quarta-feira, 31 de julho de 2013

E agora José? A Jornada acabou....

Hilário Dick, pesquisador e assessor de pastoral de juventude, jesuíta
Hilário Dick é padre Jesuíta e assessor da Pastoral de Juventude.
Hilário Dick é padre Jesuíta e assessor da Pastoral de Juventude.
Esta é a pergunta depois de mais uma Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Um evento que reúne muita gente: milhões. Um artigo de José Lisboa Moreira, depois da Campanha da Fraternidade sobre Juventude em 2013, perguntava: Qual futuro para a Juventude?
Ninguém vai afirmar que a Igreja não ama a juventude. É muito interessante observar como, no interior da Igreja, há realidades que parecem obedecer a um “dinamismo” contraditório: o “centralismo” se revezando com “comunhão e participação”. O que dizer do fato de que a JMJ coincidiu, em parte, com a panela de pressão explodindo na cozinha do Brasil nos mesmos dias? É verdade que as realidades que emergem no mundo juvenil, nem sempre são percebidas.
1) “Pastoral” de processos e “Pastoral” de eventos
Sempre é bom recordar que, na forma de evangelizar, existem duas posturas que se podem opor ou complementar. Existem a “pastoral de eventos” e a “pastoral de processos”. Está em alta, neste momento da Igreja, a “pastoral de eventos”: grandes encontros, de diversos tipos, “missas” de multidões, mega shows de evangelização, programas de rádio, valorização de “artistas”, padres na mídia etc. Eventos massivos.
Não é difícil cair na armadilha da mídia, onde a notícia séria e reflexiva dá lugar à manchete sensacionalista. Não é raro que uma “sociedade do espetáculo” penetre e contamine as atividades da Igreja, também junto à juventude. A “pastoral de processos”, por outro lado, acontece no dia-a-dia, nas pequenas grandes coisas cotidianas. É ali que se constroem personalidades, com projetos de vida amadurecidos. A alegria do domingo de Páscoa mergulha suas raízes mais profundas no contraste com o absurdo e a loucura da sexta-feira santa. Se é verdade que a Páscoa é colheita e a cruz é semente, nos dias atuais não estamos em tempo de colheita. É enganoso pensar que o “evento” resolve. Se sonhamos jovens felizes, autônomos e construtores de “outro mundo possível”, está diante de nós o desafio de viver uma pastoral de processos e não uma pastoral de eventos.
2) Cuidar e controlar
Fala-se da Teologia do Cuidado, também do cuidado que precisamos ter com as pessoas. No trabalho com a juventude, em vez de “acompanhante”, fala-se de “cuidante”. Todos precisamos ser “cuidados”. Todos desejam ser cuidados: pelo Estado, pela Igreja, pelo serviço de segurança, pelos pais, pela comunidade… Quem “acompanha”, quem “assessora” é alguém que “se senta junto com”, alguém que “come do mesmo pão”. As Jornadas foram, vão ao encontro disso?
Em movimentos juvenis próximos a nós, o que vale, não é o “cuidar” porque quem “cuida” respeita a autonomia, o protagonismo, a personalidade de cada um. Uma mãe que “cuida”, não “abafa” o/a filho/a. Fazemos essas considerações porque há uma tendência de resvalar do “cuidar” para o “controlar”. Quem controla, não confia; quem controla deseja que o/a outro/a seja como nós e não como ele. Assim como a família, assim a escola, assim muitas instituições, também de Igreja; em vez de “cuidar”, “controlam”. O controle não é da pedagogia de Deus.
Apesar disso, um verbo, uma atitude, um modo de educar que está surgindo com vigor, na Igreja, na evangelização da juventude, na educação em geral, é “acompanhar”. Até se começa a ouvir falar de Deus como “acompanhante” – e tem muito sentido. O jovem quer ser acompanhado e não comandado ou controlado. Ele percebe, até, quando o fazemos de forma disfarçada. Está diante da evangelização da juventude o desafio de não ter medo de cuidar.
4. Conhecer a realidade juvenil
É preciso partir da realidade. Só ama quem conhece. A encarnação de Jesus de Nazaré é uma das grandes aulas de pedagogia que Deus nos deu e dá. Isso vale de modo especial para quem trabalha com a juventude e, até, para a juventude. O sair de si mesmo para ver “outros mundos” nem sempre é tão fácil. Ser jovem é viver a epopeia do êxodo. Em termos teológicos, é o nascimento da vocação missionária que vive em cada jovem. Por isso que se fala de “conhecer” e “tornar-se conhecido”. Não se imagina uma juventude adormecida, sem querer ver a realidade que a rodeia. Não basta saber falar de Deus, da Igreja, dos sacramentos etc. É preciso comungar com a realidade juvenil, o que significa mais do que marcar presença.
5. Novos sonhos
Um grande evento, carregado de emoções e ideias, faz e deve fazer brotar utopias. Jovem que não sonha, é velho. Pessoas que trabalham com jovens e não veem neles/as, sonhadores/as, está no lugar errado. Adultos que não se animam a sonhar junto com os/as jovens não estão vivendo a opção pela juventude. Uma sociedade que acha que “já chegou”, não gosta de quem sonha. Bonito ler o profeta Joel dizendo que “entre vocês, os velhos terão sonhos e os jovens terão visões” (Jl 3,1) porque todos conhecerão o projeto de Deus.
6. As cruzes dos jovens
A Cruz é o símbolo das Jornadas Mundiais da Juventude desde 1985. A Cruz é simples, feita de madeira. Já exibe as marcas das muitas viagens percorridas. Falar de “Cruz”, para o cristão, é falar de um dos símbolos mais profundos e emocionantes. Ela está unida, essencialmente, à ressurreição, assim como a morte vai unida à vida. A “Cruz” se torna dramática quando se torna mais importante que a ressurreição.
Precisamos conscientizar-nos de que é importante falar mais das cruzes dos jovens, do que fazer que os jovens carreguem outra cruz pelas estradas de nossas dioceses. Na mala de nossos sonhos precisamos carregar as cruzes dos jovens brasileiros, latino-americanos e de todo mundo. O documento de Aparecida fala de 11 delas: 1) as sequelas da pobreza; 2) a socialização de valores com forte carga de alienação; 3) a permeabilidade às novas formas de expressões culturais, afetando a identidade pessoal e social do jovem; 4) o fato de os/as jovens serem presa fácil das novas propostas religiosas; 5) as crises da família provocando, na juventude, profundas carências afetivas e conflitos emocionais ; 6) a repercussão de uma educação de baixa qualidade;  7) a ausência de jovens na esfera política devido à desconfiança que geram as situações de corrupção, o desprestígio dos políticos e a procura de interesses pessoais frente ao bem comum;  8) o suicídio de jovens; 9) a impossibilidade de estudar e trabalhar; 10) o fato de os/as jovens terem que deixar seus países dando ao fenômeno da migração um rosto juvenil”; 11) o uso indiscriminado e abusivo da comunicação virtual. Sabemos que há outras cruzes como a baixa autoestima, o medo de morrer, o medo de sobrar, o medo de “ficar por fora”, o medo da AIDS etc. São cruzes de todo dia e cruzes que não se dizem.
7. Reforçar o encanto pela juventude
A Igreja vê, na juventude, a constante renovação da vida da humanidade, descobrindo nela um sinal de Si mesma. A juventude é convidada, por isso, a trazer uma revitalização para a sociedade e a Igreja, mantendo uma fé na vida e conservando sua faculdade de alegrar-se com tudo o que começa. A juventude é o símbolo da Igreja, chamada a uma constante renovação de si mesma. A Igreja deseja ter uma atitude de diálogo com a juventude, reconhecendo seu papel cada vez mais insubstituível na missão profética que ela tem. Por isso ela quer desenvolver, dentro da pastoral de conjunto, uma autêntica pastoral de juventude, educando os jovens a partir de sua vida, permitindo-lhes plena participação na comunidade eclesial.
Algo muito grave, no entanto, aconteceu e está acontecendo nos últimos tempos: o desencanto do clero e dos/as religiosos/as pela juventude. Em muitos lugares a ausência ou a presença clerical apressada, são um fato. D. José Mauro Bastos, referencial da juventude junto aos bispos do Brasil em 2006 e 2007, dizia – quando se preparava o documento 85 sobre Evangelização da Juventude que “está na hora de a sociedade toda, também a Igreja, se reencantar pela juventude”. Ser encantado pela juventude é amá-la, estar perto dela, ser curioso com o que sucede com ela, estudá-la, dar a vida por ela, escutá-la. É ser apaixonado por ela. Comer com ela do mesmo pão… Estamos falando de um compromisso com a vida da juventude. Compromisso que passa por uma pastoral de processo, pelo cuidado com os/as jovens, pelo respeito à juventude, pelo conhecer a realidade juvenil, pelos sonhos jovens (sonhos de Deus), pela opção de conhecer e carregar com os/as jovens suas cruzes e pelo encanto por ela.
A religiosa/o é chamado a ser profeta do sonho, sinal da utopia maior, sacramento da vivência de uma vida com sentido…. A Jornada acabou, José; o sonho, não!

