quarta-feira, 1 de junho de 2016

Vamos a Betsaida: Ser Tão PJ – Romper barreiras! Luis Duarte Vieira e Maicon André Malacarne



“Pois quando sou fraco, aí é que sou forte.”
2 Cor 12,10

“Teu entulho, diz o profeta, seja teu pedagogo.”

Monge Doróteo de Gaza



Pisar no chão sertanejo carregando no coração a Pastoral da Juventude do Brasil, é pensar nas barreiras que precisam ser derrubadas para que aconteça a Evangelização da Juventude. O tema da Ampliada Nacional inicia com essa afirmação: romper barreiras. Para ser e viver a essência, é preciso a desconstrução. Diríamos que iniciamos nossa caminhada fazendo uma avaliação. Uma autocrítica. Esse texto é construído pensando nos grupos de jovens da Pastoral da Juventude, nas coordenações paroquiais, de área/forania, diocesanas e regionais. Ao final de cada barreira que iremos citar, há perguntas mais específicas que querem provocar. Você pode pensá-las de acordo com o espaço do qual é parte.



Vamos a Betsaida?

O Evangelho de Lucas, no capítulo 9, descreve a missão dos discípulos. Jesus convocou os doze (9,1) e os enviou. A Boa-Notícia chegou até Herodes (9,7) que ficou desconcertado, achando que João Batista tinha ressuscitado e pediu para “ver Jesus” (9,9). O Evangelho incomodou o poder impenetrável. Depois da missão, os aprendizes do Mestre retornaram e Jesus ouviu todas as belezas da partilha deles (9,10). Certamente, ficou com o coração transbordando. Pediu que fossem com Ele até Betsaida, um lugar à parte. É nesse lugar que Jesus se coloca como Aquele que acolhe a Boa-Notícia da missão dos discípulos. E ali, sentados na relva, partilham a felicidade da missão e dão-se conta das barreiras que teimam prosseguir cultivando. 

Apesar de terem construído a belíssima missão, ali em Betsaida os discípulos não conseguem pensar o coletivo. Já se tinha se reunido uma multidão em torno de Jesus, todos com fome, sendo que tinham apenas cinco pães e dois peixes. E eles pedem ao Mestre para despedir a multidão e “procurarem um lugar melhor” (9,12). Jesus os desafia a olhar para frente e perceber o quanto ainda precisam caminhar: “Vocês é que tem que dar-lhes de comer” (9,13).  Em Betsaida, Jesus ensina e dá o testemunho da partilha. A Eucaristia de Betsaida é o horizonte para nossa autocrítica e avaliação pastoral.

Nós, Pastoral da Juventude do Brasil, também somos convidados a ouvir o Mestre que senta conosco na relva de Betsaida. Como os discípulos, queremos “um lugar melhor” – “uma Pastoral da Juventude melhor” -, mesmo dando-nos conta de que não precisamos “sair do nosso lugar para encontrar o melhor lugar”.  É preciso romper as barreiras em Betsaida. Temos os cinco pães e os dois peixes que nos alimentam nesse exercício. 

Queremos citar oito barreiras que precisam ser refletidas. Entendendo, claro, que isso não significa uma mudança ou rompimento estanque, mas algo planejado, rezado, meditado, refletido e transformado como um processo. Por isso, você, quando ler e refletir esse texto sozinho ou no seu grupo, com as coordenações, poderá acrescer a nona, décima, décima primeira... barreiras a serem quebradas. Trata-se de um convite ao enfrentamento. Vamos lá!












Imagem de Betsaida - Internet



Onde estão as nossas comunidades?

