domingo, 26 de abril de 2015

Maioridade Penal na ordem do dia - Flávio Munhoz Sofiati




Novamente o tema da redução da maioridade penal entra na pauta do debate nacional. Agora o risco eminente de aprovação no Congresso é fato. Coincidentemente em um momento em que grande parte dos políticos eleitos para representar os cidadãos estão com sua popularidade em cheque em vista das muitas denúncias de corrupção.

São inúmeros os argumentos contra esta “política pública” perversa, mas do ponto de vista dos que defendem a redução o argumento central é a luta pela diminuição da violência. Argumento que não se sustenta, visto que não há experiência no mundo que comprove tal fato. Por exemplo, em Nova Iorque a política da “Tolerância Zero” fez com que a prisão de jovens empobrecidos de bairros da periferia se tornasse um rito de passagem na adolescência. O projeto apenas estigmatizou ainda mais os moradores de áreas desprivilegiadas e não conseguiu diminuir a violência.

José Machado Pais, sociólogo português especialista em juventudes, condena a interpretação da “delinquência juvenil” baseada na perspectiva da criminologia funcionalista. Para ele a lógica de entender o jovem como um potencial criminoso, em vista de uma natural incapacidade em se ajustar às normas sociais, compromete a própria integração das juventudes em seus mais variados contextos.

No caso do Estado brasileiro, por exemplo, há um déficit histórico de políticas sociais para com a classe trabalhadora e sua juventude. Os índices são predominantemente desfavoráveis para esse segmento social: são os com maior número de desempregados, com escolarização precarizada, acesso a esporte e lazer limitado e a participação cultural reduzidíssima.

Helena Abramo, que coordenou a pesquisa Perfil da Juventude Brasileira,  constata que o Brasil carrega uma enorme dívida social para com o seu povo. Ela afirma que o país ainda não se revelou capaz de satisfazer as necessidades básicas de milhões de brasileiros. A política de inclusão pelo consumo, desenvolvida nos últimos anos, não foi suficiente para integrar de forma efetiva os empobrecidos. A chamada Classe C, ou nova classe média, encontra-se hoje endividada e com seu potencial de compra reduzido.

Diante disso, constata-se que a resolução das questões criminais envolvendo a juventude só é possível de ser encaminhada com o avanço de políticas sociais e econômicas. O Governo precisa com urgência mudar radicalmente a sua política econômica, ressignificar conceitos e transformar o que é chamado hoje pelos liberais de gastos sociais em investimentos para o futuro, política de prevenção e inclusão social de fato. Inclusão pelo trabalho, com criação de novos postos e mecanismos de diminuição do desejo desenfreado de acúmulo dos capitalistas.

No entanto, isso exigiria do Governo uma total mudança de opção de classe, considerando que o Estado brasileiro está predominantemente a serviço dos ricos. Na atual conjuntura, um Estado a serviço dos pobres significaria melhoria da qualidade de vida para a maior parte da sociedade. A redução da violência, o aumento da mobilidade, saúde e educação pública e de qualidade são benefícios que atingem não somente à classe trabalhadora, mas também a classe média se beneficia destes investimentos sociais.

Tratar o moleque da “perifa” como eterno suspeito é, além de uma prática preconceituosa, o caminho equivocado para a tão sonhada cultura da paz. Paz só se for sem fome e essa juventude tem fome de inclusão social. Almejam, como todos, os postos mais respeitados e valorizados do mercado de trabalho. E merecem oportunidades para serem bem-sucedidos. A sociedade tem a obrigação de dar oportunidades para esse segmento social. Caso contrário, o tráfico, lamentavelmente, continuará sendo mais interessante enquanto possibilidade de inserção.

Flávio é professor de sociologia da UFG e da Coordenação do Observatório Juventudes na Contemporaneidade, membro do Centro de Juventude Cajueiro.



quinta-feira, 23 de abril de 2015

A juventude católica realiza sua XV Assembléia Regional Centro Oeste





Não percam a utopia e esperança,
Vocês são profetas da esperança.
Papa Francisco

Estas palavras do Papa Francisco, dirigida aos jovens do 11º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude em Manaus/AM nos animam na esperança e no vigor para anunciarmos o Projeto do Jovem Nazareno vencedor da morte e construtor do Reino de Deus. Neste espírito, que a Pastoral da Juventude do Regional Centro-Oeste nos dispomos a ser um caminho de evangelização e defesa da vida das juventudes.

