As
causas podem ser a idade que vivo (no caminho dos 78 anos), a forma como
vi brasileiros se comportarem nas eleições deste ano (1º e 2º turnos), o
suicídio de adolescentes perto do meu nariz, o tratamento brutal e
selvagem que adolescentes recebem em muitos lugares, a conjuntura da
morte de um colega meu, desde os anos de
1950, certa maneira como se deseja viver a afetividade por parte de
meninos e meninas, moços e moças, a falta de encantamento pela vida da
sociedade em geral, a incapacidade que os cristãos estão tendo de
seduzirem para a vida e a justiça, a grosseria dos que não querem
compreender que os pobres não são vagabundos, a falta de alegria que uma
parte da sociedade sente em ver muitos pobres saírem da miséria e
poderia prosseguir muito e por muito tempo esta ladainha tristonha das
motivações de uma sensibilidade que vivo.
Acho que não minto se digo que
tudo isso é indignação. Não me engano, contudo, porque dessa indignação
brota igualmente muita poesia. Aliás, apesar de a profecia levar,
muitas vezes, à morte, não há profecia que não seja poética.
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