1 – Uma primeira barreira que precisamos urgentemente derrubar é o afastamento da Pastoral da Juventude das comunidades eclesiais. A vida na comunidade é o que temos de melhor. Assim como aprendemos que “o grupo é o lugar da felicidade”, podemos afirmar, com certeza, que essa felicidade só é plena à medida que a vivemos em comunidade. No momento em que nos distanciamos da comunidade, da relação orgânica que ela produz, vamos perdendo nossa referência. E aí nasce um grande problema: a auto-referencialidade. Deixamos de nos voltar para a essência, e voltamo-nos em cima de nós mesmos. Vivemos uma pastoral do “exemplo a ser seguido”. Somos referências para tudo. Quase que não cometemos erros. E, quem sabe o mais difícil, desconsideramos o processo de educação na fé que se dá junto a vida comunitária. `

Outro elemento que poderíamos trazer, junto ao distanciamento da comunidade, é o afastamento e o julgamento, muitas vezes azedo, aos padres, religiosos/as e bispos. Assumimos uma postura que não é de crítica construtiva, de se colocar ao lado para trabalhar junto, mas de julgamentos desmoralizantes e, muitas vezes, desumanos. Como você tem percebido isso? Seu grupo está numa relação boa na comunidade? Como poderia melhorar? Sua diocese tem articulado grupos de jovens? Tem possibilitado que outros/as jovens vivam a experiência sagrada da vida em grupo e em comunidade? Como as coordenações regionais tem ajudado a articulação nas dioceses onde a PJ está desorganizada?



É uma tentação esquecer o planejamento

2 – A segunda barreira importante a enfrentar é a superação de uma pastoral do momentâneo para uma Pastoral da Juventude que pensa a prática e faz planejamento da ação. Vamos pedir ajuda ao Agenor Brighenti que numa belíssima obra[1] nos ajuda a refletir a pastoral, afirmando: “Em tempos de crise das utopias, impera a ditadura do presente, que nos leva ao espontaneísmo e ao pragmatismo do cotidiano. Vivemos imersos no mundo do provisório, do passageiro, do descartável e do efêmero. Diante da sensação de que nada é para sempre, entra em cheque a noção de perenidade, de perseverança, de persistência. Há uma redução da esperança e um encolhimento da utopia ao momentâneo. (...) A projeção da ação, outrora para quatro ou cinco anos, foi encolhendo para dois anos, um ano, mensal, semanal e, em muitos casos, certos agentes ficam à mercê da demanda do dia. Perde-se com isso a capacidade de fazer história.”  

Agenor Brighenti nos ajuda a refletir e a derrubar também essa barreira. Precisamos pensar/planejar a nossa ação da melhor maneira possível. O grupo de jovens precisa ter um horizonte claro de planejamento. Deixamos uma atividade levar para a outra e pensamos que é mais cômodo viver esse espontaneismo. Poderíamos entrar em outro debate importante: o planejamento deve ser participativo e não autoritário; partir da realidade e ser firmado no projeto de Jesus. Mas, sobre isso, devemos buscar outras referências.

O seu grupo de jovens faz planejamento? E sua paróquia e diocese tem tirado o tempo para planejar? De quanto tempo é o plano de ação? Há avaliação e momentos de rever o plano? Como podemos construir esse caminho de planejamento? O planejamento que fazemos de três em três anos, ilumina a caminhada da PJ nos Regionais? Os planos de ação do Regional perpassam os planos de ação das dioceses e vice-versa?



Cultivo da memória

3- Vamos percebendo, com o andar dessa construção, que uma barreira está muito próxima da outra e, em muitos casos, profundamente conectada. Se não nos preocupamos em planejar e construir a história, vamos, aos poucos, perdendo a memória da nossa pastoral. É incrível como isso se evidencia em várias dimensões: político, eclesial, social, familiar... A perda da memória está muito ligada à dimensão vital. Poderíamos, duramente, afirmar que perder a memória é pegar o caminho da morte. Se pensarmos uma família perdendo a memória, os antepassados, as lutas, os sofrimentos, as construções, ela vai deixando seus alicerces enfraquecerem. A qualquer momento podem ser esquecidos. Em muitas comunidades já não se sabe porque aquele Santo é o padroeiro, nem quais foram os primeiros fundadores... Assim também a Pastoral da Juventude vai esquecendo grupos, atividades, processos e pessoas que deram seu sangue por esta pastoral. Não é estranho ver, repetidas vezes, “primeiro encontro”, quando, na verdade, já aconteceram dezenas de encontros. Por isso, a memória é algo vivo. Diariamente é preciso pensar nisso. 