Um outro mundo possível



Sim, acabou a Jornada Mundial da Juventude no Brasil. Para alguns fica a saudade, para outros fica o alívio. Sim, não se pode agradar a todos. Aliás, não se deve agradar a todos. Afinal somos pessoas diferentes. Frase boa essa, não? Que tal abrirmos a conversa deste texto a partir dela?

Comecemos então pelo fim. Passada a JMJ, vi relatos eufóricos e de coração aberto sobre a figura do Papa Francisco. Pessoas que não costumam elogiar a Igreja Católica expressavam simpatia pela figura do pontífice. Gente comedida e reservada postavam fotos, mensagens e elogios à pessoa do bispo de Roma. Teria virado Francisco uma unanimidade?


Não, não se deve agradar a todos. E ele não agrada. É simpático, próximo, mas não agrada. O discurso em favor dos pobres, da aproximação da Igreja junto ao povo, do pedido para que a juventude seja revolucionária, para que tomem as ruas, que a Igreja esteja presente fora dos muros eclesiais, que o testemunho seja coerente com o evangelho que se anuncia não agrada a todos. Há quem viva, pregue e testemunhe uma vida completamente divergente deste modelo apresentado. 

Não. Francisco não agrada a estes. E tiro daí uma lição. É preciso refletir junto aos nossos grupos os pedidos do Papa e suas homilias desta JMJ. São reflexões importantes e que servem de semente para o pensamento de um outro mundo possível.

Passou a JMJ e o que vi da liturgia oficial e das animações e shows oficiais não eram condizentes com a diversidade das espiritualidades presentes na Igreja do Brasil. Agradou sim. Agradou àqueles que vivem, testemunham e conhecem este modelo. 

Não agradou a mim. E sei que não agradou a outras tantas pessoas. Mas tomo uma nova lição: é preciso que divulguemos mais nossos artistas pastorais. Precisamos de mais vídeos na internet, exposições fotográficas, músicas gravadas, festivais, danças e poesias. Sei que temos muito, mas sei também que divulgamos timidamente. É preciso que mais gente conheça. É preciso esparramar esta produção e o trabalho de uma gente que crê e luta pela possibilidade de um novo mundo.

Enquanto a programação oficial rolava, outras tantas experiências que a mídia (católica ou não) não mostrava estava acontecendo. Tive um prazer danado ao ler as notícias da Tenda das Juventudes e Santuários dos Mártires da Caminhada, da Marcha Mundial A Juventude Quer Viver, das orações de Taizé na Igreja da Candelária. Tudo isso muito rico, tudo isso muito animador. Apesar disto não agradar a todos, são elementos importantes para ajudar a fazer uma Igreja que contribua na construção de um outro mundo possível.

Volto um pouco mais no tempo para falar da minha experiência concreta. Foi a partir dela que os fatos acima ficaram mais evidentes. Foi a partir desta experiência que aprendi toda esta lição. Enquanto muitas dioceses e paróquias pelo Brasil recebiam jovens para a Semana Missionária, antes da JMJ 2013, eu estava numa experiência semelhante, mas com algumas diferenças.

Desde o dia 28 de junho eu vinha sentindo o sabor das correrias com a chegada de gente de terras distantes. Jovens de nove países diferentes, quatro continentes se reuniram em Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro. Em comum, todos eles tiveram algum contato com a DKA, uma instituição austríaca de cooperação eclesial que visa contribuir no compromisso solidário e em projetos que busquem um novo mundo possível.

Eles não vieram exatamente para a Semana Missionária. Vieram para um momento de intercâmbio entre grupos que trabalham com juventude entre alguns dos projetos financiados pela DKA. Brasil, Colômbia, Guatemala, El Salvador, Gana, Camarões, África do Sul, Índia e Áustria. Uma riqueza cultural muito grande. E um desafio do tamanho desta riqueza

Relatos incríveis, pessoas fantásticas, projetos plausíveis, concretos e de resultado. A troca das culturas foi um ponto forte. O cuidado entre nós também o foi. Apesar dos dias puxados, apesar das traduções que tomavam um bom tempo, apesar das mudanças de tempo, temperatura e imunidade, os sorrisos estavam sempre presentes, os abraços também.

O carinho que ficou entre nós foi grande. E a saudade agora também o é. No entanto, nada me alegra mais do que saber que a construção do tal novo mundo possível acontece na prática e está sendo gestada de acordo com um velho e conhecido provérbio africano: "Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, conseguem mudanças extraordinárias". E que assim continue sendo! Mesmo que não agrademos a todos. Afinal, viemos para incomodar!

