Francisco encontra a juventude[i]
Flávio Munhoz Sofiati[ii]
A
chegada do Papa Francisco ao Brasil com a calorosa recepção dos fieis católicos
que estão no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, demonstra a
popularidade do líder máximo da Igreja Católica. Com Francisco o catolicismo
recupera a figura midiática e querida que João Paulo II soube cultivar em seus
seguidores e que Bento XVI por diversos motivos deixou se perder.
A
principal preocupação dos católicos nesta Jornada é a reaproximação com os jovens
e fieis que se distanciaram da igreja nas últimas décadas. Trata-se de um
desafio significativo, visto que em 20 anos os católicos passaram de 83,8% para
64,4% da população brasileira. Inclusive o CENSO de 2010 aponta que, pela
primeira vez, houve diminuição no número absoluto de fiéis, passando de 125
milhões para 123 milhões de adeptos.
Deve-se
levar em consideração que a Igreja Católica é ainda a maior e mais importante
instituição religiosa do Brasil e uma das principais no mundo. Nossa sociedade,
em sua composição cultural é profundamente influenciada pela lógica cristã
impressa pelo catolicismo popular que soube aproveitar as trocas com religiões
de matriz africana e indígena, destacando-se no contexto histórico de
construção da nossa nação.
Para
Francisco, o desafio é fazer com que sua popularidade, com que o carisma que
possui entre os jovens e fieis, seja convertido no seguimento de suas ideias,
no respeito aos preceitos católicos. Pois muitos dos jovens que estão na
Jornada no Rio de Janeiro, que estiveram em outras Jornadas e que participam
dos grupos de jovens nas paróquias, consideram muito pouco a opinião da
instituição, acompanhando apenas aquilo que lhes interesse, que lhes parece
conveniente.
Principalmente
com relação aos temas morais, ligados à dimensão da afetividade/sexualidade, é
evidente que os dogmas católicos são desconsiderados ou até mesmo
reconfigurados conforme a realidade dos agrupamentos juvenis católicos
espalhados por todo país.
Por
esse motivo, a Jornada Mundial da Juventude se constitui em um momento
fundamental para a Igreja recuperar seu ímpeto pela evangelização da juventude,
convencendo-os de que o catolicismo é ainda um porto seguro.
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