Pensar a memória não é só olhar para o passado, mas perceber as mudanças de épocas, os desafios distintos, os limites de cada período. Como temos cuidado a memória do nosso grupo? Como registramos o dia-a-dia? Temos um livro de registros, um álbum de fotografia impressa? Fazemos experiência de memória seguidamente nos encontros? Conheço a história da PJ em minha diocese? No meu regional? Quais são as pessoas que mais contribuíram com a PJ de sua localidade ao longo dos tempos? Quem são as pessoas de referência para a PJ Nacional, por causa de sua doação ao longo dos anos? A que distância estou e estamos da história da PJ?



Encarnação: pés no chão

4 – Há uma expressão (mais do que uma palavra!) bíblica que é um constante ponto de partida e ponto de chegada: encarnação! Deus fez uma opção – encarnou-se! E através do “Verbo encarnado” podemos conhecer quem é o nosso Deus. A encarnação revela um movimento de Deus: vem ao encontro, se abaixa, se aproxima. Aqui reside uma outra barreira que precisamos vencer na Pastoral da Juventude: a distância da realidade – é a barreira de ter os pés longe do chão. O grandioso universo cibernético faz com que, a todo momento, possa estar conectado a vários pejoteiros e várias atividades pastorais nos mais diversos cantos do país e da América Latina. Isso é lindo, mas pode ser problemático. Tem certas atividades que dão certo num lugar e não noutro. Tem algumas pessoas que tem certas vivências diferentes de outras. E isso pode causar uma grande dificuldade de querer “copiar e colar” formas de ser PJ. Mais do que nunca é necessário pensar a pastoral em unidade com a comunidade desde o chão concreto da vida, do bairro, da paróquia, da diocese... 

Para fazer isso de forma mais coerente, necessitamos uma constante atitude de diálogo com a realidade. O diálogo sempre nos situa e nos ajuda a discernir. Somos provocados a perceber “novos sinais dos tempos”. Novas formas, novas experiências vão sendo geradas em grupo e em comunidade no momento que somos fiéis a realidade. Isso também não deve ser “bairrismo”, mas profunda encarnação. Nosso chão é nossa carne. O que podemos conversar sobre essa barreira? Como temos dialogado com nossa realidade?  Como temos encarnado pessoal e pastoralmente a opção preferencial pelos pobres que assumimos? A que distância estamos dos/as pobres? Temos realizado inserções? Missões?



Vamos aos pobres

5 – Sendo seguidores do Mestre, numa atitude de discipulado, necessariamente precisamos viver a pobreza e aproximarmo-nos dos jovens pobres. Esse é um imperativo. A distância dos pobres é uma barreira. Vimos a Igreja Latino-Americana desde a conferência de Medellín, passando por Puebla, Santo Domingo e Aparecida afirmar sua opção pelos jovens e pelos pobres. Mais do que uma eclesiologia, essa opção é uma Cristologia. Jesus optou primeiro. A prática da Pastoral da Juventude de cuidado e opção pelos jovens empobrecidos tem, assim, um caráter bíblico e, como Igreja, buscou referência nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Toda a Bíblia, desde Caim e Abel, está marcada pela predileção de Deus com os fracos e oprimidos da história. Nesse sentido, também é urgente resgatar os profetas e profetizas Bíblicos chamados por Deus para a vocação de falar em nome Dele e em nome dos pobres. Essas duas vertentes da experiência profética continua nos desafiando. Querer uma PJ profética é, necessariamente, estar junto dos jovens pobres, contribuindo na construção da organização, da reflexão, da denúncia e da esperança de um tempo novo. Profecia e esperança estão profundamente conectadas. 