Obs.: O texto está originalmente no Blog do Rogério Oliveira.


Boff faz uma leitura de Francisco, bispo de Roma

26/07/2013
É arriscado fazer um balanço do pontificado de Francisco, pois o tempo decorrido não é suficiente para termos uma visão de conjunto. Numa espécie de leitura de cego que capta apenas os pontos relevantes, poderíamos elencar alguns pontos.
1. Do inverno ecclesial à primavera: saímos de dois pontificados que se caracterizaram pela volta à grande disciplina e pelo controle das doutrinas. Tal estratégia criou uma espécie de inverno que congelou muitas iniciativas. Com o Papa Francisco, vindo de fora da velha cristandade europeia, do Terceiro Mundo, trouxe esperança, alívio, alegria de viver e pensar a fé crista. A Igreja voltou a ser um lar espiritual.
2. De uma fortaleza a uma casa aberta:Os dois Papas anteriores passaram a impressão de que a Igreja era uma fortaleza, cercada de inimigos contra os quais devíamos nos defender, especialmente o relativismo, a modernidade e a pós-modernidade. O Papa Francisco disse claramente: "quem se aproxima da Igreja deve encontrar as portas abertas e não fiscais da alfândega da fé”; "é melhor uma Igreja acidentada porque foi à rua do que uma Igreja doente e asfixiada porque ficou dentro do templo”. Portanto mais confiança que medo.
3. De Papa a bispo de Roma: Todos os Pontífices anteriores se entendiam como Papas da Igreja universal, portadores do supremo poder sobre todas as demais igrejas e fiéis. Francisco prefere se chamar bispo de Roma, resgatando a memória mais antiga da Igreja. Quer presidir na caridade e não pelo direito canônico, sendo apenas o primeiro entre iguais. Recusa o título de Sua Santidade, pois diz que "somos todos irmãos e irmãs”. Despojou-se de todos os títulos de poder e honra. O novo Anuário Pontifício que acaba de sair cuja página inicial deveria trazer o nome do Papa com todos os títulos, agora aparece apenas assim: Francesco, bispo de Roma.
4. Do palácio à hospedaria:O nome Francisco é mais que nome; sinaliza um outro projeto de Igreja na linha de São Francisco de Assis: "uma Igreja pobre para os pobres” como disse, humilde, simples, com "cheiro de ovelhas” e não de flores de altar. Por isso deixou o palácio papal e foi morar numa hospedaria, num quarto simples e comendo junto com os demais hóspedes.
5. Da doutrina à prática: Não se apresenta como doutor; mas, como pastor. Fala a partir da prática, do sofrimento humano, da fome do mundo, dos imigrados da África, chegados à ilha de Lampedusa. Denuncia o fetichismo do dinheiro e o sistema financeiro mundial que martiriza inteiros países. Desta postura resgata as principais intuições da teologia da libertação, sem precisar citar o nome. Diz: "atualmente, se um cristão não é revolucionário, não é cristão; deve ser revolucionário da graça”. E continua: "é uma obrigação para o cristão envolver-se na política, pois a política é uma das formas mais altas da caridade”. E a Presidenta Cristina Kirchner disse: "é a primeira vez que temos um Papa peronista”, pois nunca escondeu sua predileção pelo peronismo. Os Papas anteriores colocavam a política sob suspeita, alegando a eventual ideologização da fé.
6. Da exclusividade à inclusão: Os Papas anteriores, especialmente Bento XVI, enfatizaram a exclusividade da Igreja Católica, a única herdeira de Cristo fora da qual se corre risco de perdição. O Francisco, bispo de Roma, prefere o diálogo entre as Igrejas numa perspectiva de inclusão, também com as demais religiões no sentido de reforçar a paz mundial.
7. Da Igreja ao mundo: Os Papas anteriores davam centralidade à Igreja reforçando suas instituições e doutrinas. O Papa Francisco coloca o mundo, os pobres, a proteção da Terra e o cuidado pela vida como as questões axiais. A questão é: como as Igrejas ajudam a salvaguardar a vitalidade da Terra e o futuro da vida?
Como se depreende, são novos ares, nova música, novas palavras para velhos problemas que nos permitem pensar numa nova primavera da Igreja.
[Leonardo Boff é teólogo e autor de Francisco de Assis e Francisco de Roma, Editora Mar de Ideias, Rio 2013].

terça-feira, 30 de julho de 2013

"Cura gay", modesta contribuição


Frei Betto, apresenta o debate no Brasil. Nós podemos contribuir com o debate?
Texto publicado na Folha de São Paulo - Opinião dia 30/07/2013
"Cura gay", modesta contribuição
É esperançosa a mensagem do papa, mas, ao contrário do que diz Francisco, o problema no Brasil é o lobby antigay. Doença é a homofobia
"Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby."
São palavras do papa Francisco ao deixar o Brasil, no voo entre Rio e Roma. A mensagem é esperançosa, mas, ao contrário do que o papa diz, o problema no Brasil é o lobby antigay, liderado pelo deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Deputados que consideram a homossexualidade uma doença propõem a "cura gay". Querem alterar a resolução do Conselho Federal de Psicologia que impede seus profissionais de tratar homossexuais como doentes. O que é um gay? Como diz a palavra inglesa, é uma pessoa alegre. Se os homossexuais são felizes, por que submetê-los à terapia?
Terapia é própria para obsessivos, como é o caso de quem odeia constatar que homossexual é uma pessoa feliz. Isto sim é doença: a homofobia, aliás, como toda fobia. E há inúmeras: desde a eleuterofobia, o medo da liberdade que, com certeza, caracteriza os fundamentalistas, até a malaxofobia, o medo de amar sobretudo quem de nós difere.
Sugiro aos deputados cortar o mal pela raiz: proibir a promíscua narrativa de "Branca de Neve e os Sete Anões", a relação pedófila entre o lobo mau e a Chapeuzinho Vermelho e, na Bíblia, o relato da íntima ligação entre Jônatas e Davi, aquele que "ele amava como a sua própria alma". (1 Livro de Samuel, 18).
Segundo censo do IBGE, há no Brasil 60 mil casais assumidamente gays. São pelo menos 120 mil pessoas que, em princípio, deveriam ser "submetidas a tratamento". Considerando que a Parada de Orgulho LGBT reúne, em São Paulo, cerca de 4 milhões de pessoas, haveria que construir uma clínica do tamanho de 50 Maracanãs para abrigar toda essa gente.
O processo terapêutico certamente teria início com uma sessão de exorcismo, já que, no fundo, a obsessão fundamentalista considera a homossexualidade muito mais coisa do demônio do que doença.
Outra sugestão é comprar um armário para cada gay e obrigá-lo a ficar lá dentro. Dizem os moralistas que qualquer um tem direito de ser gay, não deve é sair do armário.
Imagino que, terminado o processo de "cura gay", haverá uma grande Parada de Ex-Gays subindo a rampa da Câmara em Brasília para agradecer aos deputados que, iluminados, aprovaram a medida.
Ainda que todos os gays sejam confinados na clínica dos deputados, de uma coisa não poderão se queixar: será divertido contar ali com shows de Daniela Mercury e sir Elton Hercules John.
Saiba Feliciano que Alan Chambers, ex-presidente da associação Exodus International, destinada a curar gays, declarou em junho deste ano que também é gay, pediu perdão pelos sofrimentos causados a homossexuais e fechou a entidade.
À luz do Evangelho, o melhor é seguir o conselho de santo Agostinho: "Ama e faz o que quiseres." Ou, como diz Francisco, sejamos todos irmãos.

