A
juventude está hoje na cena principal das discussões da Violência, na qual
grande parte da sociedade apresenta a mesma como um dos principais
protagonistas deste tema, seja como causadores de violência ou como vítimas,
sendo a primeira situação a mais recorrente. A impressão que se tem é que se
tornou um crime de ser jovem.
A
sociedade contemporânea possui uma forma de perceber a juventude carregada de
estereotipo proveniente do modo de se comportar desta categoria. Desta maneira
há uma representação dos jovens
como causadores de violência. É sabido que a violência vem preenchendo agora e
na história, um vazio deixado pelos atores e pelas relações sociais
construtoras de valores. A situação de violência revela, uma falta de
perspectiva, e tem fundo nas questões sociais. A sociedade capitalista possui
uma ausência de mediações e sistemas de relações que fazem falta para a vida
das pessoas, causando assim o enfraquecimento na criação de espaços da
qualidade de vida.
O enfraquecimento dos espaços sociais de
relação na vida dos jovens resultam em
uma espécie de campanha a favor da criminalização desta geração, através de
vários fatores tais como mobilização para a redução da maioridade penal, situações
de violência e extermínio de jovens, toque de recolher, linchamento de
suspeitos e busca de justiça com as próprias mãos.
As raízes da violência, no caso da
juventude, está ligada a fatores como a ausência de políticas públicas,
ausência de processos educativos, precarização do emprego e dos postos de
trabalho que tem gerado uma massa de pessoas sem lugar. Causando assim a
possibilidade de acesso ao consumo de bens e serviços e direitos básicos. Os
jovens se veem assim privados de suas carências, resultando em
manifestações de indignações e conflitos. A negação desses desejos e promessas
geram conflitos, que podem revelar uma forma de impor uma integração no sistema
ou a origem de organizações de resistência de tipos variados.
A violência para alguns passa a ser
uma tradução da vontade reprimida. Mais do que isso: no caso do adolescente e
do jovem, a ação se junta à paixão pelo risco. Essa dimensão é ampliada nos
jovens que residem em zonas periféricas, fazendo que muitos passem a sofrer discriminação
cultural e racial. Estes jovens trazem a marca da descriminalização e do
individualismo que se junta à visão negativa que a sociedade tem sobre eles/elas.
A violência se constitui como uma
interface e subordinação às questões da cultura, da religião, da política e do
Estado. Ampliando nas disputas culturais e sociais, na busca pela purificação
étnica, sectarismo, integrismo e fundamentalismo. Revelando as tensões entre
expectativas dos atores e os meios de realizar suas buscas. Na violência não se
acomodam as negociações, ela surge das carências políticas e dos atores capazes
de serem sujeitos.
Essas são algumas das causas que
levam a sociedade contemporânea a ter os jovens como responsáveis pelos crimes,
buscando criar sansões que venham punir e conter estes sujeitos desviantes. Em
nada, os jovens são reconhecidos ou beneficiados com essas sanções. As punições
são prerrogativas da nossa incapacidade de realizar as promessas da
modernidade.
Todos
se perguntam como contribuir na busca de respostas para as soluções destas
situações em que envolvem juventudes e violência, sabemos que às oportunidades
para os jovens com justiça e equidade, é uma possibilidade de caminho. Trata se
de encontrar ações e reconhecer novos modelos de autoridade emergentes para as
juventudes e com quem estas se identificam. Há que se encontrar formas de mediar novos espaços de
sociabilidade para os jovens dentro de mediações ou sistemas de relações, buscando
respostas e oportunidades justas.
[1] -
Especialista em Juventude, Mestre em Ciências da Religião. Presidente do Centro
de Juventude Cajueiro.
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