A Pastoral da Juventude é provocada a entrar na luta contra qualquer injustiça, posicionando-se. A profecia bíblica e também de referências proféticas da história nos garantem que essa prática trará como consequência a perseguição. Todo profeta e profetiza é perseguido. Uma PJ profética será perseguida. Porém, nosso critério são os empobrecidos e as injustiças da história contra eles e isso não pode nos deixar calados. Os pobres são muito mais que “objetos de missão”. Temos percebido essa atitude no nosso grupo? Como temos vivido nossa pobreza configurada num caminho de construção de direitos? Como temos pensado, no serviço paroquial e diocesano, a ação junto aos empobrecidos? Vivemos, nós mesmos, a opção preferencial pelos pobres?



O que é mesmo pensar uma forma nova de anunciar?

6 – A sexta barreira que julgamos que precisamos derrubar é a do medo de pensar novas formas de evangelização da juventude. O Evangelho provoca: “Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa o pano e o rasgo fica maior ainda. Também não se põe vinho novo em barril velho, senão os barris se arrebentam, o vinho se derrama e os barris se perdem. Mas o vinho novo se põe em barris novos...” (Mt 9, 16-17). A pergunta seria: Provocados pelo Evangelho a pensar a novidade, como viver a vida em grupo e gerar processos de educação na fé nesse tempo, diante dos desafios que se apresentam? A pergunta, certamente, nos leva a amadurecer nossa identidade pastoral. Uma identidade que quer ser “vinho novo”, saboroso e que produza alegria juvenil. Não uma identidade auto referencial, que reside apenas em camisetas e bandeiras. É preciso ter clareza de quem somos, porque somos e onde queremos chegar. Nas grandes periferias urbanas, nos grandes bairros, nas aldeias, nas comunidades rurais, no sertão e nos pampas, na Amazônia e no serrado, nas praias e nas favelas, a PJ é provocada a pensar sempre novas formas de Evangelizar a Juventude. 

Referências boas não nos faltam: o Documento 85, da CNBB, sobre a Evangelização da Juventude; Civilização do Amor – Projeto e Missão, do CELAM e tantos outros materiais que falam de nossa proposta e de nossa identidade.  Como temos pensado isso no nosso grupo? Quais as nossas “literaturas”? Uma “nova evangelização” não pode significar à nossa origem? O que nos impede de ser “novidade” na Evangelização? Já ouvimos falar em processos que educam na fé? Priorizamos esse conteúdo? As opções pedagógicas que tanto afirmamos, elas estão sendo assimiladas em nossa prática? Quais os locais geográficos que necessitariam uma aproximação do nosso grupo? Aproximar-se não significa “ir ensinar”, mas estar junto, caminhar junto, aprender, partilhar a vida e a proposta de vida...



Será que nos esquecemos de respirar?

7 – Outra barreira que devemos enfrentar e refletir é a que criamos em torno de nossa espiritualidade. A Pastoral da Juventude foi amadurecendo em sua caminhada uma espiritualidade profundamente encarnada que faz parte de sua identidade. Poderíamos dizer que a espiritualidade é nossa alma. Uma Pastoral da Juventude que não reza ou que deixa a espiritualidade em segundo ou terceiro plano está perdendo a essência. Se Deus não for o protagonista de nosso ser PJ, deixamos de ser uma ação evangélica que está na dinâmica do Reino Dele. Não há outra forma de deixar a Graça de Deus estar entre nós do que pela oração. Reza-se a vida, reza-se a fé. Rezamos das mais diferentes formas, mas não podemos deixar de rezar um só dia, um só encontro do grupo. 

A Palavra de Deus também é essa luz, fonte e ápice, de todo/a seguidor/a. É como se Deus falasse para a Pastoral da Juventude: “Para você basta a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder” (2 Cor 12, 9). E nós respondemos como Paulo: “Pois quando sou fraco, aí é que sou forte” (2 Cor 12,10). As crises que vivemos não podem gerar em nós afastamento de Deus. A fé, claro, é algo dinâmico e vivo e pode ter suas crises, porém, como Pastoral da Juventude temos que enfrentar essa barreira de deixar de lado a espiritualidade “porque não tem coisa mais importante que rezar”. José Castillo, na obra Espiritualidade para insatisfeitos (São Paulo: Paulus, 2012) nos ajuda a pensar: “Essa é a espiritualidade cristã: a vida levada a sério. Ou, mais exatamente, é uma forma de viver a vida. A forma que é coerente com o Evangelho, com todo o Evangelho, e não apenas com aqueles textos ou aquelas passagens que nos convêm, que se enquadram com minhas ideias políticas ou com meus interesses econômicos. E é aqui que reside o grande “perigo” da espiritualidade cristã”. 