“Quem sou eu para julgar os gays”


Segue o texto publicado no Estadão por Jamil Chade 
O Papa coloca vários pontos para o debate: exploração sexual, homosexualidade, mulheres, divorcio, banco do vaticano....  Que tal fazer um debate a partir das provocações da entrevista?Esperamos sua presença no Blog Cajueiro.
Sem tabus, pontífice respondeu por mais de uma hora perguntas de jornalistas durante o voo entre Rio e Roma
ROMA – A Igreja não pode julgar os gays por sua opção sexual e nem marginalizá-los. O alerta é do papa Francisco que, quebrando um verdadeiro tabu, deixa claro que estende sua mão a esse segmento da sociedade. “Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-lo”, declarou. “O catecismo da Igreja explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser marginalizados por causa disso, mas devem ser integrados na sociedade”, insistiu.
As declarações foram dadas em uma entrevista concedida pelo papa aos jornalistas que o acompanharam no avião, entre eles a reportagem do Estado. Na conversa, a garantia do argentino de que o Vaticano tem como papa uma “pessoa normal”, um “pecador” e que vive junto com os demais religiosos porque morar no Palácio Apostólico geraria problemas psicológicos para ele.
Trinta minutos depois de o voo decolar do Rio, o papa deixou sua primeira classe e cumpriu uma promessa que havia feito no voo de ida de Roma ao Brasil: responderia a perguntas dos jornalistas. Mas poucos imaginaram que a conversa duraria quase uma hora e meia.
Para o papa, o problema não é a existência do “lobby gay” dentro da Igreja, mas de qualquer lobby. “O problema não é ter essa tendência. Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessas tendências de pessoas gananciosas, lobby político, maçons e tantos outros lobbies. Esse é o principal problema”, disse.
Pela primeira vez, Francisco ainda deixa claro que, para ele, abusos sexuais contra menores por parte de religiosos não são apenas pecados, mas crimes que devem ser julgados.
Mas se a posição sobre os gays e sobre o abuso sexual pode representar uma mudança, Francisco deixa claro que não haverá uma nova opinião do Vaticano sobre a presença das mulheres na Igreja, sobre o aborto ou sobre o casamento homossexual.
O papa aproveitou a conversa para anunciar que vai exigir transparência e honestidade no Vaticano e garantiu que sua reforma vai continuar. “Esses escândalos fazem muito mal”, disse.
Antes de responder às perguntas, ele elogiou o “grande coração dos brasileiros”, disse que a viagem “fez bem para sua espiritualidade” e ainda disse que a organização do evento foi excelente. “Parecia um cronômetro”. Eis os principais trechos da entrevista:

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Carta dos Jovens indígenas ao Papa


À Vossa Santidade o Papa Francisco
 
Nós lideranças indígenas do estado do Tocantins, estamos muito felizes que o senhor esteja aqui no Brasil na JMJ. Confiamos que sua visita será para o Brasil luz e esperança nesta atual conjuntura.
 
Em nome de todos os 305 povos indígenas do Brasil reconhecidos oficialmente, mas também, dos povos livres que ainda se encontram nas florestas, nós jovens indígenas do Tocantins que viemos a JMJ o cumprimentamos com respeito, admiração e carinho.
 
Sabemos que o senhor é a liderança maior da Igreja Católica, soubemos de todo o processo de sua eleição e acreditamos que Deus o chamou para uma importante tarefa, de forma especial com os pobres e excluídos. Não é a toa que o senhor escolheu para chamar-se “Francisco”, o irmão dos pobres e da natureza. 
 
Motivados e animados por esta simplicidade e seu compromisso com os pobres e excluídos, viemos até o senhor, para pedir-lhe que interceda pelos povos indígenas ante o governo brasileiro. Sua Santidade deve já conhecer a situação que se vive no Brasil, principalmente pelos últimos acontecimentos destes dois últimos meses, tudo como consequência das políticas governamentais que só servem ao grande capital e as grandes empresas e esquece o essencial: a vida, a justiça e a dignidade da população. 
 
Nós pedimos a sua Santidade, como liderança maior que peça ao governo brasileiro que pare todos os ataques e violências que vem fazendo contra nosso povo indígena. Nós povos indígenas só existimos com a Terra que é nossa Mãe, com o rio que é nosso Pai, sempre vivemos em harmonia com a natureza, sem terra somos como uma árvore sem raiz. Por isto, viemos pedir que peça urgentemente ao governo da presidente Dilma Rousseff, que pare com o massacre contra nossos parentes, principalmente com o povo indígena Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul, que sofre por ter sido expulsado de sua terra que atualmente está em mãos dos fazendeiros. Eles matam, criminalizam e acusam de bandidos e invasores aos povos indígenas. Tal é o caso do povo Terena no estado do Mato Groso do Sul e do povo Munduruku no estado do Pará, assim como, em outros povos, que por defender sua terra lideranças tem sido assassinadas covardemente.
 
Todos os conflitos se dão pelo direito a terra. E esse conflito o tem provocado e fomentado o governo brasileiro com sua política indigenista que prioriza a exploração e roubo de nossos territórios, transformando-o em mercadoria. Por isto, nossas terras são cobiçadas por grandes empresas que querem explorar sem piedade as riquezas de nossas matas. Nossa Terra é sagrada, é dom de Deus que deu aos nossos antepassados e nós não vamos deixar que nenhum governo, nem empresa tire de nós o que é nosso: a Terra. 
 
Os nossos territórios estão constantemente ameaçados pelos grandes projetos, como estradas, hidrelétricas, hidrovias, ferrovias e o agronegócio. Estes projetos são projetos de morte para nossa Mãe Terra e para nós povos indígenas. Por isto viemos pedir ao senhor, o amigo e defensor dos pobres, que peça ao governo brasileiro que pare com todos os esses projetos genocidas, como são a Portaria 303 da AGU, as Propostas de Emenda á Constituição (PEC) 038215 e 237, assim como também o Projeto de Lei (PL) 1610 sobre a mineração.
 