Estamos em preparação para a XV Assembleia Regional da Pastoral da Juventude, que acontecerá nos dias 01 a 03 de maio no Colégio Marista Champagnat, em Taguatinga/DF. Nos reuniremos ao redor da iluminação bíblica “Devo anunciar a Boa Notícia do Reino de Deus também para as outras cidades, porque para isso é que fui enviado” (Lc 4, 43). 

Queremos dar um novo impulso missionário a todas as nossas atividades e grupos para sermos cada dia mais expressão de “uma Igreja em saída”, como nos pede o Bispo de Roma, colaborando com o fortalecimento de uma igreja que se percebe como comunidade de comunidades. 

Temos consciência de que este caminho é feito em comunidade. Somos muitos e sonhamos com uma “Igreja Pobre e com os Pobres” , com o “Outro mundo possível”, com a Civilização do Amor e acreditamos que é possível se entramos nesta construção.

Será um encontro com representação das dioceses do Regional. Convidamos todos/as para se unir ao grupo naqueles dias, rezando, enviando mensagens para as pessoas que estarão ali reunidas.

Que a luz do Senhor Ressuscitado brilhe em nossas comunidades e em nossos corações acordando sonhos, confirmando a esperança, dando um novo dinamismo à evangelização e defesa da vida das juventudes.

Fraternalmente,

Equipe de Metodologia




quarta-feira, 22 de abril de 2015

Nas tramas da vida e da Bíblia





A Escola Bíblica de Jovens é um projeto realizado em parceria pela Pastoral da Juventude da Diocese de Goiás – Região São Patrício e do CEBI – GO. Com o lema “Construtores/as de um mundo novo”, a EBJ contará com formação em quatro finais de semana, sendo que nestes dias 18 e 19 de abril, foi trabalhado as Metodologias de leituras bíblicas e a Visão geral da História do Povo de Deus, com a assessoria da Alessandra Miranda e da Jaciara Pires. Abaixo segue o relato de uma das jovens cursistas e de uma das coordenadoras locais.


“Somos o tesouro do espírito.
Somos a alma do mundo.”

Um sonho planejado há meses. O sonho que começa a ser realizado: escola bíblica de jovens. Cada um de nós, seja por curiosidade, interesse ou vontade de saber mais foi convidado a participar dessa primeira etapa, com o intuito de esclarecer, de início, todas as dúvidas com relação ao livro mais lido pelo mundo: a bíblia.

Poderia ter sido mais um final de semana qualquer, mas não foi. Ficamos felizes por isso. Durante a viagem até o local de encontro, a expectativa só aumentava. Será que vai ser interessante? Afinal, o que vamos aprender sobre a bíblia? Onde vamos dormir? Como vai ser o encontro?

Dando a devida importância à mística pjoteira, iniciamos a oração montando o espaço com a nossa cara, o nosso jeito. Ao longo do dia, várias perguntas começam a surgir. Deus: homem ou mulher? Como relacionar as leituras de antigamente com a atualidade? O inferno existe?
Para cada resposta, uma nova dúvida. E com isso, aprendemos que não basta interpretar as escrituras apenas com obediência. É necessário usar a hermenêutica. Depois de um dia cheio de ensinamentos, somos conduzidos às “nossas” casas e, resumindo nossa noite em: vigília, sarau e descanso, acordamos com mais sede de conhecimento.

Em êxtase diante de tantas descobertas, percebemos a importância em acolher a diversidade, com respeito às crenças e costumes de cada indivíduo. Embriagados pelo amor verdadeiro, nosso coração arde em busca do “jovem que sorri, canta, dança, chora, namora, espera e faz o novo amanhã”, saímos motivados a participar da segunda etapa, conhecer e fazer a diferença histórica na sociedade, sendo construtores de um mundo novo.

Efigenia de Fátima Barbosa, coordenadora paroquial da Pastoral da Juventude, 
Diocese de Goiás.