A Pastoral da Juventude precisa estar decididamente convencida que é preciso enfrentar esse perigo ao qual Castillo nos chama a atenção. O perigo é perder esta espiritualidade radical do seguimento ao Mestre e o compromisso que isso traz. Temos rezado nos nossos grupos e individualmente? Temos rezado junto com a nossa comunidade ou apenas quando tem celebrações do grupo? Na nossa diocese e no regional, planejamos e pensamos esse caminho de espiritualidade e provocamos os grupos a rezar? Usamos o Ofício Divino da Juventude?  Que materiais utilizamos para preparar nossos momentos celebrativos e orantes? Produzimos subsídios para contribuir nesse amadurecimento da fé? E os cantos da Pastoral da Juventude, temos construído algo novo? Ou estamos cantando os mesmos cantos da década de 80? É preciso cantos novos que ajudem a rezar, celebrar e nos organizar na caminhada?



Seria um pecado não comer junto: acompanhamento e cuidado

8 – A última barreira (sabemos que há muitas outras a serem refletidas, rezadas) que somos convidados/as a pensar e debater é a falta de assessores/as, de acompanhantes da juventude. A Pastoral da Juventude, ao longo de seu caminho percebeu que melhor acompanharia a juventude em seus processos de formação integral se essa não andasse sozinha. É que ela descobriu do Evangelho a vocação do acompanhamento. Acompanhar a juventude é comer junto. Escutar a vida dos/as jovens. Provocar e acompanhar a construção de projetos vitais. Além de acompanhar as diversas coordenações para uma ação mais efetiva junto aos jovens. Poderíamos dizer que a barreira com relação ao acompanhamento e ao cuidado da juventude pode ir em duas direções. Primeiro, da dificuldade da meninada em optar pelos/as acompanhantes. Ora vê-se desejo, ora, vê-se afastamento. É preciso uma opção clara e também clareza no papel de quem acompanha. Segundo, há dificuldade em adultos compreenderem essa tarefa e, assim, o perigo de substituir acompanhamento por dominação ou por controle. Adulto controlando jovem. A Pastoral da Juventude sempre se construiu a dois: jovens e assessores/as. Cada um desempenhando seu papel. 

Na sua comunidade local, quem acompanha seu grupo? O/a acompanhante cuida ou controla? E nas dioceses e regionais, como anda esse serviço? A juventude está disposta a ser acompanhada? Dá espaço para surgir acompanhantes? Quem está disposto a comer junto e do mesmo pão? Como fortalecer esse serviço aos/às jovens?



Convite à complementação

Enquanto fomos escrevendo essas barreiras, tantas outras foram aparecendo. Não, não é nossa ideia ser negativista e questionar tudo. É um ponto de partida para algo bonito que pode vir. Reconhecer limitações, derrubar barreiras, questionar-se sempre na fidelidade ao Reino de Deus, para poder pensar a organização “num lugar melhor”. Ainda muitas outras questões podem aparecer: a barreira das questões de gênero, da distância das coordenações com os grupos, da falta de estudo da juventude e da própria Pastoral, do fechamento ao novo, etc....Quais outras?  Encerramos este nosso olhar buscando a poesia de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, dizendo numa de suas poesias:

 Procuro despir-me do que aprendi, procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro, mas um animal humano que a Natureza produziu. E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem, mas como quem sente a Natureza, e mais nada. E assim escrevo, ora bem ora mal, ora acertando com o que quero dizer ora errando, caindo aqui, levantando-me acolá, mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.

 






[1] BRIGHENTI, Agenor. A pastoral dá o que pensar: a inteligência da prática transformadora da fé. São Paulo: Paulinas, 2006.

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