Todos eles são propostas para reduzir, manipular e acabar com os direitos indígenas garantidos na Constituição Federal de 1988. Estas propostas colocam as terras indígenas a mercê da exploração desenfreada, que só quer destruir e matar, sem respeitar a nossa cultura, tradição e espiritualidade.
 
Peça ao governo brasileiro também que cuide com carinho e atenção dos povos indígenas, principalmente no tocante a saúde, pois muitas de nossas criancinhas, jovens e anciões tem morrido por falta de atendimento básico. Pedimos que interceda por nós para que o governo escute o clamor dos povos indígenas, dialogue com respeito e respeite as nossas decisões, no tocante a nossos territórios. Que respeite a Convenção 169 da OIT, e aceite a consulta, livre, previa e informada.
 
Nós só queremos nossa terra, viver em paz e criar nossos filhos e netos na terra que Deus nos deu. Queremos fazer nossas roças, pescar, cantar e dançar, fazer nossos rituais e viver tranquilos, é só isso que queremos, ou seja, queremos nosso Bem Viver, que significa viver bem com a natureza e com as pessoas. Não queremos que nossos jovens continuem suicidando-se por falta de seu território e por não ter o que oferecer aos seus filhos.
 
Queremos dizer ao senhor que agradecemos a solidariedade da Igreja Católica do Brasil à nossa luta e defesa de nossos direitos e o compromisso à causa indígena. 
 
Papa Francisco, agradecemos que você não desistiu de vir ao Brasil neste momento difícil, que não tem medo de ficar com os pobres, que significa para nós ficar ao lado dos povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, camponeses e excluídos da sociedade e defende-los dos grandes e poderosos.
 
Já por último, queremos convidá-lo para que visite um dia nossa aldeia e veja a riqueza de nossa cultura e a força de nossa espiritualidade e contemple a beleza de nossa Mãe Terra.
 
Que Deus o ajude a defender a vida dos mais pequenos e que nos ajude a todos a construir a Terra sem Males.
 
Atenciosamente, 
 
Jovens indígenas do Tocantins – Brasil

Pedro Casaldáliga escreve a Tenda dos Mártires na JMJ



É na tenda dos mártires da caminhada onde deve estar mesmo a juventude. Na tenda do deserto dos desafios. Na tenda da sede à procura do infinito. Na tenda da solidariedade com todos os largados à exclusão. Na tenda dos que cantam o Evangelho nas noites de luar ou de desolação. Na tenda dos mártires da caminhada, bebendo o cálice da Testemunha Fiel, Jesus, e com todas as testemunhas que o seguem.
            Façamos desta Jornada Mundial da Juventude uma Páscoa, um Pentecostes. Reassumindo com paixão profética as causas do Reino, dando as nossas vidas, como deram e dão as suas tantas testemunhas, companheiras da caminhada. Juventude, quem falou em medo ou em cansaço havendo Páscoa, havendo mártires?

                                               Pedro Casaldàliga

domingo, 28 de julho de 2013

Os silêncios do Papa Francisco



Se o primeiro grande objetivo do Papa é a reforma da Cúria romana, penso que sua estratégia por enquanto é de angariar simpatia da mídia, reforçar alianças, conquistar apoios massivos e, sobretudo, não alvoroçar a oposição – que até o momento está aparentemente quieta. É como no futebol, quando o time joga a partida de ida no campo adversário: reforça o meio-campo para não levar gol. É dentro dessa estratégia que entendo –embora o lamente– sua fala cautelosa durante a visita à comunidade popular da Varginha, no Rio de Janeiro. Francisco "tocou a bola” sem avançar; mas, sem, tampouco, dar espaços aos adversários. Distribuiu sorrisos e abraços, esbanjou simpatia, fez um discurso leve; enfim, fez uma visita pastoral que deixará boas recordações naquele povo sofrido. Perdeu, porém, três ótimas oportunidades para marcar seus gols e definir a partida.
A primeira oportunidade de gol foi a visita à capela da Comunidade: uma construção pequena, típica dos espaços católicos para as celebrações dominicais quando não vem o padre. Cenário ideal para o Papa falar sobre as Comunidades Eclesiais de Base e estimular a Igreja do Brasil a avançar nesse novo jeito de ser Igreja. Não seria preciso um longo discurso; bastaria explicitar que o Papa estava visitando e abençoando o espaço da CEB local. Seria um golaço!
A segunda oportunidade estava no próprio tema central da sua fala: a solidariedade. Falou muito bem sobre a cultura da solidariedade que leva a "botar água no feijão”, mas não sobre sua forma política concreta: a economia solidária. Ela é capaz de alcançar êxitos extraordinários por meio de uma receita simples: impedir que o dinheiro se transforme em capital e se torne fonte de lucro e juros. Apontar, porém, uma alternativa prática contra o capitalismo poderia ser entendido como provocação aos conservadores. Novamente, Francisco optou pelo silêncio e perdeu o gol.
A terceira oportunidade estava à vista de todos, no campo de futebol de Varginha: um grande painel com a figura de D. Oscar Romero. Certamente, não passou despercebido do Papa. Uma simples menção que levasse ao mundo seu apreço pelo bispo mártir de Nossa América, seria um gol "de placa”. Mas o Papa parece que não viu...
Espero que esta seja mesmo apenas uma estratégia de início de pontificado e que, no próximo jogo Francisco não perca as oportunidades para marcar seus gols.
Juiz de Fora, 25 de julho de 2013.

Que Igreja Católica encontrará o Papa no Brasil?



