográfica, pedia o tempo todo para a gente tirar foto com ela, que era para
guardar de lembrança e mostrar para o restante da família. Me fez prometer
passar um dia com ela em Anicuns e levar a Carmem. Carmem nem sabe mais prometi
leva-la.rsrs.
Hoje foi o dia de arrumar o que ficou da sexta-feira e aí
Alex seu irmão esteve lá uma parte comigo e ficamos conversando o tempo todo na
biblioteca, a sensação é que estávamos mais perto de você. E assim que o espaço
da Biblioteca será, um pedacinho de ti no meio da gente. E neste restinho de
dia, já entrando para o outro que está para nascer senti que precisava escrever
pra ti, porque sinto que você descansa
em paz, e eu também te deixarei em paz depois dessa carta enorme e ao ler você
deve estar como escreveu pra mim no whatss: “chorei de lembrar e de ver o
povo”. Mas amigo agora nossas vidas seguem mais do que nunca porque ficou celebrado
e festejado nesta sexta feira que o seu legado também é nosso legado que foi e
será: cuidar da juventude e das pessoas que querem simplesmente construir o
bem.
Um cheiro com cheirinho de alecrim e Cum Deus Amado!
Claudia Monteiro Lima
Linda carta! Lindas lembranças! Dona Abigair liiinda do nosso coração! E Lourival liiindo em nossos corações e na nossa memória!!!! Beijos, Dani Gomes.
ResponderExcluirDani de fato a carta nos ajuda a fazer uma boa memória do Lourival. Dona Abigair estava presente na inauguração forte e saudosa. abraços,
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