O Papa Francisco acrescentou à anterior programação de Bento XVI para a JMJ, uma peregrinação pessoal ao santuário de Aparecida. Ali, em maio de 2007, participou da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e coordenou a redação do Documento de Aparecida. 
Irá como peregrino ao encontro de expressão antiga, mas muito viva do catolicismo brasileiro, pois Aparecida atrai mais de 10 milhões de romeiros por ano. É um catolicismo que deita raízes no passado, com seus santuários plantados à beira dos rios - os antigos caminhos coloniais - ou ao longo do mar, por onde se escoava o açúcar dos engenhos.
Há um fio invisível que une Bom Jesus de Pirapora no rio Tietê, ao Bom Jesus da Lapa, à beira do Rio São Francisco e que alcança o santuário de São Francisco das Chagas de Canindé no Ceará ou ainda o Bom Jesus de Matosinhos em Minas Gerais e a catedral do Bom Jesus de Cuiabá, no longínquo Mato Grosso. Trata-se do mesmo catolicismo que Fafá de Belém irá evocar, ao trazer para o Papa, os ecos da grande procissão do Círio de Nazaré. Será a Virgem do mundo indígena da bacia amazônica contracenando com a Virgem negra das fazendas de café tocadas pelo braço escravo no Vale do Paraíba paulista e fluminense, ou com N.S. da Penha em Vitória e N.S. da Conceição da Praia, em Salvador. A cada 8 de dezembro, parte dali o cortejo das filhas de santo, com seus cântaros de água de cheiro, para lavar as escadarias da Igreja do Bonfim. 
Esse catolicismo tradicional ganha rosto militante e libertador com as muitas Romarias da Terra e das Águas promovidas pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) ou com o XIII Intereclesial das CEBs que acontecerá em janeiro próximo no Juazeiro do Pe. Cícero, com o tema “Justiça e Profecia a serviço da Vida” e o lema “CEBs, romeiras do Reino no campo e na cidade”.
No Rio, o Papa tocará o contraste de um catolicismo, que respaldado, na década de 30, por mais de 98% dos brasileiros que se declaravam católicos, sonhou com uma nova cristandade e erigiu no alto do Corcovado a estátua do Cristo Redentor, que devia reinar sobre a cidade e o país. Hoje o Rio é a capital estadual com o menor percentual de católicos e a maior porcentagem dos que declaram “sem religião”. Na sua periferia, os católicos viraram minoria frente aos fieis das Igrejas batistas e das muitas igrejas pentecostais. Passeando o olhar pelas favelas dos morros do Rio e na sua visita à Comunidade de Varginha, no complexo de Manguinhos, o Papa entrará em contato com uma franja do Brasil de mais de 100 milhões de afrodescendentes, mas terá  ao seu lado nas missas, uma maioria de bispos e padres de origem branca e europeia, com escassa presença negra!
Durante a JMJ, os 2 milhões de jovens que estarão com o Papa serão acompanhados ao vivo por vasta audiência no Brasil e mundo afora. Aqui reside outro rosto da Igreja, o de um catolicismo mediático, cuja face mais visível são os padres cantores e as redes católicas de TV: Rede Vida, Canção Nova, TV Aparecida, TV Século XXI, com fortes laços com a renovação carismática católica. Essas redes são, entretanto, pálida presença frente ao poder mediático de uma IURD, com a Rede Record de Televisão ou as intermináveis horas alocadas nos outros canais de TV a diferentes igrejas pentecostais.
Para a Igreja católica, são muitos os desafios de hoje: Como passar de um catolicismo tradicional e apenas nominal a um catolicismo de opção e a uma fé atuante? Como transitar de um catolicismo rural para sua vivência no contexto da cultura urbana, técnica, científica e mediática? Como implantar uma Igreja-comunidade, numa sociedade de extremado individualismo e competição? Como viver modesta e frugalmente, atentos à crise ambiental, na contramão de um consumismo sem freio nem medida? Como atuar em solidariedade com os pobres, empenho nas lutas por justiça e superação das desigualdades, discriminação racial e violência, de forma corajosa e cidadã no campo social e político, no momento em que cresce a tendências de espiritualismos desencarnados?
Como falar à juventude, depois que se rompeu o vínculo da transmissão da fé no seio das famílias, mas surgiu também renovado anseio por justiça, paz e cuidado com a criação? Como aprofundar a reflexão sobre sentido da sexualidade humana, do amor, do prazer, exercitando escuta e misericórdia frente a sofrimentos e perplexidades neste campo? Como responder ao grito das mulheres, cuja emancipação e aspiração a igual dignidade em todas as esferas da vida, não é suficientemente acolhido nas estruturas da Igreja? Como mover-se, enfim, nos espaços do crescente pluralismo religioso da sociedade brasileira, aprendendo a dialogar e a cooperar ecumenicamente para o bem comum, com todas as pessoas, nas diferentes igrejas, religiões e filosofias de vida?
* Historiador, coordenador do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular/ CESEEP.

Imagem - foto de Carmem Teixeira, Ir. Henriqueta no Santuário dos Mártires da Caminhada.

sábado, 27 de julho de 2013

Palavra do Papa Francisco aos jovens Argentinos

Fala do Papa Francisco aos jovens Argentinos
"Gracias,  gracias, por estar hoy aquí,  por haber venido. Gracias a los que están adentro  y muchas gracias a los que están afuera, a los 30 mil me dicen que hay afuera. Desde acá los saludo,  están bajo la lluvia.
Gracias por el gesto de acercarse, gracias por haber venido a la Jornada de la Juventud, yo  le sugerí al doctor Gasbarri que es el que maneja, que organiza el viaje, si hubiera un lugarcito para encontrarme con ustedes. Y en medio día tenía arreglado todo, así que también quiero agradecer públicamente también al doctor Gasbparri, esto que ha logrado hoy.
Quisiera decir una cosa. ¿Qué es lo que espero como consecuencia  de la  Jornada de la Juventud? Espero lío. Que acá dentro va a haber lío va a haber, que acá en Río va a haber lío va a haber, pero quiero lío en las diócesis, quiero que se salga afuera, quiero que la Iglesia salga a la calle, quiero que nos defendamos de todo lo que sea mundanidad, de lo que sea instalación, de lo que sea comodidad, de lo que sea clericalismo, de lo que sea estar encerrados en nosotros mismos, las parroquias, los colegios, las instituciones son para salir, sino salen se convierten en una ONG ¡y la Iglesia no puede ser una ONG!
Que me perdonen los obispos y los curas, si alguno después le arma lío a ustedes, pero es el consejo. Gracias por lo que puedan hacer.
Miren, yo pienso que en este momento esta civilización mundial se pasó de ‘rosca’, se pasó de ‘rosca’, porque es tal el culto que ha hecho al dios dinero que estamos presenciando una filosofía y una praxis de exclusión de los dos polos de la vida que son las promesas de los pueblos.
Continue lendo no link acima.

Profecia e compromisso com a vida

Segue o testemunho do Jorge Alexandre, foi da PJ e esteve na Marcha pela Vida da Juventude.




"Momento bonito de profecia antes da Via-Sacra: A PJ na marcha contra a violência e extermínio da juventude. Lindo poder estar junto, em sintonia prévia com aquilo que o Papa disse ao fim da via-sacra. A cruz de Jesus carrega todos os sofrimentos e dores do mundo. Quem queremos ser diante da Cruz na via dolorosa: Pilatos, o omisso? ou queremos ser como Simeão, que carrega a cruz junto? ou ter a coragem das mulheres?

A atitude do Cirineu e das mulheres tem um nome: Profecia! Se posicionar diante das injustiças e lutar para que elas desapareçam. somente assim sairemos da dor e da derrota da cruz para a vitória da VIDA em abundância, na ressurreição. Não podemos nos esquecer nunca que somente se chega a ressurreição passando pela morte na cruz. Por isso devemos estar ao lado daqueles que sofrem com as misérias da sociedade, daqueles que sonham com uma nova sociedade, igualitária e justa. Esse é o imperativo ético da Paixão do Senhor, origem e marca fundamental da nossa fé.

Mas não nos iludamos que esse via dolorosa é um mar de rosas, com atores globais. Ter a coragem das mulheres, ser como Simão Cirineu pode ser sinônimo de dar a própria vida pelos irmãos, tal como cantamos na sexta-feira santa ("Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão"). Assim, precisamos sempre fazer memória daqueles que, em função da sua opção pelos perseguidos, pela gente sofrida, pagaram com a própria vida: frei Tito, Padre Josimo, Margarida Alves, Padre Gislei, Irmã Dorothy, Santo Dias, José Cláudio, Dom Enrique Angelelli, Dom Oscar Romero e tantos outros e outras do nosso Brasil e da nossa pátria grande América Latina. Também lembremo-nos daqueles assassinados, vítimas do grande ídolo do nosso tempo: o capital. Os chacinados (da Candelária, de Eldorado, de Vigário, da maré... Tenho certeza, estes são aqueles cujo o Apocalipse relata que são uma multidão incontável, usam o branco mais puro, pois suas vestes foram lavadas no sangue do Cordeiro.

"É Jesus este Pão de igualdade,
viemos pra comungar,
com a luta sofrida de um povo
que quer, ter voz , ter vez, lugar.
Comungar é tornar-se um perigo,
viemos pra incomodar,
com a fé e a união nossos passos um dia vão chegar.""

Jorge Alexandre Oliveira Alves, Rio de Janeiro, foi da PJ.

domingo, 21 de julho de 2013

Missão Aprender reúne nove países


A Missão Aprender é um projeto que existe em parceria há mais de 10 anos entre o grupo de pessoas que compõem o Cajueiro - Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude. No ano de 2013 o projeto foi ampliado tanto no número de pessoas como no número dos países.

O projeto inicialmente se concentrou entre dois países: Brasil e Áustria. Vieram vários jovens para o Brasil e do Brasil para a Áustria esse movimento gerou muitas ideias para a construção de "Outro Mundo Possível". Reconhecemos vários movimentos nos projetos de vida, sejam eles, pessoais, comunitário ou planetário.

No ano de 2013 tivemos muitas novidades: realizado por um Centro que está iniciando a sua organização que contou com a estrutura do Mosteiro da Anunciação do Senhor, assim como, seu apoio na acolhida das pessoas dos nove países em Goiás. Também, contamos com a solidariedade das famílias que acolheu as pessoas em suas casas em Goiânia.

Outra novidade foi a realização em parceria com o IPJ - Instituto Paulista de Juventude que tem projetos apoiados pela DKA. A primeira experiência do IPJ no projeto. A acolhida nas casas das famílias. Tanto na etapa de Goiás como de São Paulo, contou com a contribuição de Padre Geraldo L. Nascimento.

O projeto Missão Aprender em 2013 está sob a coordenação de três instituição: Cajueiro, DKA e IPJ.
Estamos fazendo um caminho de sistematização do caminho feito. Há uma proposta de realizar em novembro um Seminário Internacional Missão Aprender Outro Mundo Possível.

O grupo segue para o Rio de Janeiro e encerra a Missão Aprender na Jornada Mundial da Juventude. Esperamos o grupo na Tenda das Juventudes e no Santuário dos Mártires que acontece na Paróquia Santa Bernadete em Higienópolis.

El Santuario de los Mártires en la Jornada Mundial de la Juventud



El Santuario de los Mártires en la Jornada Mundial de la Juventud

El Santuario es un espacio para la oración personal, la celebración comunitaria, Vigilia Martirial y el Oficio Divino de la Juventud.

El santuario se encontrará en la Carpa de las Juventudes organizado por la Pastoral de Juventud de Brasil, la Red Brasilera de Centros e Institutos de Juventud y otras organizaciones eclesiales.

Es un espacio que se construirá con la colaboración de muchas personas. Por lo tanto, los invitamos a llevar objetos, imágenes o banners con los Mártires del propio país o región para poner en exhibición para los visitantes.

Este espacio es para cultivar la memoria del martirio en la Iglesia, la comunidad de los seguidores del Resucitado. Esperamos su presencia en el santuario para orar, celebrar ... cultivar la memoria y el camino de compromiso con la vida y vida en abundancia.

Vidas por la Vida! Vidas por el Reino!

Programa da Tenda e Santuário das Juventudes na JMJ

O Cajueiro como centro de formação, assessoria e pesquisa em juventude compõem junto com tantos outros grupos a rede que está presente na Jornada Mundial da Juventude 2013.

A tenda tem um programa para debater o contexto atual - temas como solidariedade, justiça, civilização do amor, ecologia, juventude - estão sendo proposto para se viver na tenda.

A rede de parceiros quer viver a tenda de modo ecumênico acolher as juventudes neste espaço para encontros com pessoas, debates de temas vitais para a vida do planeta e por isto, da juventude, celebrar a memória daquelas pessoas que deram a vida por uma causa.

A Juventude quer Viver! Este é o grito da Tenda.
Esperamos vocês e contamos com a divulgação para que as pessoas que estarão na JMJ possam participar.

Nós do Cajueiro estaremos com os materiais para grupos de jovens - Oficio Divino da Juventude, materiais para grupos e para refletir sobre a juventude; também, teremos camisetas da juventude quer viver e do Cajueiro - Sou Cajueiro.


sábado, 20 de julho de 2013

Criminalização dos movimentos sociais




O Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás (NDH/UFG), em parceria com os Programas de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS/FCS/UFG) e Interdisciplinar em Direitos Humanos (PPGIDH/PRPPG/UFG), convida estudantes, professores, pesquisadores, ativistas de movimentos sociais e a população em geral para o próximo Ciclo de Estudos e Debates a ser realizado no dia 29 de julho (segunda-feira) às 19 h, no Salão Nobre da Faculdade de Direito. Nossos palestrantes convidados são o Prof. Dr. Alexandre Bernadino Costa, da Faculdade de Direito da UnB e o Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati da Faculdade de Ciências Sociais da UFG. Contaremos também com a participação especial do Tiago Madureira Araújo, da Frente de Luta contra o Aumento da Tarifa. 

Enquanto especialistas e o mundo político reagem com perplexidade diante da onda de protestos que vem tomando as ruas das cidades brasileiras, os poderes instituídos e a grande mídia lançam mão, via de regra, da repressão policial, da judicialização do direito de opinião e da criminalização das manifestações e de seus organizadores.

Diante deste cenário, a próxima edição do Ciclo de Debates terá como tema “Juventude, Manifestações e Criminalização dos Movimentos Sociais: interpretações e perspectivas de enfrentamento”. De forma que, o desafio é duplo: interpretar os significados e limites dessas manifestações (suas pautas, sua organização, seu alcance, seus legados) e enfrentar o problema da criminalização e da judicialização, ou seja, de problematizar a capacidade do Estado brasileiro, em particular do Governo do Estado de Goiás, de reagir a elas, aprofundando a compreensão sobre os temas: juventude e contestação; participação e representação; resistência e opressão; organização e criminalização. Assim, após um breve relato dos fatos pelo membro da Frente de Luta contra o Aumento da Tarifa, cada um dos palestrantes terá 30 minutos de exposição para apresentação de ideias a serem em seguida debatidas pelos presentes.

O NDH/UFG irá conceder certificados de participação em atividade acadêmica extracurricular de 3 horas.

PERFIL ACADÊMICO DOS PALESTRANTES:

Prof. Dr. Alexandre Bernadino Costa – Possui graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1986), mestrado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (1992) e doutorado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005). Ex - Decano de Extensão da Universidade de Brasília. Atualmente é professor adjunto da UnB, membro da comissão de exame OAB- DF - Ordem dos Advogados do Brasil e conselheiro da Comissão de Anistia do Governo Federal. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino jurídico, direito, estado democrático de direito, reforma curricular e novos movimentos sociais.

Prof. Dr. Flávio Munhoz Sofiati – É professor adjunto de sociologia da UFG - Universidade Federal de Goiás, na Faculdade de Ciências Sociais. Atua no Curso de Especialização em Políticas Públicas e é vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Tem doutorado em Sociologia pela USP Universidade de São Paulo com bolsa da FAPESP (2009). Fez estágio na EHESS École de Hautes Études en Sciences Sociales (França) em 2007/2008 com bolsa-sanduíche da CAPES. Tem Graduação em Ciências Sociais pela UNESP Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho com bolsa da CAPES - PET (2001) e Mestrado em Ciências Sociais pela UFSCar Universidade Federal de São Carlos (2004). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Teoria Sociológica Clássica e Contemporânea, Sociologia da Religião e Sociologia da Juventude, atuando principalmente nos seguintes temas: Juventude e Religião, Catolicismo Contemporâneo, Movimento Carismático, Teologia da Libertação

Contamos com a sua participação e apoio na divulgação deste debate.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

“Tenda das juventudes” e Santuário dos Mártires na JMJ



Conheça a programação da “Tenda das juventudes” com Santuário dos Mártires na JMJ

Espaço realizará atividades formativas, celebrações e trocas culturais com foco na vida da juventude


Com o objetivo de mobilizar os jovens presentes na Jornada Mundial da Juventude para a conscientização e luta em defesa da vida da juventude é que diversas organizações realizarão, durante o evento no Rio de Janeiro, uma atividade como espaço de debate e reflexão da realidade juvenil e políticas públicas para a juventude.
A “Tenda das Juventudes” será espaço de acolhida, formação, celebração, partilha, diálogo e convivência das mais diversas juventudes presentes na JMJ. Deseja ser uma verdadeira tenda, onde todos poderão se aproximar, aconchegar e fazer deste espaço sua morada.
A atividade terá como tema “A juventude quer viver!”. Frase que tem pautado a luta pela vida da juventude em especial no combate à violência e ao extermínio que assola a juventude brasileira. A proposta dos organizadores é que esta pauta seja fomentada para os jovens de todas as partes do mundo que estarão presentes na JMJ, mobilizando assim para o engajamento na discussão sobre a banalização da violência e na defesa da vida dos jovens.
Dentre os assuntos a serem abordados nas mesas temáticas destacam-se a juventude quer viver; justiça e transição, memória e compromisso; desafios socioambientais da humanidade e a juventude; crise econômica, direitos sociais e juventudes; tráfico de pessoas; juventudes, cultura, comunicação e direitos humanos; civilização do amor e a evangelização da juventude na América latina; e solidariedade.
Os oito painéis temáticos contarão com a participação de convidados que contribuirão com o seu olhar para o mundo juvenil. Cada mesa temática terá a duração de 1h30 a 2h, garantindo tempo para a interação dos presentes na atividade. Em breve será divulgado o nome dos convidados para cada mesa temática.
A abertura da Tenda acontecerá em dois momentos, sendo eles: celebração de abertura no dia 22 de julho, às 19h30; e mesa de abertura no dia 23 de julho, às 9h. Ambos os momentos contarão com a presença de todas as organizações promotoras além de autoridades e entidades convidadas.
Além disso, a Tenda contará com stands de exposição das organizações parceiras e um espaço para o Santuário dos mártires da caminhada. O espaço da Tenda das Juventudes estará disponível para a visitação durante toda a semana da JMJ, iniciando no dia 22 de julho, a partir das 15h30 com a acolhida dos participantes e visitação dos stands. O espaço destinado para o Santuário dos mártires da caminhada foi pensando com a proposta de resgatarmos a memória daqueles que doaram suas vidas em favor do compromisso com um mundo mais justo, pacífico e fraterno. Será local de exposição de imagens dos mártires e de celebrações.
Também estão contemplados na programação da atividade momentos destinados para a vivência do Ofício Divino da Juventude e também de atividades culturais com apresentações artísticas variadas.

Como chegar
A atividade acontecerá na Paróquia Santa Bernadete, localizada na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro/RJ. O acesso ao local poderá ser feito preferencialmente pelo Metrô e Trem. O local da tenda está localizado a cerca de 10 minutos da estação de metrô Maria da Graça (linha 2 – Verde (sentido Pavuna) e cerca de 15 minutos da estação de trem Maguinhos. Visando a facilidade de acesso, o trajeto contará com sinalização e pessoas para orientar os peregrinos.
Para confirmar presença na atividade ou ter acesso a mais informações do evento, acesse a página da Tenda no Facebook, por meio do link: http://fb.com/events/1385192211698939/.

Organização
A atividade está sendo organizada pela Pastoral da Juventude, Cáritas Brasileira, Juventude Franciscana, Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Cajueiro - Centro de Formação, Assessoria e Pesquisa em Juventude, REJU – Rede Ecumênica da Juventude, Irmandade dos Mártires da Caminhada, Setor Pastoral da PUC/RJ. Com a parceria do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; da Secretaria Nacional de Juventude do Governo Federal; e da Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude.
A iniciativa acontecerá em sintonia com a organização da JMJ, sendo uma das inúmeras atividades inscritas junto ao Comitê Organizador Local/COL e que acontecerá de maneira oficial e simultânea durante a Jornada. A Tenda está prevista no Guia do Peregrino da JMJ e respeitará a programação dos atos centrais e demais momentos significativos.
           
Serviço

Data: 22 a 26 de julho de 2013

Horário: 8h às 23h (a partir do dia 23 de julho); no dia 22 de julho o horário de funcionamento será de 15h30 às 23h. Importante verificar a programação descrita no link http://goo.gl/GpKqQ, assim como o mapa explicando como se chegar ao local.

Local: Paróquia Santa Bernadete, na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro/RJ.

Contato e informações: tendadasjuventudesjmj@gmail.com
- Thiesco Crisóstomo: 94.8117.6210 – thiesco@gmail.com
- Joaquim Alberto: 61.9214.7664 – joaquimaasilva@gmail.com
- Gabriel Jaste: 21.8337.5287 - gabrieljaste@gmail.com